Carta Pastoral - Eleições 2022

21/09/2022

 

Carta Pastoral - Eleições 2022

A IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL, a seguir
denominada por abreviação ‘IECLB’, é Igreja de Jesus Cristo no País,
formada por Comunidades e pelos membros a elas filiados.

(Constituição da IECLB, Art. 1º)

Somos Igreja de Jesus Cristo, daquele que é o caminho, a verdade e a vida (João 14.6). Por sermos Igreja de Jesus Cristo, temos uma dupla tarefa: continuar o anúncio e continuar a obra de Jesus.

O anúncio de Jesus é a boa mensagem do reino de Deus: “Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o evangelho de Deus. Ele dizia: — O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; arrependam-se e creiam no evangelho” (Marcos 1.14-15). “Evangelho” significa boa notícia. O que a Igreja tem a anunciar, portanto, é a boa notícia de que o reino de Deus está próximo de todas as pessoas. Além de falar aquilo que Jesus falava, a Igreja anuncia aquilo que Jesus fez por nós:

que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15.1,3-4).

A maior obra de Jesus foi a doação de sua vida em nosso benefício. Essa obra aconteceu uma só vez e continuará válida até que o reino de Deus se estabeleça por completo. Mas há outras obras de Jesus, que nos cabem realizar: “Em verdade, em verdade lhes digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (João 14.12). Que obras seriam estas? A resposta está em uma simples palavra: “servir”.

Toda a vida de Jesus foi guiada pela disposição de servir a Deus e as pessoas. Quando nos dispomos a servir, fazemos as obras de Cristo.

A IECLB é Igreja de Jesus Cristo no País. É no contexto brasileiro que o testemunho de Cristo se torna concreto, que os sinais do reino de Deus são experimentados e vivenciados por antecipação. A Igreja tem a eternidade como objetivo final, mas não pode ficar indiferente ao que acontece no presente. Nós caminhamos para o reino de Deus a partir daquilo que fazemos no lugar onde estamos, conforme disse o nosso Senhor Jesus:

Venham herdar o Reino que está preparado para vocês desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; eu era forasteiro, e vocês me hospedaram; eu estava nu, e vocês me vestiram; enfermo, e me visitaram; preso, e foram me ver” (Mateus 25.34-36). Nestas e em outras ações de misericórdia se concretiza o serviço que brota da fé.

Em 2022 teremos eleições majoritárias e proporcionais no País, com a possibilidade de escolher candidatas e candidatos para ocupar vagas nos parlamentos e governos estaduais, no congresso nacional e na presidência da república. O clima político e social é marcado por polarização e tensão. O contexto é de grave crise, tanto na economia, quanto no que diz respeito a valores democráticos, à civilidade, à honestidade, ao cuidado com a vida e a criação de Deus. Discursos de ódio se intensificam e a verdade parece estar perdendo de goleada para as mentiras disfarçadas com o nome de fake news. O que a Igreja de Cristo pode fazer?

A Igreja de Cristo não se compromete com este ou aquele partido político, mas reconhece que a política é fundamental para definir a organização e os rumos da sociedade. A palavra “política” se origina do termo grego polis, que significa cidade, o ambiente público. A política tem a ver com a administração do âmbito público. Em 2018, a IECLB refletiu sobre o tema “Igreja, Economia, Política”. A associação das três palavras é fruto da reflexão do Reformador Martim Lutero. Para Lutero, a Igreja, a Economia e a Política existem porque Deus estabeleceu essas três ordens, e toda pessoa participa nos três âmbitos. Na concepção luterana, as três ordens da criação são modos pelos quais Deus atua e através dos quais o ser humano coopera com Deus.

Fé e ação política não são excludentes, mas a Igreja de Cristo não pleiteia uma teocracia como forma de governo. A teocracia faz parte da expectativa para o futuro, que somente a Deus pertence. Por enquanto, vivemos em um Estado democrático e laico, que não pode se apropriar do nome de Deus, assim como a Igreja não pode se apropriar do Estado. Todavia, a Igreja precisa se manifestar quando a justiça, a paz, a ética, a vida humana e a criação divina estiverem ameaçadas. Da mesma forma, a Igreja motiva o exercício da cidadania e a ação política comprometida com valores cristãos.

A Igreja de Jesus Cristo quer uma política baseada na busca por justiça, paz, bem comum para todas as pessoas e cuidado com a criação de Deus. Queremos uma política que não seja refém da economia, mas que regule a economia visando a vida e o bem comum. Neste sentido, seguimos o que Lutero escreveu no Catecismo Maior:

“Precisamos de soberanos e autoridades que tenham olhos e ânimo para instaurar e manter a ordem em todos os negócios e transações comerciais, para que os pobres não sejam sobrecarregados e oprimidos, tendo que arcar com pecados alheios”.

De fato, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir” (Hebreus 13.14). Enquanto vivemos no planeta Terra, apenas peregrinamos. Nossa morada definitiva será o reino de Deus. Mas, enquanto peregrinamos, precisamos viver de forma justa e garantir que outras pessoas e as próximas gerações também possam fazer a sua peregrinação. Nestas eleições, escolha pessoas comprometidas com a paz, a justiça, a vida digna para todas as pessoas e a sustentabilidade do planeta. Nestas eleições, ouça a voz de Cristo, que diz: “eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10.10).

Pa. Sílvia Beatrice Genz
Pastora Presidente

P. Odair Airton Braun
Pastor 1º Vice-Presidente

P. Dr. Mauro Batista de Souza
Pastor 2º Vice-Presidente
 


Âmbito: IECLB
Área: Missão / Nível: Missão - Sociedade / Instância Nacional: Presidência
Natureza do Texto: Vários
Perfil do Texto: Carta
ID: 68098
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O Espírito Santo permanece com a santa congregação, ou cristandade, até o dia derradeiro. Por ela, nos busca e dela se serve para ensinar e pregar a Palavra, mediante a qual realiza e aumenta a santificação, para que, diariamente, cresça e se fortaleça na fé e em seus frutos, que ele produz.
Martim Lutero
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