Carta Pastoral sobre encaminhamentos relacionados ao Covid-19
Em março de 2019, o Conselho e a Presidência da IECLB emitiram o Manifesto Nosso Compromisso é o Evangelho. O documento apresenta a visão bíblico-teológica que embasa a forma de pensar e agir da liderança da IECLB. O Manifesto afirma que a Igreja de Jesus Cristo tem a tarefa de ser sal e luz do mundo (Mt 5.13-16) e postula que ser sal e luz significa propagar o Evangelho de Jesus Cristo, estimular a vivência evangélica pessoal, familiar e comunitária, promover a paz, a justiça e o amor na sociedade e participar do testemunho do Evangelho no País e no mundo (Constituição da IECLB, Art. 3º).
Dezessete meses depois, constatamos pouca melhoria em relação ao que foi apontado como problema. A partir de março de 2020, passamos a conviver com uma pandemia que tem revelado, ainda com mais nitidez, desigualdades e injustiças. Além de todo o sofrimento causado pela doença e morte, a pandemia também trouxe medo, angústia, insegurança e falta de perspectiva. Neste momento, cresce a pergunta: de onde virá o socorro? (Sl 121.1)
Com mais de 100 mil óbitos no Brasil em decorrência do Covid-19, ocupamos a infeliz segunda posição no ranking mundial. Para piorar, sabe-se que há subnotificação. Nós oramos e nos solidarizamos com as famílias dessas cem mil pessoas. Clamamos a Deus: Senhor, ouve a nossa oração e chegue a ti o nosso clamor (Sl 102.1).
É inaceitável que governantes e representantes eleitos para as três esferas públicas ignorem a gravidade da pandemia. Pior ainda quando se aproveitam dela para cortar direitos e reduzir o poder aquisitivo da população. Não podemos concordar que a Bíblia e o nome de Deus sejam usados para justificar corrupção, injustiça e morte. Diante disso, perguntamos: Por que o caminho dos ímpios prospera? (Jr 12.1).
Felizmente, é possível testemunhar gestos de responsabilidade, solidariedade e compaixão. Muitas pessoas lutam incansavelmente para conter o avanço da pandemia, para acompanhar pessoas doentes e enlutadas e minimizar os efeitos do isolamento. Também há governantes que se empenham na busca por soluções.
Além do sofrimento de quem perdeu alguém para a doença, há a dor de quem está com a doença ou sofre estigma da contaminação. Há sofrimento decorrente da solidão, da perda do emprego e da atividade econômica. Há sofrimento causado pela ansiedade, pela depressão. Há sofrimento causado pela violência dentro de casa contra mulheres, crianças e pessoas idosas.
Ao recomendar a suspensão de atividades presenciais, em 17 de março de 2020, a IECLB agiu com a intenção de defender e preservar a vida. A decisão não significou parada nas atividades. Agora, a oração, a pregação, o consolo e o estudo acontecem de outras formas. Vamos continuar neste caminho com perseverança e compromisso com a vida. Porque confiamos que Deus ouve o nosso clamor (Ex 3.7) e vem em nosso socorro (Sl 121.2), temos forças para propor e participar desta reconstrução.
A Carta Pastoral pode ser lida na íntegra no Portal Luteranos
Presidência, Pastoras Sinodais e Pastores Sinodais da IECLB