O Vendedor de Passados
Nasci e me criei em uma família que não se cansava de repetir histórias e frases ditas pelos Pastores. Entre tantas, há uma cada vez mais atual: A gente precisa andar com a confiança em uma mão e a desconfi ança na outra... Estas sabedorias das gerações passadas precisam ser guardadas no coração, pois nos ajudam a viver o presente sem ilusões.
Esta frase brotou em mim ao ver o filme brasileiro O Vendedor de Passados (2015), com o ator Lázaro Ramos. Não vou contar o filme – que merece ser visto. O protagonista, Vicente, inventa o passado para pessoas insatisfeitas com o que foram até aqui. Com dados e fotos, ele recria os passados e as pessoas pagam por este trabalho. Querem ser o que não foram, mesmo sabendo que o novo passado será falso.
Uma das personagens do filme quer um novo passado, mas não dá nenhuma informação. O Vendedor apenas tem fotos dela. Ele inventa uma história para aquela mulher, que se dá por satisfeita com um passado que não é dela. Tempos depois, ela escreve um livro sobre o seu passado e faz muito sucesso, mas o Vendedor de Passados fica indignado, porque há personagens que são verdadeiros e não deveriam estar no livro. Ela pode ser processada.
O passado do Vendedor é revelado pelos seus pais, um Médico e uma Psicóloga. Também eles inventaram uma história para o personagem principal, que era adotivo, mas lhe revelam, por meio de uma fita, a história real em certo momento da vida: o Vendedor, encontrado em um lixão, com poucas horas de vida, foi socorrido no hospital pelo Médico que, então, o adotou. Assim, ao descobrir a sua história verdadeira, o Vendedor de Passados questionou: Você acredita naquilo que lhe falam?
Hoje, se fala muito em fake news. Inclusive, há um debate no Congresso Nacional para criar leis que coíbam a divulgação de mentiras, usadas para destruir carreiras de adversários políticos e até ganhar Eleições. Isso não é novo... Quem não aprendeu no Ensino Confirmatório que não devemos dar falso testemunho?
Empresas e pessoas inventam passados e presentes mentirosos e os divulgam. Até mentem em nome de Deus, dizendo que a verdade vos libertará! Muitas pessoas cristãs passam o falso testemunho adiante, como se fosse verdade...
Não precisamos apelar para ‘vendedores de passado’ nem precisamos de dinheiro para sermos diferentes do que fomos até aqui. É de graça! Participe da Santa Ceia, peça perdão e as coisas antigas se farão novas, pois, se alguém está em Cristo, é nova criatura (2Co 5.17).
Fica a dica: vejam o filme, que não é a respeito de religião, mas sobre fé!
P. Dr. Oneide Bobsin | Docente na Faculdades EST, em São Leopoldo/RS