Como bons administradores da multiforme graça de Deus

Estudo

30/04/2006

Duas regras de ouro que norteiam a ação diaconal, que se inspira em Jesus Cristo, encontram-se no Novo Testamento: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. E amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.37-38). “Façam aos outros o que querem que outros façam a vocês” (Lucas 6. 31)

A ação diaconal e o serviço social cristãos tem sua origem no exemplo e na compaixão de Jesus. A tarefa da Igreja é seguir Jesus em palavra e ação. Assim, o mundo inteiro criado e amado por Deus, e não somente a Igreja e os seus membros e estruturas, são ponto de partida e espaço para a ação diaconal.

Como cristãos e cristãs, trabalhando na área de serviço social e na promoção de desenvolvimento sustentável, reconhecemos que em última análise prestamos contas a Deus sobre a maneira como respondemos a necessidades humanas. E, ao mesmo tempo, também prestamos contas uns aos outros e a quem procuramos servir. O chamado do Evangelho nos desafia a servirmos a todas as pessoas em necessidade, independente de sua religião, raça, convicção, partido político, nacionalidade, idade ou gênero. (Gálatas 3.28)

A fé cristã requer que façamos uma abordagem mais ampla quando se trata de atender às necessidades dos que sofrem. É absolutamente necessário que nos inteiremos das causas do sofrimento para planejarmos, implementarmos e avaliarmos nossas ações diaconais. Assim estaremos sendo bons administradores da multiforme graça de Deus.

E quando se trata de ir ao encontro dos que sofrem, buscamos fazê-lo de maneira ecumênica, juntando forças com outras denominações e expressões cristãs e mesmo não-cristãs e com organismos governamentais e não governamentais locais, estaduais e federais.

É imperativo respeitar cada pessoa em sua dignidade que lhe foi conferida por Deus. Significa, pois, que a ação de serviço e a promoção de desenvolvimento sustentável são sempre planejados, implementados e avaliados com as pessoas e suas comunidades (em vez de para as pessoas e as comunidades).

A Igreja antiga tinha um código de conduta para os que atuavam no trabalho social: tinham que ser pessoas honestas, de boa reputação, cheias de Espírito e de sabedoria (Atos 6.3).

A abordagem interdisciplinar na ação diaconal é uma maneira significativa e poderosa de levar em conta todos os dons que Deus concedeu às pessoas e às comunidades (I Coríntios 12).

Ajuda a estabilizar um profissionalismo e tecnicismo unilateral muitas vezes visto como resposta a todos os problemas.

Distribuição de renda - Com 53.9 milhões de pobres, equivalente a 31,7% da população, o Brasil aparece em penúltimo lugar entre 130 países na lista de distribuição de renda. Perde somente para Serra Leoa, na África. (Documento do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, 2005).

Para combater a concentração de renda e a pobreza, segundo o IPEA, é necessário acelerar a reforma agrária, a ampliação da previdência e programas de transferência de renda, a exemplo do Bolsa Família. Crescimento econômico, por si só, não basta: a redução da pobreza e da desigualdade depende do modelo de desenvolvimento, que não deve ser concentrador de renda e socialmente excludente.

Princípios e Códigos de Organismos Internacionais de Ajuda Humanitária

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) propõe uma abordagem baseada em direitos humanos econômicos, sociais, culturais e ambientais (DHESCA) na promoção do desenvolvimento sustentável, que inclui princípios de

*igualdade e eqüidade

*prestação de contas

*empoderamento de pessoas e comunidades

*participação

*não-discriminação e atenção a grupos vulneráveis

A Cruz Vermelha Internacional e o Movimento do Crescente Vermelho formularam o seguinte código de conduta para organizações atuando em ajuda humanitária em situações de catástrofes naturais, guerras ou migrações forçadas:

1 - O imperativo humanitário é absolutamente prioritário.

2 - A ajuda deve ser dada independente de raça, credo ou nacionalidade dos receptores e sem qualquer restrição. A necessidade é o único e exclusivo parâmetro para a ajuda humanitária.

3 – A ajuda jamais será usada para apoiar determinado partido político ou expressão religiosa.

4 – Devemos evitar que nossas ações reflitam as políticas governamentais externas de determinados governos.

5 – Devemos respeitar culturas e costumes locais.

6 – Devemos tentar desenvolver ações de respostas a emergências com base em capacidades locais.

7 – Deve-se sempre achar possibilidades de envolver os beneficiários de programas de emergência, reconstrução e desenvolvimento no gerenciamento e administração da ajuda externa.

8 – Toda ajuda deve ter como objetivo reduzir vulnerabilidades futuras a desastres e, ao mesmo tempo, satisfazer necessidades básicas.

9 – Devemos prestar contas a todos: transparência com os grupos e comunidades a quem queremos ajudar e com os que apóiam o trabalho financeiramente.

Pastor Silvio Schneider
Fundação Luterana de Diaconia
 


Autor(a): Silvio Schneider
Âmbito: IECLB
Natureza do Texto: Estudo/Pesquisa
ID: 13658
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