Nosso país não possui uma tradição forte na educação formal. Após o início da colonização do Brasil, os colonizadores fundaram escolas confessionais católicas de educação básica. Por longo tempo estas escolas eram praticamente as únicas. Já no século XIX surgiram mais escolas públicas e também as confessionais evangélicas no sul do Brasil. Na segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX foram fundadas instituições confessionais de outras denominações evangélicas. Foi no século passado que a educação pública se expandiu de forma muito forte em todo país. Após 1950 começaram a surgir as primeiras escolas particulares, ou seja, escolas de propriedade de pessoas físicas. Hoje no Brasil possuímos três tipos de escolas de educação básica e ensino superior: as escolas públicas (municipais, estaduais e federais), as escolas comunitárias (confessionais ou não e filantrópicas ou não) e as escolas particulares.
Este é o contexto em que nos encontramos hoje. Certamente nosso país evoluiu muito na área da educação, principalmente nos últimos 100 anos. Uma das principais conquistas da última década é a universalização de acesso à escola. Hoje praticamente todas as crianças em idade escolar estão na escola. Esta meta outros países atingiram muito antes do Brasil.
Garantida a acessibilidade para todas as crianças, inicia-se o desafio da qualidade da educação nas escolas. As escolas particulares e comunitárias já trabalham com esta meta há vários anos. Ela foi colocada como prioridade, pois somente uma escola com qualidade de proposta pedagógica garante a permanência do aluno e sua família na mesma.
Nos últimos anos observamos que as famílias estão dando maior importância para a formação da criança e do jovem na escola. As famílias constataram que cada ano de escolaridade a mais que o filho tiver, significa possibilidade maior de empregabilidade e sucesso profissional. Por isso, elas têm se envolvido mais com a escola e com o acompanhamento do estudante. Também o aluno constatou que precisa de um período maior de educação formal para obter melhores oportunidades de trabalho.
Outra conquista significativa nas escolas brasileiras é a melhoria do processo de gestão. A escola sabe que a sua liderança faz muita diferença. Por isso, tanto escolas públicas, públicas não eanos de idade. Além disso, os jovens de 15 a 17 anos devem obrigatoriamente frequentar o Ensino Médio também a partir de 2016. Desta forma, o aluno estará na escola, no mínimo, durante 14 anos.
A educação profissional nunca foi muito valorizada em nosso país. Parece ser uma questão cultural. Por isso, sempre tive- mos um número muito baixo de formandos neste nível de Ensino. Nos últimos anos este cenário mudou. Um número cada vez maior de jovens e adul- tos está concluindo esta etapa da edu- cação formal.
Apesar das conquistas descritas acima, ainda temos muito a melhorar na área da educação em nosso país. Um grande problema que enfrentamos e não está solucionado é o elevado índice de analfabetismo. O Brasil é um dos países que apresenta maior percentual de analfabe- tos entre sua população adulta.
Por um lado elogiamos que finalmente temos uma legislação que obriga a criança e o jovem a estar na escola até aos 17 anos. Por outro lado, temos um excesso de legislação na área da educação. Há muitas leis, decretos, resoluções, diretrizes, etc. Há tantas leis que acabam engessando a escola. Deveríamos ter leis mais genéricas e efetivamente aplicáveis. Outra dificuldade nesta área é que não possuímos um Plano Nacional de Educação em vigor. Ele já deveria ter sido aprovado em 2010 para valer de 2011 a 2020. Porém até o momento não foi aprovado.
Anualmente o percentual do PIB brasileiro que é investido em educação está crescendo. Contudo, comparado com o percentual que outros países investem,
statais (comunitárias) e particulares têm investido fortemente na formação de seus gestores.
Hoje no Brasil a criança é obrigada por lei a frequentar o Ensino Fundamental, ou seja, 1º ao 9º ano. Em 2016 nossas crianças devem obrigatoriamente iniciar sua caminhada escolar aos quatro ele é baixo. Nosso problema vai além do percentual. Reside especialmente na for- ma em que ele é investido.
A atividade profissional “professor” perdeu muito de seu prestígio social. E a remuneração tem diminuído a cada ano. Verificamos que os cursos de licenciatura das faculdades (cursos de formação de professores) estão sendo cada vez menos procurados. Já registramos falta de professores em algumas áreas do conhecimento. Este problema se agravará ainda mais.
O nível de aprendizagem dos alunos no Brasil de forma geral ainda é baixo. Isto as diferentes avaliações aplicadas em grande escala mostram. Precisamos focar todas as atenções ao processo de aprendizagem em sala de aula. Também em avaliações internacionais, infelizmente, figuramos nos últimos lugares.
Na última década cresceu muito o índice de brasileiros que concluíram um curso superior. Todavia o percentual com formação em nível superior ainda é baixo se comparado com outros países da América do Sul. Precisamos elevar o percentual da população que ingressa na faculdade e conclui uma graduação.
A educação formal no Brasil teve um grande avanço nos últimos anos. Resultados nesta área são perceptíveis e reconhecidos no Brasil e no exterior. No entanto, ainda há enormes desafios a serem superados. Eles precisam ser vencidos para que nosso país possa ser considerado uma nação que possui educação formal de qualidade, tanto em nível de Educação Básica como Superior, para seus cidadãos.
O autor é Diretor Executivo da ISAEC - Rede Sinodal de Educação e reside em São Leopoldo/RS
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