Paróquia Evangélica Luterana no Rio de Janeiro - Martin Luther

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A Oração

Em busca de uma prática na Igreja

26/07/2019

Lucas‬ ‭11:1-13‬ ‭NVI‬‬‬‬

Certo dia Jesus estava orando em determinado lugar. Tendo terminado, um dos seus discípulos lhe disse: “Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou aos discípulos dele”. Ele lhes disse: “Quando vocês orarem, digam: “Pai! Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano. Perdoa-nos os nossos pecados, pois também perdoamos a todos os que nos devem. E não nos deixes cair em tentação”. Então lhes disse: “Suponham que um de vocês tenha um amigo e que recorra a ele à meia-noite e diga: ‘Amigo, empreste-me três pães, porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para lhe oferecer’. “E o que estiver dentro responda: ‘Não me incomode. A porta já está fechada, e eu e meus filhos já estamos deitados. Não posso me levantar e dar a você o que me pede’. Eu digo: Embora ele não se levante para dar-lhe o pão por ser seu amigo, por causa da importunação se levantará e lhe dará tudo o que precisar. “Por isso digo: Peçam, e será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta. “Qual pai, do meio de vocês, se o filho pedir um peixe, em lugar disso lhe dará uma cobra? Ou, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir!”

A oração

Introdução
O médico Lucas faz um relatório cuidadoso sobre a atuação de Jesus e o endereça, juntamente com o livro dos Atos dos Apóstolos, ao seu amigo Teófilo. É inegável que o evangelista/historiador tem um grande apreço ao assunto oração. Lucas registra nove orações de Jesus (o que outros evangelistas também fazem) e mais sete orações de Jesus como material exclusivo deste Evangelho.

Temos uma estrutura muito interessante a ser observada no texto bíblico desta pregação. Faltam, nesta versão da oração dominical, duas das sete petições. Lucas traz, portanto, uma versão resumida. Coloca a oração antes da parábola amigo insuportável. E, ao mencionar que “certo dia Jesus estava orando em determinado lugar”, o autor passa a mensagem de que não faz questão de colocar este ensino encaixotado no tempo e espaço e, sim, o liberta para ser usado em contextos mais dinâmicos onde se faz necessário falar sobre ter e não ter o suficiente para viver com dignidade. 

Temos, nesta semana, como pano de fundo o fato de o primeiro mandatário deste Brasil ter dito que entre nós não há fome, não há falta de pão. Será?

Nos ensina a orar
Lucas registra uma oração do Pai Nosso um pouco menor que Mateus (6.9-13). Por que? Teria sido uma segunda ocasião em que Jesus ensina a orar? Ou a oração dominical, a exemplo dos dias de hoje, já estava desgastada a ponto de se pular algumas partes? Ou a ênfase da necessidade do pão cotidiano já era mais urgente que outras faltas? 

Ao tocar no assunto “falta de pão”, estaria Lucas pensando nas situações que acarretam a falta de pão? A falta do básico aparece associada ao pecado que precisa ser perdoado, sem que a pessoa caia na tentação de continuar agindo em pecado. A tentação é a parte atrativa do pecado, fazendo com que a pessoa se torne injusta e encantada com a injustiça ao mesmo tempo.

Jesus ensina a orar. Não ensina a oração “pedra no sapato”, que é usada só quando as coisas ficam apertadas. Não ensina a oração “SOS”, usada em casos de emergência. Não ensina a oração “retributiva”, tentando um toma-lá-dá-cá com Deus. Não ensina a oração “espetada”, querendo atingir a outra pessoa com um ensinamento moral. Não ensina a oração “litúrgica”, aquela impostada e lida (ou decorada) que se pronuncia pro forma. Quando ensina a orar, Jesus segue com um exemplo prático do cotidiano. Mostra que a oração é consequência daquilo que vivenciamos e, por sua vez, traz consequências para dentro da sociedade em que vivemos.

Orações se tornam audíveis
Quando se tornam clamores, as orações passam do ambiente reservado para o público. E foi publicamente que Jesus ensinou a orar, para que todas as pessoas pudessem ouvir.

I.

Me dá pão, diz a criança.
A mãe não o tem para dar.
Toma aqui água e um folha de jornal.
Faz uma bola e vai mastigando.
Assim os dentes ficam ocupados.
É difícil e demorado mastigar uma bola de jornal com água.
O estômago também fica ocupado.
A fome recua por um tempo em uma favela de Porto Alegre.

II.

Senhoras e senhores!
Há muitos anos clamamos para que as nações do hemisfério sul se unam aos Mercados Comuns do norte. Nós podemos financiar isto com muito dinheiro. Vamos receber muitos juros com isto e assim, imaginamos, que todos sairão ganhando.
Preços mais justos serão praticados para a soja, o minério de ferro, o cacau, para as carnes e para as bananas. Ah, agora também para os derivados de leite podem entrar na lista.
Nós ganhamos com isto um preço mais justo e vocês aprendem a negociar melhor. Ganham também uma nova posição no ranking mundial: quarto, quinto, sexto mundo, ou ad finitum.

III.

Assim rezam os cínicos e indiferentes:
Ações de diaconia são como gota d’água sobre a pedra quente.
Mas a pedra vive e reage.
A pedra são as pessoas, muitas, milhares, milhões de rostos criados à imagem e semelhança de Deus.
Cada gota conta.
Algumas pessoas são fortalecidas,
outras simplesmente sobrevivem mais um dia.
Gritam, continuam gritando por pão enquanto nações retomam a corrida armamentista enquanto pessoas se armam.

IV.

Brinca comigo, pede a criança.
Não tenho tempo, responde o pai.
“O que não tenho, não posso dar”.
Mas ele dá à criança dinheiro e brinquedos.
Nada lhe é muito caro, a não ser o tempo e a criança.

Orações são mandamentos
De uma forma um pouco diferente, orações acabam sendo mandamentos. Têm o mesmo peso. As orações são convites para fazer exatamente aquilo quer os mandamentos ordenam que façamos. Orações são mandamentos. Transformam Deus e as pessoas orantes em ouvintes e agentes daquilo que é necessário ser feito aqui na Terra.

Orações não ouvidas (até porque não foram feitas!) precisam abrir entre nós novas dimensões. Por que não oramos? Por que não são atendidas? É pelo fato de não querermos nos comprometer? Ao orarmos, abrimos novas dimensões sobre como pensar e como agir. Na oração entra em ação a nossa ação. Por isso, orar compromete. Sim, orações são mandamentos.

Impotência, sofrimento, perigos e medos também nos ensinam a orar. Estas situações limítrofes da vida nos ensinam que a oração é também uma espécie de rebeldia. Nos rebelamos contra as situações criadas pelo ser humano que levam à impotência, sofrimento, perigos e medos. É isto que nos ensina Jesus ao falar do pai que não daria cobras e escorpiões ao seu filho que pede. Aprender a orar a partir de um exercício de sensibilidade para com o próximo é realmente aprender a orar. A pessoa que ora, se sensibiliza com aquela outra que está impotente, e a falta de esperança se torna compaixão e amor mútuo. Assim Jesus nos ajuda a vencer medos e perigos.

Oração e a ação do Espírito Santo
O texto finaliza afirmando que o Pai Celeste dará generosamente o Espírito Santo a quem pede. Isso é dito para comprovar a generosidade abnegada de Deus. Orar pelo Espírito Santo é comprometedor. O que o Espírito de Deus pode querer da pessoa que por ele pede? O Espírito Santo tem o poder de entrar e se instalar (como vento!) transformando completamente situações antes impossíveis de serem imaginadas. Quando uma igreja ora no Espírito, e reconhece que foi chamada por Deus para fazer a diferença, entenderá que as forças estranhas que impedem a justiça de Deus recuam e se transformam em oportunidades de novos tempos, com fartura de pão e dignidade social.

Fartura de pão e dignidade social podem até ser projetos políticos. E estes são necessários. Porém, nada acontece se de dentro não houver a mudança na humanidade. Mudanás são resultados da ação transformadora do Espírito Santo. É assim que Jesus o ensina. E a ação do Espírito move (deve mover!) agremiações, entidades, partidos politicos e governos a agir nesta responsabilidade.

Conclusão
Acredito ser saudável permitir que o Espírito Santo nos deixe extremamente inquietos em nossas orações. Que nos traga uma inquietação para o bem, para o bom. Que não nos deixe sucumbir pensando que não temos chances ou oportunidades. Que nossa vida não durma eternamente em berço esplêndido, mesmo que aqui tenhamos o som do mar e o azul do céu profundo sempre tentando nos desviar daquilo para o que Deus nos chama.

Você acredita no poder da oração e ora por uma Igreja e sociedade diferente?

Amém!
 


Autor(a): Pr. Rolf Rieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Martin Luther (Centro-RJ)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 11 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 13
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 52685

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