ESTUDO 7
PODE A FÉ TRANSFORMAR O MUNDO?
(CA VI e XX)
Wilhelm Boesemann
1. Ideal e realidade
O dirigente do grupo apresenta (conta ou lê) os seguintes exemplos da vida de hoje:
a) na aula de ensino cristão fala-se sobre a pergunta: Que é isso — um cristão? Surgem as mais diversas respostas e opiniões. Em certo momento Sérgio, um rapaz de 15 anos, desabafa: Sabem, para mim tudo isso é conversa fiada. Cristãos para lá, Igreja para cá; o que, afinal, os cristãos fizeram para mudar as coisas no mundo? Parece sempre o mesmo: vão à igreja no domingo, confessam seus pecados, cantam aleluia, ouvem o sermão, oram o Pai Nosso — e depois, durante a semana? Continua tudo na mesma. Brigam, exploram, passam o outro para trás, como o faz aquele negociante que rouba dos colonos dois quilos por porco que deles compra. E na vila é tido como ótimo sujeito, cristão exemplar, que vai sempre aos cultos e até faz parte do presbitério da comunidade.
b) Seu Albert, homem bem-quisto no bairro, trabalhador, é visitado pelo pastor numa quinta-feira depois do serviço. Sem que o último tivesse tocado no assunto, seu Alberto diz: É, pastor, o senhor mal me conhece. Vou, de fato, muito pouco à igreja. Sabe como é, a vida hoje em dia não é fácil. A gente precisa trabalhar muito para dar conta dos compromissos. Mas isto não quer dizer que eu não tenha fé. Tenho fé, sim, sou honesto e não faço mal a ninguém. Acho que isso é o principal.
Perguntas para reflexão em grupo:
— O que Sérgio, no seu íntimo, quer dizer e o que está procurando?
— O que ele espera do cristão e da Igreja?
— Seu Alberto aparentemente sente a necessidade de justificar a sua ausência no culto. O que, no fundo, ele quer dizer ao pastor?
— O que para ele é fé em Deus?
2. Uma questão decisiva
DIRIGENTE: A maioria dos nossos conterrâneos se diz cristão, mas a pergunta O que é isso — um cristão? é respondida das mais diversas maneiras. Onde encontrar a resposta? Devemos buscá-la naquele que deu o nome aos cristãos, em Cristo. Dele sabemos, entre muitas outras coisas, que ele fazia o que dizia, que não havia diferença entre seu falar e seu agir. Nisso e na sua obediência total à vontade de Deus ele era diferente de todas as outras pessoas.
Na medida em que a vontade de Deus se torna importante e decisiva para mim, surge também a pergunta decisiva: o que tenho que fazer, como devo ser, para que Deus diga: Você é um cristão, para que ele declare o seu sim sobre a minha vida? Devo ser como Jesus? — Vejamos o que diz a Bíblia a respeito: Ler: João 3.16; 6.28-29; 14.6; 15.5-7; Romanos 1.17; 3.23-28.
DIRIGENTE: Jesus é o caminho que nos leva a Deus. Somos aceitos (justificados) por Deus pela fé em Jesus. — No século XVI a redescoberta desta afirmação bíblica revolucionou e transformou a Igreja ao ponto de ele ficar dividida. Contra a doutrina de sua Igreja que naquela época prometia: Você será salvo, fazendo obras piedosas e pagando (em dinheiro!) pelos seus pecados, Martim Lutero levantou a sua voz, pregando a salvação pela fé em Jesus Cristo, que já pagou com a sua vida por todo pecado da humanidade.
Perguntas para reflexão:
— Quando dizemos a respeito de alguém: Eu creio nele — o que queremos expressar?
— O que significa crer em Jesus para você?
3. A nova obediência
DIRIGENTE: É evidente que uma conta já paga não precisa ser paga da outra vez. O mesmo vale para a nossa culpa perante Deus: Cristo pagou em nosso lugar, com a sua própria vida. Estamos livres. — E as obras? Que lugar elas ocupam na vida do cristão? Serão elas secundárias ou até supérfluas? Então o negociante citado pelo jovem Sérgio pode roubar dos colonos e ao mesmo tempo ser um bom cristão? (Deixar tempo para trocar idéias.) —
Claro que não. Se na vida de Jesus o agir correspondia ao falar, na vida do cristão não pode ser diferente. Se Jesus obedecia ao Pai, o cristão igualmente tem que obedecer a ele. E desta obediência surgem — como frutos — boas obras. Elas são resposta à graça de Deus que deixou Jesus sofrer as consequências da nossa desobediência. Boas obras como fruto, como resposta. eis a nova obediência — contra a velha que vê nas boas obras o meio para alcançar a graça de Deus.
É importante vermos o que entre os luteranos se ensina sobre esta nova obediência e a relação entre fé e boas obras:
(Os seguintes textos podem ser lidos por dois membros do grupo.)
A fé tem que produzir bons frutos e boas obras. Assim ela estará de acordo com o mandamento e a vontade de Deus. Mas não devemos achar que por causa das boas obras merecemos a graça de Deus. Pois recebemos perdão dos pecados e somos justificados unicamente pela fé em Jesus Cristo — como ele mesmo diz: Se tiverdes feito tudo que eu mandei, digam: Somos servos inúteis (Lc 17,10).
(De: A Confissão de Augsburgo, Art. VI, Da nova obediência)
A fé não quer nada além da graça e do perdão dos pecados. E como pela fé é dado o Espírito Santo, a pessoa se torna apta para fazer boas obras. Pois sem a fé e sem Cristo a natureza e a capacidade humana são por demais fracas para fazer o bem, invocar Deus, ter paciência no sofrimento, amar o próximo, cumprir tarefas recebidas, ser obediente, fugir à impureza, etc.
(De: A Confissão de Augsburgo, Art. XX, Da fé e das boas obras)
Perguntas para reflexão:
— O que ensina a CA nos seus artigos VI e XX sobre a relação entre fé e vida? O que são boas obras e como elas surgem?
4. Pode a fé transformar o mundo? (Est. 7 - pg. 3)
DIRIGENTE: Sérgio perguntou: O que, afinal, os cristãos fizeram para mudar as coisas no mundo? De fato, os luteranos muitas vezes já foram acusados de deixar de lado o engajamento em favor do semelhante necessitado, sofredor, injustiçado, oprimido e faminto, pregando uma graça barata.
Perguntas para reflexão:
— O que você pensa sobre a afirmação de que na nossa Igreja existe pouco engajamento social e político? Quais são as suas experiências?
— Você acha que a fé pode transformar o mundo? Em que você vê passos concretos para uma mudança? Onde deve começar este processo?
Pode a fé transformar o mundo? (Est. 7 - pg. 3)
5. Hinos sugeridos
Que o fogo Teu em breve ardesse
Sol da graça, luz de amar.
Veja:
Confessando Nossa Fé – Estudos da Confissão de Augsburgo
A Confissão de Augsburgo (sem notas e comentários)