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ID: 364

O Senhor - Apocalipse 5.5-13

Prédica

05/03/1972

O SENHOR 

Apocalipse 5.5-13

Juiz de Fora, 5-3-1972 

O assunto, agora, desapareceu das primeiras páginas dos jornais. Mas só agora começarão a aparecer, pouco a pouco, os resultados, as consequências concretas. Refiro-me ao reatamento Estados Unidos da América e China. Até mesmo pessoas pouco habituadas a acompanhar e compreender os acontecimentos internacionais perceberam que aconteceu algo de novo, após vinte e três anos de ofensas e ameaças. Não é aqui o lugar nem o momento para examinar esse tipo de problemas. Menciono o assunto, por dois motivos:

1º.) Essa sensação que todos Mais ou menos têm, de que os grandes e poderosos deste nosso mundo mais uma vez entraram em acordo, fizeram as pazes e se preparam para repartir o bolo. 

2º.) Diante desses acontecimentos, a gente mais uma vez se pergunta: A quem pertence o mundo? 

Nós não somos os primeiros a fazer essa pergunta. Desde a primeira até a última página da Bíblia, essa pergunta se repete. E recebe várias respostas que continuam a ser, até hoje, nossa profissão de fé. Quer dizer: a pergunta não nasceu do encontro Nixon e Mao. Todas as vezes que os homens começam a observar o que vai pelo mundo, a pergunta volta. Toda vez que alguém começa a ler sua Bíblia, a pergunta retorna. A quem pertence o mundo? Nós hoje vamos ouvir a resposta que nos dá o Apocalipse. 

O Apocalipse não é um livro fácil. Em parte, até assusta. No caso de nossa pergunta, a resposta é até bastante desafiadora.
O autor do Apocalipse nos descreve urna visão estranha. No primeiro momento parece que ele está vendo o céu, falando do céu, descrevendo o lugar onde está Deus — como se fosse a majestosa sala do trono de um rei. Logo depois, notamos que o ambiente deve ser muito amplo, até sem limites, pois ressoam as vozes de milhões e milhões de seres viventes. E por fim se ouve o louvor de todas as criaturas da terra e dos céus, e de debaixo da terra e do mar. Quer dizer: a visão coloca diante de nós todo o universo, É uma visão global, total. Não estamos vendo só um lugar, mas todos os lugares. Não estamos mais diante de uma criatura, ou várias, ou muitas, mas de todas as criaturas. É como no começo da Bíblia: céus e terra e tudo o que neles há, toda a imensa e completa criação de Deus. 

E então se levanta e pergunta: Qual é o destino de tudo isso, de todo o universo? Para onde vão esses milhões e bilhões de criaturas? A quem pertence este mundo, este universo? 

E a resposta é: Este inundo, o destino do universo, pertencem ao Cordeiro de Deus, aquele que é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a honra, a glória e o louvor. Dizendo de modo mais resumido: este mundo e o universo com todas as criaturas pertencem a Jesus Cristo. 

Neste ponto, alguém pode estar pensando: Bom, podemos dormir adiante. Não é novidade que Jesus Cristo é o Senhor do mundo. Isso já sempre foi dito na Igreja... 

Certo, mas acontece que nosso texto não está falando da Igreja ou na Igreja. Nosso texto do Apocalipse fala em todas as criaturas. Assim como a Bíblia também não começa com a história do povo de Deus — e sim, com a história da humanidade. 

Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, não é monopólio da Igreja. Pelo contrário, o título de Cordeiro, dado a Jesus, tem dois sentidos bastante tremendos:

1º.) Os sete chifres e sete olhos representam força, poder, domínio, soberania, riqueza, honra — palavras muito usadas, hoje em dia, quando se fala em economia e política. E naquele tempo (do Apocalipse) também. Quer dizer: os títulos e as honrarias concedidas a César, aos poderosos daquele tempo — são transferidos para o Cristo.

2.°) O Cordeiro é o animal morto sem oferecer resistência. O Cordeiro é o animal do sacrifício. O Cordeiro lembra sangue derramado. Quer dizer: o poder e a glória, a força e a honra não foram transferidos de mão beijada. Tudo isso custou alguma coisa. Custou sangue. 

Quando pensamos na história da humanidade, desde a antiguidade até nossos dias, notamos muito bem que é uma história escrita com sangue. E a Bíblia nos mostra que toda essa história banhada de sangue de mártires, inocentes e canalhas também esconde, também inclui, também conhece uma outra história: a história da salvação. Os homens vão matando e morrendo — e Deus vai escrevendo sua história. De vez em quando nós: não conseguimos mais entender nada. Mas Deus entende! Ne meio de toda a confusão, Deus entra no jogo, aceita o jogo — e também corre sangue: o sangue do Cordeiro. Deus mostra que, apesar de sua humanidade ser o que é, essa humanidade é, acima de tudo, a humanidade amada por Ele, criada por Ele, protegida por Ele, redimida por Ele. 

Por isso é que o cristão segura o jornal com uma mão e a Bíblia com a outra. Porque a história de Deus e a história dos homens não são duas coisas separadas e diferentes. Pelo contrário — completamente interligadas, combinadas, misturadas. Assim também nosso louvor aqui na terra não é uma coisa diferente do louvor que os céus cantam ao Cordeiro. Pelo contrário —com nossos hinos e nossa liturgia estamos em comunhão com o louvor e a glória que cantam todas as criaturas, nos céus, na terra, debaixo da terra e nos mares. Assim também nossa Ceia neste domingo não é completamente diferente do banquete celestial, no Reino de Deus. Pelo contrário — quem não pode aceitar agora, com alegria, a dádiva do Cristo, não será convidado para a grande festa. 

Com isso chegamos ao centro da mensagem do Apocalipse. Quem só sabe respeitar os grandes e poderosos do momento, quem só pode aplaudir os que estão na crista da onda, quem só teme as armas e a força bruta — ainda não sabe o que significa a confissão de fé: Jesus Crista é o Senhor. Quem só vê e respeita as coisas imediatas, aquilo que está na cara e, por isso, mete medo — ainda não conhece o primeiro mandamento no seu sentido mais profundo: Temer e amar a Deus e confiar nele sobre todas as coisas. 

O tremendo, o desafiador na mensagem do Apocalipse é que não há meio-termo, não há acordo, não há compromissos. Este nosso mundo, apesar das aparências, não é o bolo que os grandes e poderosos repartem entre si. Este nosso mundo pertence àquele um que comprou o mundo para Deus, com seu sangue. Por isso é que nós pertencemos só a Jesus Cristo. Porque ninguém ainda pagou preço mais alto. Resta saber se nós vamos aceitar outra oferta. Mas isso é a decisão de cada um. Cada um deve saber a quem vai dar glória e louvor.
Amém. 

Para falarmos aqui e agora de Breno e Mariane, não podemos omitir a perspectiva escatológica acentuada pela sua morte violenta e prematura: Eles são um apelo para que vivamos as suas perigosas memórias, isto é, a dialética da Cruz e da Ressurreição, que tão profundamente norteou suas vidas. 

(ALVARO/LU — alunos de Breno)

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Autor(a): Breno Arno Schumann
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Juiz de Fora (MG)
Testamento: Novo / Livro: Apocalipse / Capitulo: 5 / Versículo Inicial: 5 / Versículo Final: 13
Título da publicação: Ressurreição - Centro Ecumênico de Informações / Editora: Tempo e Presença Editora Ltda. / Ano: 1973 / Volume: Suplemento Número 4
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 22273

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Porque nem eu nem tu jamais poderíamos saber algo a respeito de Cristo ou crer nele e conseguir que seja nosso Senhor, se o espírito não o oferecesse e presenteasse ao coração pela pregação do Evangelho.
Martim Lutero
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