Jornal Evangélico Luterano

Ano 2020 | número 839

Sexta-feira, 29 de Março de 2024

Porto Alegre / RS - 12:23

Perspectiva - P. DR. Oneide Bobsin

Por favor, não consigo respirar...

Nos dias em que as Igrejas Cristãs comemoravam, em suas celebrações a distância, a Festa de Pentecostes, lembrando que o Espírito Santo congrega povos de línguas distintas em uma comunhão universal, um policial branco sufoca com o joelho um homem negro, ceifando-lhe a vida.

O pedido de George Floyd ecoa pelo mundo: Eu não consigo respirar. Graças a uma filmagem feita com celular, a estupidez do policial branco e dos seus colegas viralizou e criou um dos maiores movimentos contra o racismo nos Estados Unidos depois de 50 anos.

Nos dias em que as Igrejas celebram o vendaval impetuoso que sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai (Jo 3.8), explodem manifestações contra o racismo estrutural. Pessoas negras, brancas, de todas as idades, ajoelham-se, inclusive com policiais, para reverenciar o valor da vida das pessoas negras.

Excetuando as pessoas que se infiltram nos movimentos para provocar violência, as demais experimentam a ação do Espírito Santo, que não se deixa reprimir por ordens injustas nem domesticar por espaços religiosos ou instituições que não se orientam pelo alto, donde nascemos de novo pela água e pelo Espírito.

Por favor, não consigo respirar, dizia George Floyd, sob o joelho do policial branco. O grito de Floyd ecoa pelo mundo como se fosse uma parábola do nosso tempo. Não é somente Floyd que não consegue respirar. No Brasil, João Pedro, o menino negro de 14 anos, que brincava em casa, foi alvo de balas do confronto da polícia carioca com grupos marginais. João Pedro e os seus parentes não conseguem respirar.

Em distanciamento social, não são poucas mulheres e crianças que sofrem violência dos seus maridos, pais. Elas também não conseguem respirar. Milhares de pessoas nas filas de hospitais, à espera de uma vaga, também não conseguem respirar.

A frase de Floyd tornou-se uma metáfora das experiências humanas e o joelho do policial que o sufocou, um sinal das injustiças das instituições cuja razão de ser é proteger. Contra isso, os movimentos populares lutam em várias partes do mundo.

A voz embargada de Floyd lembra os gemidos de quem sofre sob a opressão. Tais gemidos inexprimíveis pela falta de ar são atestados pelo Espírito Santo, conforme o apóstolo da liberdade, Paulo, em Romanos 8.16. Os seres humanos e as suas instituições podem tentar nos sufocar, mas o vento impetuoso do Espírito fará romper os nossos preconceitos e os nossos comodismos.

Graças a Deus, não faltará ar para respirar, pois o Espírito sopra do Paraíso, transformando o joelho que sufoca em gestos da paz e liberdade. Onde está o Espírito do Senhor, há liberdade (Gl 5.1).

P. Dr. Oneide Bobsin | Docente na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS

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