Jornal Evangélico Luterano

Ano 2020 | número 840

Quinta-feira, 28 de Março de 2024

Porto Alegre / RS - 20:06

Unidade

Já não existirá mais morte

No Evangelho, ouvimos Jesus descrever o Juízo Final a partir de um costume da sua época: a separação entre ovelhas e cabritos. Para as pessoas de um grupo, Jesus diz: Venham e entrem no Reino de Deus. Eu tive fome e vocês me deram de comer... São citadas seis ações de misericórdia que correspondem às necessidades básicas da época. A elas, a antiga Igreja Cristã acrescentou o ato de sepultar as pessoas mortas, por isso é comum citar as Sete Obras da Misericórdia ou Sete Ações da Misericórdia.

As pessoas convidadas para entrar no Reino de Deus perguntam: Quando foi que te vimos em necessidade? Elas não lembram de ter ajudado Jesus, pois não agiram em busca de recompensa. Jesus responde que tudo o que é feito a uma pessoa necessitada é feito a ele próprio. Misericórdia é ter o coração sensível para a pessoa necessitada e não questionar se as pessoas miseráveis são merecedoras.

Jesus dirige a palavra ao outro grupo, que não entrará no Reino de Deus. A punição não se dá pela prática do mal, mas pela ausência de boas ações. Essas pessoas querem saber quando deixaram de servir a Jesus. Como reconhecer Jesus no corpo de uma pessoa suja, forasteira, mendigando comida ou uns trocados?

As pessoas dos dois grupos se confrontaram com situações semelhantes, mas atuaram de maneira diferente. Todas chamaram Jesus de Senhor, mas nem todas compreenderam que confessar Jesus como Senhor significa fazer a vontade de Deus e praticar a misericórdia.

Estamos passando por um momento muito difícil. A pandemia já tirou a vida de mais de 75 mil pessoas no Brasil. Para evitar a propagação do vírus, no dia 17 de março último, a IECLB orientou a suspensão de todas as atividades comunitárias que envolvem aglomeração.

Neste período, não pudemos nos reunir para ouvir a Palavra, cantar e orar. Neste tempo, pessoas faleceram e muitas foram sepultadas sem velório, sem a presença da Comunidade, sem a presença de familiares e pessoas amigas. Quanta dor e sofrimento não puderam encontrar um ombro amigo, um abraço solidário! Estamos vivendo também uma crise econômica e não somente no Brasil. O desemprego e a fome crescem. Também crescem a violência e a indiferença. Parece que as pessoas não conseguem mais sentir empatia com o sofrimento.

Algum dia a morte vai alcançar todas as pessoas, mas não podemos banalizar a vida da forma como muitas pessoas estão fazendo. Também isso nos será cobrado no Juízo. Diante de toda essa situação, como podemos encontrar ânimo? Onde buscar socorro? O Salmo 121 diz: Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.

O nosso socorro está em Deus, sempre junto às pessoas necessitadas, as pequeninas irmãs de Jesus, e também nas nossas mãos., pois podemos aliviar o sofrimento de outras pessoas ao agir com misericórdia. Não vamos deixar a indiferença tomar conta de nós. Vamos fazer a diferença, agindo com justiça e misericórdia.

Que Deus fortaleça as ações de misericórdia que brotam da fé e conceda ânimo às pessoas enlutadas e às pessoas angustiadas por tantos problemas. Que possamos confiar na promessa de novo céu e nova terra, assim como lemos em Apocalipse 21: Eis o tabernáculo de Deus com os seres humanos. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles e será o Deus deles e lhes enxugará dos olhos toda lágrima e já não existirá mais morte, já não haverá luto nem pranto nem dor. Amém.

17 de julho de 2020.

Pa. Sílvia Genz | Pastora Presidente da IECLB 

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