Mentindo ao próximo como a si mesmo
‘A verdade que nos liberta é a verdade que não queremos ouvir’, afirmou um Pensador europeu com a sua fina percepção da realidade. Não faltam exemplos para confirmar esta ideia. Como ‘país do futebol’, vamos começar pelo tema. O jogador que cometeu uma falta grave simula a queda e fica se contorcendo sobre o gramado para driblar um possível cartão amarelo ou vermelho.
Se o Árbitro ‘for na sua onda’, ele continuará em campo, conseguindo, assim, enganar o Árbitro e, talvez, prejudicar o time adversário. A torcida do seu time sabe que tudo foi uma encenação, mas, como a mentira poderá lhe favorecer, cala-se. A torcida do outro time fica indignada, ofende o Árbitro, mas veria com normalidade a situação inversa.
No Brasil, tivemos Eleições no final do ano passado, inclusive na IECLB. Na Política, também podemos mentir ao próximo como a nós mesmos. Eleitores e eleitoras que desconhecem ser a pessoa a sua procuradora para administrar o seu imposto e o da toda a população podem se autoenganar ao trocar o seu voto por qualquer benefício. Também nos enganamos quando votamos por amizade ou porque tal candidato ou candidata favorece os meus negócios ou a minha organização.
Pequenas mentiras geram a grande corrupção no Brasil. A maior das mentiras é daquelas pessoas que dizem que a Política será limpa quando estiverem lá. Isolado no cargo, é fácil cair. Jesus sabia disso, por isso, em sua oração, pede e não nos deixe cair em tentação.
Conheci uma família da nossa Igreja que casou a sua filha com um estranho, porque, na Comunidade, não havia rapazes à altura. O jovem forasteiro falou aquilo que todos queriam ouvir. O casamento se desfez em poucos meses. Não é possível responsabilizar somente o estranho, mas também a família, que, ao querer o melhor para a filha, caiu do alto da sua própria ilusão. Felizmente, a jovem se recuperou do autoengano familiar. Assim, fazemos com a nossa saúde. Evitamos a ida ao Médico, à Médica. Viver mentindo para si faz mal à saúde poderia ser um slogan do Ministério da Saúde.
Raramente queremos ouvir a verdade, porque a liberdade nos exige muito. A morte de Jesus na cruz é o caso extremo desta verdade. Às lideranças religiosas da sua época, que o acusavam de estar ‘endemoniado’ por se dizer o enviado de Deus, Jesus afirmou Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (Jo 8.31-32). Por ser a Verdade em pessoa, Jesus foi rejeitado e morto pelas lideranças religiosas da sua época. Só alguém tomado por autoengano creditaria que a situação seria diferente hoje.