Jornal Evangélico Luterano

Ano 2019 | número 828

Sexta-feira, 19 de Abril de 2024

Porto Alegre / RS - 01:51

Fé Luterana

Não consigo orar pelas pessoas inimigas!

Não consigo orar pelas pessoas que me perseguem e caluniam. O que fazer? Eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês... (Mt 5.44).

É drástico! Jesus nos desafia a fazer algo que abala a nossa natureza quando a regra é odiar os que nos fazem mal. Como vou amar e orar por alguém que só me causa sofrimento? O que fazer com alguém que me humilhou ou me usou ou me feriu ou feriu a minha família? Como amar, interceder a Deus por alguém que eu odeio do fundo do meu coração?

Vivemos uma época de ódio e vingança: ‘Mexeu comigo, tem troco’, ‘Se eu não posso agora, Deus vai vingar lá no final, por isso perdoo mas não esqueço’.

Temos medos, culpas, pecados e anseios, mas também o cuidado de Deus, que nos acolhe em sua graça.

Jesus ensina o contrário: ‘Se bateram de um lado, ofereça o outro’, ‘Não só perdoe, mas ame’. Humanamente, não sei como fazer isso, mas sei que, no dia em que aprendermos a amar o nosso inimigo, mostraremos a glória de Deus. Jesus foi o exemplo. Na verdade, o espírito da ação de Cristo diz: A lei pune a culpa, a graça é o perdão de pecados e a fé é a salvação, por isso, lei, só a de Deus.

Orar por alguém que amamos é fácil, mas orar por uma pessoa que nos faz sofrer é muito difícil. O bom é que temos ajuda! A Oração do Cuidado, de autoria do P. Rodolfo Gaede Neto, é um excelente exemplo. Transcrevo algumas ideias... Em primeiro lugar, é o Senhor que está no comando. A nossa vida deve ser conduzida por Ele, assim como os nossos passos, que encontram lugar seguro e descanso verdadeiro no colo do Senhor. Neste colo também está o destino e o destino nos reserva muitas surpresas: temos medos, culpas, pecados, anseios, reações as mais diversas, mas temos o cuidado de alguém que nos acolhe em sua graça.

Quando temos presentes estes conceitos da bondade de Deus, a violência não encontra espaço. Amar o inimigo, a inimiga e orar por ele, por ela não será mais tão drástico.

Oração do Cuidado
Senhor dá-me a Tua mão e conduze a minha vida.
Guia os meus passos para que eu caminhe seguro.
Sob as asas da Tua misericórdia sinto-me protegido.
No colo da Tua bondade encontro descanso verdadeiro.
Em dias de medo e angústia, abriga-me em Teu poder.
Em momentos de ansiedade, faze cair sobre mim a Tua paz.
Ao sentir-me fragilizado, ajuda-me a ter esperança.
Cuida de mim e dos meus amados.
Cuida do meu destino.
Quando a culpa me acusar, acolhe-me em Tua graça.
Absolve-me do pecado e faze-me renascer do Teu perdão.
Se eu cair, permita que eu caia em Tuas mãos.
Se eu permanecer caído, dá-me a Tua companhia.
Seja como for, cobre-me com o manto do Teu amor.
Graças, pelo Teu cuidado, graças pela salvação.
Agora dá-me a bênção que tanto anseio.
Amém.

Para refletir, leia Mateus 5.44

P. Jorge Klein | Pastor Vice-Sinodal do Sínodo da Amazônia e Ministro na Paróquia Caminho da Fé, em Alta Floresta D’Oeste/RO

 

 

Como não revidar o mal com mal? 

O que você faz quando alguém grita com você? Quando alguém ofende você? Quando acontece algo no trânsito? Olho por olho e o mundo acabará cego!

Em uma sociedade cada vez mais violenta, a pergunta que norteia esta reflexão é pertinente. Muitas vezes, as pessoas querem fazer justiça com as próprias mãos. A Lei do Talião, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé (Ex 21.24) se faz presente em muitos espaços.

A perplexidade diante da impunidade e a sensação de injustiça causam indignação. Conquanto, cabe perguntar se a atitude da vingança está de acordo com a nossa fé e com os ensinamentos de Jesus Cristo. É urgente aprender a separar justiça de vingança.

Revidar o mal com o mal faz daquela pessoa que revidou tão má quanto aquela que teve a primeira atitude de maldade.

Para as pessoas cristãs, quando sentem o ódio tomar conta do coração, é necessário entender que Jesus ensina a dar a outra face. Ele ensina a misericórdia, o amor e o cuidado mesmo para com aquelas pessoas que causam o mal.

Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, disse Jesus (Mt 5.38-44) Nesse sentido, as pessoas cristãs são chamadas a ter atitudes que promovam a vida e a paz, a não se deixarem levar pelas ondas de ódio que insuflam as pessoas a pagarem tudo na mesma moeda, criando círculos viciosos de maldade.

As atitudes de Jesus em situações em que é exposto à violência apontam a nova relação que Deus espera dos sereshumanos a partir da cruz. Palavras como Pai, perdoa, porque não sabem o que fazem (Lc 23.34) ou Guarda tua espada (Mt 26.52), que disse a Pedro quando este atacou um dos soldados que vieram para prendê-lo, não são palavras que querem promover a impunidade, mas chamar as pessoas que creem em Cristo a terem uma atitude diferente da quela pessoa que agride e que promove o mal, afastando a tentação do revide.

Na mesma direção aponta o Apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: Não paguem a ninguém o mal com o mal (Rm 12.17). Ele chama as pessoas que, de fato, creem em Jesus Cristo para uma mudança de postura em relação ao mundo. Evoca a fazer o bem para viver em paz com todas as pessoas, a não querer ocupar o lugar de Deus no julgamento.

O mal se vence com o bem, com atitudes que promovem a vida, com atitude de cuidado, amor e bondade, atitudes que promovem a dignidade humana e que respeitam a Criação de Deus.

Relações baseadas no perdão e na justiça que vêm de Deus promovem a paz, dão esperança e tiram das pessoas a sede pela retaliação, trazendo paz ao coração.

Revidar o mal com o mal faz daquela pessoa que revidou tão má quanto aquela que teve a primeira atitude de maldade, por isso não deixem que o mal vença vocês, mas vençam o mal com o bem (Rm12.21).

Para refletir, leia Romanos 12.9-21 

P. Lauri Jackson Lenz | Pastor Vice-Sinodal do Sínodo Mato Grosso e Ministro na Paróquia do Araguaia, em Jataí/GO

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