Comin: defendendo e salvando vidas indígenas
Viver o Batismo como Ministro no âmbito do Conselho de Missão entre Povos Indígenas (Comin) evoca diversas reflexões, memórias de situações e diálogos acerca do Batismo.
A pergunta feita habitualmente sobre o trabalho com povos indígenas, quase que instantânea e insistentemente, é: São batizadas as pessoas indígenas nas comunidades em que se realiza a ação missionária?
No passado, também havia questionamentos a respeito do Batismo e dos povos indígenas, como no relato do ocorrido na Terra Indígena Guarita, no noroeste do Rio Grande do Sul, onde a ação junto aos Povos Kaingang e Guarani ocorre desde 1961.
Registros e relatos da década de 1960 revelam um debate sobre a forma de realizar o rito batismal, a impossibilidade do ‘rebatismo’, entre outras semelhantes, foram temas de preocupação para a ação teologicamente responsável da Igreja e de como a comunidade indígena entendia o Batismo.
Práticas de evangelização e catequização dos povos indígenas, sejam considerados ‘isolados’ ou ‘contatados’, ainda são atuais e partem do mesmo pressuposto do passado: ‘os índios precisam ser salvos’, o que não só revela como reforça o preconceito que as pessoas indígenas precisam mudar o seu jeito de ser e crer para serem consideradas e respeitadas.
Nesse sentido, é importante recordar a fala de uma liderança Kaingang, quando da participação de um encontro no Comin nos anos 2000. A liderança afirmou, naquela oportunidade, que identificava dois tipos de Igrejas ou missões religiosas nas comunidades indígenas: as que buscam ‘salvar’ almas e as que buscam defender e ‘salvar’ vidas. Concluiu, afirmando que a ação do Comin era no sentido de defender e salvar vidas, sendo essa mais coerente com o Evangelho.
O respeito com os povos indígenas implica ouvi-los. Refletindo a partir do relato bíblico de Pentecostes (At 2.1ss), podemos nos perguntar ‘como os ouvimos’?
Dar seguimento ao agir de Jesus Cristo, conforme o compromisso assumido no Batismo, exige ouvir com respeito, buscar estabelecer, em conjunto, o entendimento e estar, de fato, junto com os povos indígenas na busca da justiça e da paz, para defender e salvar vidas.
P. Sandro Luckmann | Coordenação do Conselho de Missão entre Povos Indígenas (Comin)