Diaconia na Missão da Igreja - relato de uma experiência

Estudo

06/04/2008

A missão da igreja é a expressão fiel de sua vocação, o que significa testemunhar sobre e participar do reinado de Deus.

A diaconia é um serviço incondicional praticado pelos membros da Igreja visando à promoção da vida e que faz parte da grande missão que nos foi confiada por Deus. Ao servir gratuitamente, estamos imitando Cristo que serviu a todos e todas nós com sua própria vida. Estas duas frases, ditas pelo pastor em sua pregação durante o culto dominical, chamaram muito a atenção de Diva.

O pastor era um entusiasta do trabalho diaconal e sempre buscava motivar a comunidade para a ação em favor dos menos favorecidos. Depois do culto, algumas pessoas ficaram conversando com o pastor em frente à Igreja e Diva lhe disse que aquele culto havia sido muito especial. As palavras que ouviu reascenderam nela um antigo desejo de trabalhar em favor de pessoas necessitadas. Diante de tal reação, o pastor propôs uma reunião com pessoas interessadas neste mesmo tema e incentivou Diva e outros membros a convidar outras pessoas. A reunião foi marcada para a semana seguinte e algumas pessoas aceitaram o desafio. Depois de um momento de oração e leitura bíblica, o pastor falou sobre o significado do trabalho diaconal e de várias possibilidades que a comunidade tem de exercitá-lo. Diva encurtou a conversa e sugeriu uma discussão sobre passos concretos que o grupo poderia empreender. Uma primeira ação sugerida foi a de entrar em contato com as pessoas carentes que residiam numa invasão próxima da comunidade. Depois tratariam de organizar as ações.

No contato que o grupo fez, perceberam uma série de problemas e carências, alguns bem fáceis de solucionar. A proposta foi de realizar, emergencialmente, uma arrecadação de alimentos na comunidade para suprir a carência de algumas pessoas.Uma senhora, naquele mês, completaria 65 anos e pediu que ninguém trouxesse presentes e sim alimentos não perecíveis que iriam para a campanha que atenderia às necessidades das pessoas identificadas nas visitas realizadas regularmente. Outra ação planejada foi a de ajudar as crianças nos estudos, concedendo-lhes uma alternativa para o preenchimento do tempo ocioso e para as mães foram planejados cursos e programadas reuniões onde poderiam compartilhar suas experiências de vida. O grupo, liderado por Diva, sugeriu a realização de tais encontros nas dependências da comunidade que ficavam fechadas quase toda a semana.

Para iniciar esta atividade tiveram de solicitar o espaço numa reunião do presbitério. Ao ouvir a proposta, alguns integrantes do presbitério manifestaram suas preocupações com as dependências, reformadas recentemente. Um presbítero perguntou ao pastor se não era mais importante desenvolver atividades com as crianças e jovens da comunidade. No final aprovaram a solicitação, mas pediram que o grupo sempre os mantivessem informados e que uma pessoa da comunidade assumisse a responsabilidade pela atividade.

Os encontros eram momentos muito enriquecedores e de grande comunhão. Os integrantes da comunidade passaram a compreender melhor as pessoas pobres do bairro, das quais tinham uma visão equivocada e preconceituosa. Passaram, igualmente, a participar e atuar mais ativamente dentro da comunidade. As pessoas do bairro sentiam-se bem com a solidariedade manifestada pelo grupo de voluntários e passaram a ver a comunidade de outra maneira. Nas reuniões podiam partilhar, ouvir conselhos e palavras de alento e planejar novas ações. Algumas passaram a participar também dos encontros dominicais e o grupo de jovens foi convidado a cantar e apresentar teatro algumas vezes na comunidade. No entanto, havia um pequeno grupo que vinha esporadicamente nas atividades ou para receber a doação de alimentos. Percebia-se neles certa reserva em participar das atividades da comunidade que tinha um jeito um pouco diferente do seu.

Com o passar do tempo, o grupo percebeu que poderia fazer ainda mais pelo bairro e ter uma ação mais incisiva junto ao poder público. Os recursos para as ações desenvolvidas até então advinham sempre de pequenas promoções que eram feitas na comunidade e de doações de pessoas solidárias. Alguns de seus projetos receberam apoio da Igreja ou de
entidades (ONGs). Perceberam a necessidade de criar uma Associação para dar suporte as suas ações e também para acessar recursos públicos ou de empresas privadas. Dois jovens e três mulheres participaram de uma oficina que ensinava como planejar ações comunitárias e elaborar projetos. Para criar a Associação, pediram ajuda de uma advogada da comunidade que lhes orientou no processo de criação e legalização da mesma.

Como as atividades já vinham acontecendo nas dependências da Comunidade, o grupo definiu aquele espaço como sede de sua associação. Isso era algo muito natural para todos/as, mas na reunião do presbitério onde a questão foi abordada houve uma grande discussão. Para alguns membros, o espaço não deveria ser cedido e muitos motivos foram apresentados para justificar esta negação, dentre eles o de que a comunidade deveria se preocupar com a espiritualidade e deixar de fazer um trabalho que é de responsabilidade das instituições públicas. Além disso, as pessoas atendidas não eram membros e os resultados eram pequenos em relação ao que se havia investido até então. Diva e o pastor tentaram contra-argumentar, mas não conseguiram mudar a opinião da maioria.

A ação passou a ser desenvolvida em outras dependências e os colaborando com a Associação que cresceu e segue seu trabalho de promoção de dignidade e desenvolvimento humanos. O aprendizado que ficou desta experiência foi o de que a missão se desenvolve também em meio a adversidades e segue por diferentes caminhos.

 

Sugestão de Atividade:


Propomos a técnica denominada GVGO (Grupo Verbalizador e Grupo Observador).

O Coordenador convida uma pessoa para ler o texto para todo o grupo.

A seguir divide o grupo e dois grupos menores.

Formam-se duas rodas (conforme desenho) - uma interna (GV) e outra externa (GO). O grupo interno (GV) conversa sobre as perguntas abaixo. O grupo observador (GO) apenas acompanha o debate e anota seus comentários.

Depois de encerrado o debate do primeiro grupo ambos trocam de lugar. Neste momento o grupo GO que estava apenas ouvindo faz seus comentários sobre o texto e sobre o que ouviu do outro grupo, aprofundando o debate.

Depois de concluído o debate reunir novamente os dois grupos.

Ao final o coordenador deixa um momento para as pessoas fazerem comentários sobre a experiência o as colocações feitas por ambos os grupos.

Questões:

1. Quais são as lições que este texto deixa sobre a relação entre trabalho diaconal e edificação de comunidade?
2. Como a sua comunidade vê a relação entre missão e o trabalho diaconal?
3. Reflita no grupo a seguinte frase: Reconhecemos, entendemos e cremos que a missão é de Deus. Então, o crescimento da igreja, como consequência da missão, é obra divina. Eu plantei, Apolo regou: mas o crescimento veio de Deus. (1 Co 3.6).

Pastor Armindo Klumb - Salvador/BA
 


Autor(a): Armindo Klumb
Âmbito: IECLB
Natureza do Texto: Estudo/Pesquisa
ID: 13666
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A vida cristã não consiste em sermos piedosos, mas em nos tornarmos piedosos. Não em sermos saudáveis, mas em sermos curados. Não importa o ser, mas o tornar-se. A vida cristã não é descanso, mas um constante exercitar-se.
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