Juventude na Igreja é nossa responsabilidade!
No dia a dia das nossas Comunidades, é comum ouvir frases que se tornaram clichês e até meio ‘mântricas’, repetidas sem a devida análise, como ‘A juventude não quer saber da Igreja’, ‘Precisamos de um Ministro, uma Ministra que trabalhe com a juventude’, com direito à pergunta ‘Por que jovens não participam da Igreja?’. Na raiz, entre outras questões, está claro que, nas Comunidades, existe certo grau de dificuldade em lidar com a maneira de ser e pensar desta geração de jovens.
Por que jovens não participam da Igreja? Dificilmente, vamos assumir a responsabilidade por uma eventual falha, mas muito séria, no processo que, hoje em dia, chamamos de Educação Cristã Contínua como motivo dos jovens de famílias evangélico-luteranas não estarem na Igreja. É bem mais fácil afirmar ‘A juventude não quer saber da Igreja’.
É preciso perceber que um jovem que não está na Igreja é consequência de uma criança que, provavelmente, não foi ao Culto Infantil, de uma família que tratou a vida comunitária como algo secundário e, por isso, não criou vínculos afetivos e de fé. Paralelamente, a fatia de jovens que permanece na Igreja fica ‘de lado’, pois, ao questionar certos padrões de comportamento ou trazer ideias diferentes, são cerceados no seu protagonismo.
Deve haver zelo pela identidade confessional, mas, ao não dialogarmos com a juventude de forma a criar um espaço sadio para todos e todas na Comunidade, arriscamos nos tornar os fariseus que defendem o sábado em detrimento da cura (Mt 12.9-14).
No campo missionário, o nosso trabalho com pessoas jovens é pífio, a começar pelo orçamento destinado ao trabalho com juventude. Da mesma forma, se não houver, nas Comunidades, um investimento de tempo, divulgação, dons e finanças em uma ação propositiva de cativar jovens, dificilmente vamos ver essa fatia da Comunidade crescer.
Se não tem trabalho com a juventude, a culpa é do Ministro, da Ministra... Na compreensão luterana, o Corpo de Cristo não é formado apenas pelo Ministério com Ordenação. A Comunidade deve viver apesar do seu Ministro, da sua Ministra. Não é inteligente uma Comunidade depositar o desenvolvimento do trabalho com jovens na mão de uma só pessoa. A Comunidade deve abraçar essa causa. As nossas Comunidades precisam compreender as juventudes da geração ‘Redes Sociais’.
Esses clichês são um mecanismo que poderia ser chamado de ‘a sutil arte da Igreja excluir as juventudes’. Em um bate-papo com a Juventude Evangélica de Nova Friburgo (Jenofri), perguntei a razão de participarem da Igreja. As respostas foram similares: o pessoal gosta do jeito de ser luterano, luterana, da liberdade, inclusão e maneira coerente como tratamos a Bíblia. Neste grupo, houve incentivo familiar na participação da vida comunitária desde a mais tenra idade, ou seja, o problema não está na juventude, mas nos clichês que usamos para nos esconder da responsabilidade de incluir as juventudes na Igreja.
P. Gerson Acker | Ministro na Comunidade de Nova Friburgo/RJ e Orientador Teológico do Conselho Nacional da Juventude Evangélica (Conaje)
| PRONUNCIAMENTO |
Jovens enriquecem a vida comunitária
Jovens são parte da Comunidade Cristã. Não precisam de autorização para ter espaço de participação. A Comunidade, em todos os seus níveis de expressão (local, paroquial, sinodal e nacional), tem compromisso de viabilizar a participação de todos e todas, independente de gênero, situação social, etnia, geração (Gl 3.28: Não existe diferença entre judeus e não-judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo Jesus).
Jovens tendem a renovar e enriquecer a vida comunitária com a sua capacidade de oferecer novas formas de participação e novas formas de compreensão. Comunidade de Confissão Luterana reforma-se constantemente para criar novos espaços e continuar sendo Comunidade para todos e todas.
Palavra às Juventudes (2014)
