As águas do Batismo
Com o versículo do salmista, fui batizado, em 30 de agosto de 1964, quase um mês depois de ter nascido, na Comunidade de Porto Alegre/RS, então Sínodo Riograndense. Depois de batizado e confirmado, estava em defi nitivo no mundo luterano, mas ainda não entendia muito bem o significado disso.
Estudei o sentido teológico e os significados que o Batismo tem para a fé luterana, mas ainda não tinha chegado ao fundo da questão. Foi em Manaus/AM, ao me aproximar das culturas do Norte, que percebi outros sentidos do Batismo. Fui me aproximando dos sentidos que as pessoas pobres do lugar dão ao Batismo, algo intrinsicamente associado às questões da vida e do cotidiano, pois o Batismo garante uma vida com saúde para a pessoa recém-nascida, uma proteção pelo rito.
O Batismo é uma forma de estender os laços familiares para relações afetivas e de afi nidade. O Padrinho e a Madrinha fazem parte de uma rede de solidariedade não só da criança, mas da família e que permanece para a vida toda. As palavras ‘a Benção, Padrinho/Madrinha’ fazem parte do conjunto de relações sociais no cotidiano das pessoas. Batismo é para a vida inteira e constitui uma forma de construir relações em que a vida é bem difícil.
Entendi que viver o Batismo é uma prática que nos re+liga com a natureza, com as muitas águas que abundam na Amazônia, com a sociedade, para que jamais esqueçamos que o pecado original é o que nos separa da justiça e da comunhão entre as diversas formas de ver o mundo.
Júlio Cesar Schweickardt | Comunidade de Manaus/AM