Com açúcar e com mel, até as pedras comem!
Há um provérbio que diz Com açúcar e com mel, até as pedras comem! O mel é um produto natural obtido a partir do néctar das flores. Costuma ser utilizado como um adoçante natural em vitaminas e chás e, com frequência, para amenizar os sintomas de garganta inflamada e resfriados. Algumas pesquisas indicam que ele tem função antioxidante, o que evita o envelhecimento celular.
Esta riqueza da natureza é facilmente encontrada em todas as regiões do nosso país, mas será que todo mel é igual? Não! A sua cor, o seu sabor e a sua textura dependem de vários fatores. Pode ser de tonalidade mais escura ou clara, pode ser mais líquido ou cristalizado, mais adocicado ou agridoce. A verdade é que o mel está presente em várias receitas de bolos e doces muito apreciados. Assim é o mel: doce para o nosso paladar e, quando usado com moderação, bom para a saúde.
O que as palavras bondosas têm a ver com o mel? O livro de Provérbios foi escrito por Salomão mais ou menos no décimo século antes do nascimento de Cristo e tem por finalidade conceder sabedoria aos seus leitores. Este livro do Antigo Testamento compõe o bloco dos livros sapienciais (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos). São livros da Bíblia que nos falam sobre as coisas da vida e como se pode aprender com a experiência de pessoas mais velhas, que já viveram muito antes de nós e enfrentaram situações semelhantes.
Para o mês de junho, o lema é As palavras bondosas são como o mel: doces para o paladar e boas para saúde (Pv 16.24). Os provérbios deste capítulo são especialmente dirigidos aos reis e outros servidores. As autoridades são instituídas por Deus (cf. Rm 13.1). Deus as usa para o bem-estar daquelas pessoas que agem com justiça. Quando a gente lembra dos governantes em período eleitoral, recordamos que as suas palavras costumam ser muito ‘doces’. São promessas e mais promessas de solucionar problemas e difi culdades históricas. Infelizmente, após serem eleitos, as palavras parecem perder a doçura... Será que são apenas autoridades que devem fazer bom uso da palavra e proferir palavras bondosas?
Vivemos em uma realidade agitada e corrida. Neste mundo moderno, as pessoas parecem correr atrás do tempo, que insiste em escorrer entre nossos dedos. A palavra entrou em descrédito. Se, antes, as palavras bondosas estavam presentes no dia a dia na forma de bom dia, como vai, desculpe, por favor, obrigado, com licença, parabéns, entre outras, hoje as palavras encontradas são saia da frente que estou com pressa, não demore tanto, de novo essa situação, não fez mais que a obrigação, e por aí vai...
Se você é motorista, observe o trânsito da sua cidade. Desligue o rádio. Dependendo da cidade, aconselho a não abrir as janelas. Preste atenção nas palavras quando parar em um semáforo ou em um acostamento. O trânsito é uma realidade que nos mostra o exemplo de como as palavras bondosas estão ausentes do vocabulário da maioria das pessoas. No entanto, a verdade é que não é somente no trânsito que elas não são mais encontradas.
Também no trabalho, na família, na Comunidade, faltam palavras bondosas. Se, por um lado, as palavras bondosas são como o mel, que adoçam o paladar, por outro lado, as palavras maldosas poderiam se assemelhar ao fel (bile), que causa sabor amargo ao paladar.
As palavras ditas pelas pessoas se assemelham mais ao mel ou ao fel? O vocabulário têm sido doce ou amargo? A nossa saúde psíquica, emocional e espiritual tem sido nutrida ou atacada pelas palavras que ouvimos e proferimos? O que você prefere: mel ou fel?
Nós somos povo de Deus, chamados, chamadas, vocacionados e vocacionadas para servir a Ele e às pessoas. Que possamos ir ao encontro das pessoas neste mundo com palavras bondosas, que adocem o paladar e nutram o corpo.
Você e eu temos a tarefa de anunciar e proclamar o amor e o cuidado de Deus pela sua Criação, pelos seus filhos e pelas suas filhas. Vamos, com muita alegria e gratidão, espalhar a doçura do mel – não a amargura do fel – neste mundo!
Que Deus nos acompanhe e nos guarde nesta tarefa! Amém.
P. Renan Schlemper | Ministro na Paróquia dos Migrantes, em Cacoal/RO