Deus é o centro, é quem chama e forma Comunidade
A imagem da Igreja como corpo, tendo por cabeça o Cristo, nos é querida e central. A partir do Batismo, integramos este corpo, com diversidade de dons e habilidades. É claro que unidade é desejo e sonho de Deus para a sua Igreja. Foi por ela que Jesus orou e aconselhou quem o seguia.
Unidade, entretanto, não é um tema fácil de traduzir em vida, no dia a dia comunitário. Há diversos entraves... Provavelmente, por isso Jesus foi tão insistente. Unidade não se refere somente a frequentar o mesmo ambiente, pois há diversas formas de participação comunitária.
O canto comunitário é um arquétipo interessante para o tema, pois o que ocorre ali serve para pensar a participação, a unidade e a governança. Quando a Comunidade canta, é facultada a participação de todas as pessoas congregadas no Culto a Deus, ou seja, Deus é o centro, é quem chama e forma Comunidade.
No Culto, cada pessoa é convidada a colocar a sua voz junto a outras, no canto. As vozes são diferentes... Voz é identidade! Não é possível nem desejável que alguém abdique da sua identidade vocal para participar nem é possível padronizar. O canto comunitário excelente e lindo, portanto, não é o mais afinado, mas onde todas as vozes se ouvem. Também as desafinadas, as roucas, as que possuem pouca técnica, junto às especializadas, com melhor projeção ou excelente colocação. Todos os timbres e todas as intensidades e todas as cores vocais. É a partir da prática contínua e das boas referências que se resolve a afinação.
Dentro de tal perspectiva, qual é o significado de uma voz que se sobrepõe às outras? Quando a pessoa que deveria conduzir o canto comunitário canta pela Comunidade, perde-se o sentido comunitário. O mesmo ocorre com instrumentos. A tarefa que se executa, no serviço musical da Igreja, é acompanhamento e/ou condução da Comunidade. É uma tarefa muito importante, pois ajuda a construir a unidade onde o serviço em amor seja efetivo. Cada qual com a sua tarefa específica, mas com o compromisso de prestar contas, diante de Deus e das pessoas. Isso vale para todo o serviço, inclusive o Ministério com Ordenação, o Presbitério, a Diretoria e as lideranças de grupos diversos.
É possível fazer outros paralelos. O que significa quando alguém se recusa a cantar com as outras pessoas, apenas desfrutando do canto comunitário? Ainda: O que fazemos para facilitar a participação de quem não pode fazer uso de sua voz?
Podemos concluir que, no canto e na vida comunitária, a escuta mútua nos tira do nível do repasse de informação e da recepção passiva, para a participação efetiva, a partilha de decisões e o fazer conjunto, tendo Cristo como cabeça.
Mus. Dra. Soraya Eberle | Coordenadora de Música da IECLB e Professora na Instituição Evangélica de Novo Hamburgo/RS
PRONUNCIAMENTO |
A unidade está em Cristo
A unidade está em Cristo, que, por nós, morreu na cruz e ressuscitou para que tivéssemos aquela esperança que conduz à vida eterna todas e todos que nele creem, por isso ele é a nossa paz (Ef 2.14).
Por meio do Santo Batismo, somos incorporados no Corpo de Cristo, na grande família de Deus. Essa membresia e essa fé são presentes dados por Deus. A salvação não é resultado dos esforços de vocês; portanto, ninguém pode se orgulhar de tê-la (Ef 2.8,9).
Por gratidão, servimos uns aos outros, já que Cristo nos serviu, serve e servirá. Sendo ele o cabeça, o Senhor ao qual, com grata alegria, nos subordinamos, somos livres para nos sujeitarmos uns aos outros (Ef 5.21).
Posicionamento sobre Unidade (2001)