As pessoas pacificadoras serão chamadas filhas de Deus
Jesus, ao despedir-se de seus amigos e suas amigas, lhes deixa a paz: Deixo com vocês a paz, a minha paz lhes dou (Jo 14.27), paz como presente de despedida, consolo e inspiração para o cuidado e a propagação desta paz, que almeja transformar a mentalidade e a realidade social, econômica e política.
As nossas vidas e lidas clamam por paz, pois estamos envoltos em contextos e sistemas de violência. Infelizmente, a violência passa a ser vista com normalidade, porque, rotineiramente, somos confrontados com mortes, desastres e tragédias no trânsito, em agressões físicas e verbais, nas condições indignas e desumanas que afligem boa parte da população e na devastação e exploração da natureza. Entrementes, quando a violência chega à nossa porta e à nossa vida, ela deixa de ser normal e cotidiana e se torna brutal!
Jesus nos deixa o compromisso de cuidar e propagar a paz que transforma realidades, que cuida da natureza, que age com alteridade, justiça e amor. Assim, a superação da violência começa com a nossa indignação e a erradicação da concepção da violência como algo normal. Aquele que sofreu o horror da violência mediante a tortura e a cruz nos envia a sermos pacificadores: Bem-aventuradas as pessoas pacificadoras, porque serão chamadas filhas de Deus (Mt 5.9).
Desta maneira, os conflitos são inerentes à vida, mas a forma como lidamos com eles é uma escolha. Jesus destaca que o Evangelho é uma mensagem de superação da violência e nos ensinou que, para cuidar e propagar a paz, necessitamos viver uma cultura de paz, investindo na educação para a não violência, despertando a prática da paciência como ciência da paz, ou seja, o emprego e o desenvolvimento de conhecimentos, práticas, atitudes e hábitos que promovam uma vida em paz. Jesus nos ensinou e ensina a desenvolver a paciência, a cultura da paz, mediante:
- o amor ao próximo e aos inimigos, gerando o entendimento: Amais seus inimigos e fazei o bem a quem os odeia (Lc 6.27s);
- a diaconia, servindo as necessidades e promovendo solidariedade: O maior entre vocês... é o que serve (Lc 22.26s);
- a partilha do bem, fomentando a comunhão: Não nos cansemos de fazer o bem (Gl 6.6s);
- o perdão cotidianamente, possibilitando a reconciliação: Perdoem-se mutuamente. Perdoem como o Senhor lhes perdoou (Cl 3.13);
- a não violência, propagando a paz como opção de vida: Se alguém lhe bater numa face, ofereça-lhe também a outra (Lc 6.29);
- a prática da justiça na construção de uma sociedade digna: O fruto da justiça será paz (Is 37.17).
Na condição de Comunidades de Jesus Cristo, temos responsabilidades com a paz, fundamentalmente com as relações e a educação para paz.
P. Olmiro Ribeiro Junior | Secretário da Ação Comunitária da IECLB
PRONUNCIAMENTO |
Igrejas Luteranas em favor da Paz
Como Igrejas, temos um compromisso permanente de fidelidade ao Evangelho e entendemos ser nosso dever, à luz da santa vontade de Deus, conclamar os povos para a paz, a justiça e o respeito à dignidade de toda vida humana, criatura amada de Deus.
São condenáveis todas as formas de violência, fruto do pecado humano, como regimes ditatoriais e ações de terrorismo.
Conclamamos aos fiéis de nossas Igrejas e a todas as pessoas de fé em Cristo a se empenharem em iniciativas de paz e em processos de educação para uma paz duradoura.
Orai sem cessar (1Ts 5.17).
Declaração Conjunta das Igrejas Luteranas (IECLB-IELB) em favor da Paz (2003)