Fé, Gratidão e Compromisso


ID: 2756

Cuida, Senhor!

20/03/2022

 

Quando era adolescente, eu ajudava a contar a oferta nos cultos. O pastor anunciava o destino. Na saída, o povo colocava a oferta em duas caixinhas de madeira. Eu e o Willi recolhíamos as notas, organizando, contando e registrando o valor junto com o número de pessoas presentes. Mesmo sendo um piá, tudo era bem anotado e assinado.

Como pastor, nas comunidades onde cruzei, vi costumes diferentes, aprendi e pude introduzir algumas melhorias. Por exemplo, aqui havia sacolinhas. Depois, com a pandemia, voltamos à cestinha na porta, a qual agora está no altar junto ao álcool. As ofertas seguem o destino indicado pela igreja. Mas, também os “envelopes de dízimo” (novidade) mantém a comunidade local. Além do que, há a possibilidade de investir no ministério infantil.

A adoção dos envelopes permitiu um grande avanço na compreensão da contribuição, que outrora era fixa e obrigatória. Quando não estava em dia, ela inibia os direitos do membro. Hoje, os envelopes indicam, tanto a gratidão a Deus, como o comprometimento com a missão da comunidade. De preferência, sugere-se que as pessoas apresentem, em culto, diante do altar, sua oferta e contribuição. É uma entrega.

Quem sabe surja no teu coração a pergunta: Afinal, por que ou para que ofertar e contribuir? De maneira solidária, com nossos recursos, investimos em propostas missionárias da igreja. Um pouco daqui, outro pouco dali... Assim, os projetos ganham fôlego e seguem adiante. Por outro lado, os dízimos e ofertas são sempre uma expressão de gratidão. Deus me dá, por isso posso ajudar. Por último, também é uma confissão de fé, onde afirmo que não é dinheiro que me controla. Com Deus, eu o domino. Infelizmente, desde a antiguidade, guerras e brigas nascem da ganância em ter mais do que os outros. Na oferta, aprendo a me controlar e também a servir.

Sobre o ato de doar, o evangelista Marcos compartilha a seguinte cena na vida de Jesus...

JESUS ESTAVA NO PÁTIO DO TEMPLO, ASSENTADO PRÓXIMO À CAIXA DAS OFERTAS. ELE OBSERVAVA AS PESSOAS. OS RICOS DAVAM MUITO DINHEIRO. ENTÃO, CHEGOU UMA VIÚVA POBRE E PÔS NA CAIXA DUAS MOEDINHAS DE POUCO VALOR. AÍ JESUS CHAMOU OS DISCÍPULOS PARA A LIÇÃO. EIS A VERDADE: A VIÚVA POBRE DEU MAIS DO QUE TODOS OS DEMAIS JUNTOS. ELES DERAM DO QUE ESTAVA SOBRANDO. PORÉM, ELA QUE É POBREZINHA DEU TUDO O QUE TINHA PARA VIVER (MARCOS 12.41-44).

A própria atitude de Jesus já é uma boa dica. Ele “assentou” na entrada do templo para “observar” a circulação e as atitudes das pessoas. Não queria fazer crítica ou fofoca, apenas compreender e aprender. É necessário, vez por outra, que a gente pare no meio do agito para dar um tempo, observar e tirar lições. Para isso, existem férias, fins de semana e momentos de culto. Sim, o próprio culto é uma parada para entender a vida e traçar metas à nova semana.

Acredito que a primeira observação de Jesus diz respeito à presença pessoal na igreja ou no culto em si, somente depois há uma reflexão sobre a atitude da oferta. Afinal, o que Jesus veria hoje assentando-se à porta da nossa igreja ou na entrada de nossa cidade? Veria um pessoal apegado à religião ou desleixado? Veria pessoas apenas cumprindo os ritos religiosos ou de fato procurando a presença e a orientação de Deus? Com respeito à oferta, quais seriam as observações do Mestre?

Em Jerusalém, ele vê muita gente poderosa achegando-se. Será que ofertavam por obrigação ou para chamar a atenção sobre si? Com certeza, a maioria ofertava de coração. Aos olhos humanos, não há como distinguir ou julgar. Certo é que aos olhos de Cristo havia clareza de intenção. Também, Jesus não queria desmerecer ninguém, muito menos a oferta das pessoas. Tudo o foi doado seria usado para a manutenção do templo. Nada seria desprezado. Da mesma forma, hoje quaisquer recursos ofertados, sejam em envelopes, na cestinha ou em arrecadações diversas ajudam a manter a casa de Deus.

Jesus observa a movimentação em silêncio. Ele somente chama a atenção dos discípulos após a oferta da viúva pobre. Por que agiu assim? O que se destacou? Sou franco em dizer que, normalmente, me chama atenção quando alguém oferta um valor mais expressivo. Mas, o Mestre não destacou as notas graúdas. Pelo contrário, apontou às duas moedinhas colocadas na caixa. Vamos entender a razão disso...

Hoje, todo idoso tem uma renda, por menor que seja. Muitas viúvas recebem aposentadoria e ainda a pensão do falecido. É renda dupla. Naquela época não havia nada disso. Quem sustentava a casa era o homem. O idoso era mantido pelos filhos. Uma mulher sem marido e filhos ou com crianças pequenas ficava à mercê. Não tinha sustento. Então, ao entregar as moedinhas, aquela viúva deixou sua vida nas mãos do Senhor. É uma declaração de confiança plena e total.

Percebam que Jesus não nega as demais ofertas. Mas, eles deram aquilo que tinham em sobra. Não lhes faria falta. Quem sabe poderia ser uma oferta até de todo coração. Mas, a atitude da viúva foi de entrega completa. Ela sequer sabia se teria almoço naquele dia. É uma atitude corajosa de quem sabe ou, ao menos, já experimentou que Deus supre. Ele não deixa faltar nada àqueles que o amam.

A partir deste relato, muitos estudiosos já questionam a prática original do dízimo. A lei dizia que o crente precisava entregar 10% de sua arrecadação ao Senhor. Tal orientação ainda é válida. Ela era e é um exercício de controle sobre o dinheiro e bens. É um testemunho do reconhecimento de que aquilo que tenho ou sou vem do Senhor. Mas, Jesus dá um pulo adiante ao desafiar seus discípulos a confiar plenamente no cuidado do Senhor. Eu sei que pode me faltar, mas mesmo assim estendo a minha mão a quem tem necessidade ou trago minha oferta na igreja. É o amor em forma de sacrifício. Pessoalmente, entendo a lição da viúva como um “puxão de orelha”. Às vezes, me falta um mínimo ou aperta um pouco o laço e já começo a reclamar. Infelizmente, assim demonstro pura falta de confiança no cuidado de Deus. De novo, para crescer, preciso voltar os meus olhos à “viúva pobre”.

Por fim, que fique bem claro a atitude do próprio Cristo, que é a essência do Evangelho. Apontando ao Salvador, Paulo lembra à Comunidade de Corinto: “Ele era rico e se fez pobre por amor. Na sua pobreza, somos enriquecidos” (2ª Coríntios 8.9). Sempre de novo, precisamos voltar ao exemplo maior dado por Cristo na cruz: Entrega total! É quaresma. Amém!

Quando era adolescente, eu ajudava a contar a oferta nos cultos. O pastor anunciava o destino. Na saída, o povo colocava a oferta em duas caixinhas de madeira. Eu e o Willi recolhíamos as notas, organizando, contando e registrando o valor junto com o número de pessoas presentes. Mesmo sendo um piá, tudo era bem anotado e assinado.

Como pastor, nas comunidades onde cruzei, vi costumes diferentes, aprendi e pude introduzir algumas melhorias. Por exemplo, aqui havia sacolinhas. Depois, com a pandemia, voltamos à cestinha na porta, a qual agora está no altar junto ao álcool. As ofertas seguem o destino indicado pela igreja. Mas, também os “envelopes de dízimo” (novidade) mantém a comunidade local. Além do que, há a possibilidade de investir no ministério infantil.

A adoção dos envelopes permitiu um grande avanço na compreensão da contribuição, que outrora era fixa e obrigatória. Quando não estava em dia, ela inibia os direitos do membro. Hoje, os envelopes indicam, tanto a gratidão a Deus, como o comprometimento com a missão da comunidade. De preferência, sugere-se que as pessoas apresentem, em culto, diante do altar, sua oferta e contribuição. É uma entrega.

Quem sabe surja no teu coração a pergunta: Afinal, por que ou para que ofertar e contribuir? De maneira solidária, com nossos recursos, investimos em propostas missionárias da igreja. Um pouco daqui, outro pouco dali... Assim, os projetos ganham fôlego e seguem adiante. Por outro lado, os dízimos e ofertas são sempre uma expressão de gratidão. Deus me dá, por isso posso ajudar. Por último, também é uma confissão de fé, onde afirmo que não é dinheiro que me controla. Com Deus, eu o domino. Infelizmente, desde a antiguidade, guerras e brigas nascem da ganância em ter mais do que os outros. Na oferta, aprendo a me controlar e também a servir.

Sobre o ato de doar, o evangelista Marcos compartilha a seguinte cena na vida de Jesus...

JESUS ESTAVA NO PÁTIO DO TEMPLO, ASSENTADO PRÓXIMO À CAIXA DAS OFERTAS. ELE OBSERVAVA AS PESSOAS. OS RICOS DAVAM MUITO DINHEIRO. ENTÃO, CHEGOU UMA VIÚVA POBRE E PÔS NA CAIXA DUAS MOEDINHAS DE POUCO VALOR. AÍ JESUS CHAMOU OS DISCÍPULOS PARA A LIÇÃO. EIS A VERDADE: A VIÚVA POBRE DEU MAIS DO QUE TODOS OS DEMAIS JUNTOS. ELES DERAM DO QUE ESTAVA SOBRANDO. PORÉM, ELA QUE É POBREZINHA DEU TUDO O QUE TINHA PARA VIVER (MARCOS 12.41-44).

A própria atitude de Jesus já é uma boa dica. Ele “assentou” na entrada do templo para “observar” a circulação e as atitudes das pessoas. Não queria fazer crítica ou fofoca, apenas compreender e aprender. É necessário, vez por outra, que a gente pare no meio do agito para dar um tempo, observar e tirar lições. Para isso, existem férias, fins de semana e momentos de culto. Sim, o próprio culto é uma parada para entender a vida e traçar metas à nova semana.

Acredito que a primeira observação de Jesus diz respeito à presença pessoal na igreja ou no culto em si, somente depois há uma reflexão sobre a atitude da oferta. Afinal, o que Jesus veria hoje assentando-se à porta da nossa igreja ou na entrada de nossa cidade? Veria um pessoal apegado à religião ou desleixado? Veria pessoas apenas cumprindo os ritos religiosos ou de fato procurando a presença e a orientação de Deus? Com respeito à oferta, quais seriam as observações do Mestre?

Em Jerusalém, ele vê muita gente poderosa achegando-se. Será que ofertavam por obrigação ou para chamar a atenção sobre si? Com certeza, a maioria ofertava de coração. Aos olhos humanos, não há como distinguir ou julgar. Certo é que aos olhos de Cristo havia clareza de intenção. Também, Jesus não queria desmerecer ninguém, muito menos a oferta das pessoas. Tudo o foi doado seria usado para a manutenção do templo. Nada seria desprezado. Da mesma forma, hoje quaisquer recursos ofertados, sejam em envelopes, na cestinha ou em arrecadações diversas ajudam a manter a casa de Deus.

Jesus observa a movimentação em silêncio. Ele somente chama a atenção dos discípulos após a oferta da viúva pobre. Por que agiu assim? O que se destacou? Sou franco em dizer que, normalmente, me chama atenção quando alguém oferta um valor mais expressivo. Mas, o Mestre não destacou as notas graúdas. Pelo contrário, apontou às duas moedinhas colocadas na caixa. Vamos entender a razão disso...

Hoje, todo idoso tem uma renda, por menor que seja. Muitas viúvas recebem aposentadoria e ainda a pensão do falecido. É renda dupla. Naquela época não havia nada disso. Quem sustentava a casa era o homem. O idoso era mantido pelos filhos. Uma mulher sem marido e filhos ou com crianças pequenas ficava à mercê. Não tinha sustento. Então, ao entregar as moedinhas, aquela viúva deixou sua vida nas mãos do Senhor. É uma declaração de confiança plena e total.

Percebam que Jesus não nega as demais ofertas. Mas, eles deram aquilo que tinham em sobra. Não lhes faria falta. Quem sabe poderia ser uma oferta até de todo coração. Mas, a atitude da viúva foi de entrega completa. Ela sequer sabia se teria almoço naquele dia. É uma atitude corajosa de quem sabe ou, ao menos, já experimentou que Deus supre. Ele não deixa faltar nada àqueles que o amam.

A partir deste relato, muitos estudiosos já questionam a prática original do dízimo. A lei dizia que o crente precisava entregar 10% de sua arrecadação ao Senhor. Tal orientação ainda é válida. Ela era e é um exercício de controle sobre o dinheiro e bens. É um testemunho do reconhecimento de que aquilo que tenho ou sou vem do Senhor. Mas, Jesus dá um pulo adiante ao desafiar seus discípulos a confiar plenamente no cuidado do Senhor. Eu sei que pode me faltar, mas mesmo assim estendo a minha mão a quem tem necessidade ou trago minha oferta na igreja. É o amor em forma de sacrifício. Pessoalmente, entendo a lição da viúva como um “puxão de orelha”. Às vezes, me falta um mínimo ou aperta um pouco o laço e já começo a reclamar. Infelizmente, assim demonstro pura falta de confiança no cuidado de Deus. De novo, para crescer, preciso voltar os meus olhos à “viúva pobre”.

Por fim, que fique bem claro a atitude do próprio Cristo, que é a essência do Evangelho. Apontando ao Salvador, Paulo lembra à Comunidade de Corinto: “Ele era rico e se fez pobre por amor. Na sua pobreza, somos enriquecidos” (2ª Coríntios 8.9). Sempre de novo, precisamos voltar ao exemplo maior dado por Cristo na cruz: Entrega total! É quaresma. Amém!

“Cuida, Senhor” com Vera Lúcia.
 

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Cuida Senhor - Vera Lúcia.mp3


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Sustentabilidade / Nível: Sustentabilidade - fé, gratidão e compromisso
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 12 / Versículo Inicial: 41 / Versículo Final: 44
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 66453

AÇÃO CONJUNTA
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O seu poder é eterno e o seu Reino não terá fim.
Daniel 7.14
REDE DE RECURSOS
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A Comunidade cristã deve ser reconhecida, sem sombra de dúvida, na pregação do Evangelho puro
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