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O TRABALHADOR E O TRABALHO

Uma reflexão neste DIA DO TRABALHO

01/05/2020

O TRABALHADOR E O TRABALHO

Refletir e escrever algo sobre o DIA DO TRABALHO com o planeta Terra em suspenso, é um exercício inusitado. Em outras épocas o 1º de Maio era largamente festejado em empresas, sindicatos e centrais de trabalhadores. Hoje, no ano pandêmico de 2020, no máximo acontecem algumas festinhas virtuais, como quem diz, para não perder a referência da importância da data.

Já tentei compreender o por quê desta data ser destinada ao “trabalho e não ao “trabalhador”. Do pouco que entendi é que esta forma de referência está baseada mais em ideologias do que no teor central do assunto propriamente dito. Mas, fato é, que um não existe sem o outro.

São longos os anos, a custo de vidas, que a humanidade procura um caminho sensato de respeito entre quem oferece trabalho e o que o trabalhador realiza. Estão em jogo os ganhos financeiros e a dignidade de vida que cada parte almeja. Isso faz ter a percepção de que trabalho não é uma mera atividade para passar o tempo e auferir algum ganho. Trabalho se personifica, por fim, em grandes sistemas de acúmulo de capital que o trabalhador acaba tendo que sustentar para dele depender.

O desarranjo mundial provocou a correria por manutenção de emprego. Trabalho e trabalhador vivem uma crise de relacionamento sem precedentes e, no caso específico do Brasil, de proporções preocupantes. Quando se descobre pelo menos 46 milhões de brasileiros estavam até então invisíveis na massa, e certamente fora de qualquer programa de emprego e sustentabilidade básica, se desesperam — com razão — atrás de um auxílio emergencial. Isto finalmente desnuda aquilo que já se via há muito tempo nas ruas da cidade: muita gente não tem trabalho e já não sabe mais como ser um trabalhador. Eis aí o Brasil mostrando a sua cara, de verdade.

Não estamos aqui para conjecturar este problema do ponto de vista sociológico, ou antropológico ou mesmo político. Evidentemente estas análises são importantes, até muito necessárias nesses dias críticos. No entanto gostaria de refletir algo na área bíblica cristã.

Vários textos bíblicos fazem alusão à relação entre o trabalhador e o trabalho a ser realizado. Tomo apenas algumas referências do livro de Provérbios. Falam, por exemplo, da necessidade da pró-atividade para que a dignidade de vida seja fruto de ação para si e para sua família. Já “o preguiçoso vira de um lado para outro na cama. Ele é como uma porta que gira nas dobradiças, mas, de fato, não sai do lugar. (Provérbios 26.14 NTLH) Por mais que o preguiçoso deseje alguma coisa, ele não conseguirá, mas a pessoa esforçada consegue o que deseja”. (Provérbios 13.4 NTLH) Trabalhar, portanto, traz liberdade e dignidade. Quem cultiva a sua terra tem comida com fartura, mas quem gasta o tempo com coisas sem importância sempre será pobre”. (Provérbios 28.19 NTLH)

Evidentemente nem todas as pessoas têm igual competência ou possibilidade para realizar trabalhos que frutifiquem para a dignidade de vida. E aqui entra o outro lado da questão, o lado de quem pode dar trabalho e ser sensível às incapacidades de algumas pessoas que gostariam ser boas trabalhadoras. Entra o mandamento da generosidade: Quem é generoso progride na vida; quem ajuda será ajudado”. (Provérbios 11.25 NTLH) Portanto, trabalho e trabalhador devem viver uma simbiose saudável onde a ganância e o consumismo, onde a pobreza e o lucro injusto continuem um diálogo produtivo e solidário.

Jesus preconizou alguns exemplos a respeito. Falando em parábolas, estes exemplos hipotéticos que envolvem situações reais da vida, colocou um duas delas situações antagônicas, mas complementares. Na história imaginária dos “talentos”, antiga moeda grega, o proprietário deu a cada um de seus servos algum dinheiro, de acordo com a capacidade pessoal de gerenciar. Não sobrecarregou quem não tinha tantas capacidades e colocou mais nas mãos de quem poderia assumir maior responsabilidade. Você pode ler esta parábola em Mateus 25.14-30. Ela está dentro do discurso apocalíptico de Jesus, ou seja, está falando dos acertos finais. Vale a pena dar uma atenção à forma como cada pessoas reagiu na hora do acerto e como foi a atitude do tomador de trabalho. Sim, é uma história interessante para ser analisada no contexto de trabalho e produtividade responsável neste tempo apocalíptico que também nós vivemos.

Responsabilidades são dadas por quem é capaz de dar trabalho e responsabilidades são aceitas por quem necessita trabalhar para suprir as necessidades e conferir dignidade de vida. Portanto, os conceitos bíblicos em geral não favorecem uma letargia pessoal, e sim a ação responsável. No entanto, como já me referi acima, nem todas as pessoas conseguem igual desempenho diante de desafios de trabalho. No ensino de Jesus de Matreus 20, ele faz alusão às pessoas que conseguiram trabalhar mais e às que só puderam trabalhar um pouco. Haviam sido contratadas em cinco momentos distintos no decurso daquele dia para fazer uma colheita de uvas e, enquanto algumas trabalham praticamente doze horas, outras apenas uma. Importante ressaltar neste episódio que todas as pessoas receberam o contratado: uma moeda de prata ao dia. Esse era o valor digno para a sobrevivência de uma família naquela época. Nem mais e nem menos. Ponto para o empregador!

Todas estas situações descritas nesses poucos texto bíblicos certamente podem, e devem, levantar muitas discussões. Mas elas estão aí para exemplificar e, por que não, dar um norte às novas relações entre trabalho e trabalhador que estão por vir. Ninguém de nós sabe nem quando, nem como, mas é certo que a dignidade de vida precisa ser preservada. Por ela se deve lutar.

O amor de Jesus Cristo, reconhecido como Senhor e Salvador, deve ser preservado e exaltado de forma responsável. Como em nossos dias está tudo em suspenso, seria oportuno começar a refletir e a agir de acordo com a proposta do Reino dos Céus também nas relações de trabalho. No Sermão do Monte — Mateus 5 a 7 — este tema é recorrente e se afunila na perspectiva da justiça. Não é acaso, e nem uma tentativa de minimizar a urgência das coisas,  ouvir Jesus dizer: “Portanto, ponham em primeiro lugar em sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas [as necessárias para a vida]. Por isso não fiquem preocupados com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã trará as suas próprias preocupações. Para cada dia bastam aas suas próprias dificuldades”. Esta é a nova (antiga!) estratégia para uma vida digna e soberana.

Trabalho e trabalhador unem as mãos a aprender a agir de forma solidária e profícua para ambos os lados da mesa. Tanto o trabalhador quanto o “trabalho são agentes de transformação a partir da fé em Jesus Cristo. Por isso vai aí o reconhecimento do TRABALHADOR. Vai também o reconhecimento a quem pode oferecer TRABALHO. Que diante do Reino dos Céus, sejamos bons entes de esperança de vida plena e digna.

Parabéns trabalhador. Viva este dia! 


Autor(a): Pr. Rolf Rieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Martin Luther (Centro-RJ)
Natureza do Texto: Artigo
ID: 56362

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