Relações de complementariedade e partilha
A vida criada e mantida por Deus é diversa e múltipla, conforme o relato da Criação (Gn.1-2 e Tm 4.1-4). Diversidade e unidade são relações de complementariedade e partilha. O Apóstolo Paulo destaca a importância da diversidade: Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito (1Co 12.12-13).
A diversidade não é respeitada e, muitas vezes, é vista como obstáculo para a comunhão e a unidade. O cultivo do egocentrismo, da intolerância e da ‘verdade absoluta’ criam modelos e vivências que propagam a aculturação, a homogeneização e a padronização, modelos que se manifestam como totalitários e xenofóbicos, não reconhecendo a face e o amor de Deus em toda e qualquer vida, humana e na natureza. O desejo de uniformização é contrário à unidade e, assim, afronta a ação criadora de Deus, como percebemos no relato da Torre de Babel (Gn 11.1- 9). A diversidade da vida faz parte da vontade de Deus.
Viver a diversidade requer aprendizagem para dialogar, ouvir, perdoar, praticar a misericórdia, conviver com a discordância e, até mesmo, a oposição de ideias, sentimentos e vivências. Na convivência e na comunhão, vão surgir conflitos, que são naturais e fazem parte da vida. O que necessitamos refletir é sobre como vivenciamos o conflito, pois agir de forma violenta e intolerante é sempre uma escolha que não condiz com a vontade de Deus.
Em nossas relações familiares, sociais e na vida de fé comunitária, convivemos com uma ampla diversidade. A IECLB tem como princípio a liberdade cristã baseada no amor ao próximo. O amor e a diaconia são as nossas orientações para as relações e a convivência.
Que propaguemos nas nossas relações e na nossa convivência o Mandamento deixado por Cristo Jesus: Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13.34-35).
Que o seu pensar e o seu agir manifestem o amor e a vontade de Deus!
P. Olmiro Ribeiro Junior | Secretário da Ação Comunitária da IECLB
PRONUNCIAMENTO |
É preciso saber argumentar, ouvir e entender
Como Comunidade de Cristo, temos uma missão comum. Não é a Igreja que nos deve servir, mas nós devemos servir à Igreja e às pessoas a que Deus nos envia. Na Igreja, jamais houve unanimidade de opinião. Dentro de limites, é legítima e até necessária a pluralidade. Unidade cristã jamais significou uniformidade. É dinâmica, alicerçada no mesmo espírito (1Co 12.3s), em permanente aprendizagem.
Para tanto, são indispensáveis a arte do diálogo, a busca da parceria, a dinâmica da interação. É preciso argumentar em vez de condenar. É preciso ouvir e entender antes de excluir.
O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece... (1Co 13.4).
Posicionamento sobre Crise interna (1991)