eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância

01/12/2000

... eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.

João 10, cap. 10 - Lema bíblico da IECLB para 2001

• Edson S. Ferreira •

Vida abundante também para Shaya!

Novo milênio, novo século e a nossa Igreja traz como lema uma velha aspiração: vida abundante. Vida abundante para todos ou só para alguns? É possível nesta terra ter vida abundante?

O dia-a-dia nos mostra gente morrendo de fome, hospitais lotados, gente sem ter onde morar. O que é necessário para se ter vida abundante? Bens? Saúde? Muito dinheiro no banco?

O ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, o famoso juiz Nicolau dos Santos Neto, conseguiu adquirir apartamento caríssimo em Miami, depositou dinheiro, muito dinheiro, na Suíça, comprou muitos bens. Teria tal pessoa vida abundante?

Parece que Jesus está falando de uma qualidade de vida que independe do que, normalmente, acreditamos ser abundância. Jesus fala de um modelo de vida que traz abundância para o corpo, a alma, o espírito. De acordo com Jesus, isso independe do quanto a gente tem ou de quão famoso a gente é. De acordo com o Senhor Jesus, essa vida abundante independe do nosso QI, dos nossos músculos atléticos, das nossas rugas, do nosso grau de influência ou do nosso poder de aquisição.

Jesus veio trazer vida abundante. Isso significa que vida abundante é dada por Jesus. Quer dizer: quem anda com Jesus tem vida abundante. Assim sendo é possível dizer: posso não ter tudo que gostaria de ter, no entanto, por estar com Jesus tenho vida abundante.

Recebi um e-mail (correio eletrônico) do amigo Valdenir Markus e pensei: aqui aconteceu algo que provocou vida abundante. Resolvi repartir esse e-mail, pois, lendo essa história fiquei muito comovido e grato por existirem pessoas como essas que passo a descrever.

Em Brooklyn, Nova Iorque, Chush é uma escola que se dedica ao ensino de crianças deficientes. 

Em um jantar beneficente de Chush, o pai de uma criança fez um discurso que nunca mais seria esquecido pelos que estavam presentes. 

Depois de elogiar a escola e seu dedicado pessoal, clamou ele: — Onde está a perfeição em meu filho Shaya? Tudo o que Deus faz é feito com perfeição. Mas meu filho não pode entender as coisas como outras crianças entendem. Meu filho não pode se lembrar de fatos e números como as outras crianças. Onde está a perfeição de Deus? 

A audiência estava chocada pela pergunta que carregava consigo um sofrimento, uma dor, uma angústia. A audiência estava paralisada pela pergunta crucial. 

— Eu acredito, o pai respondeu, que quando Deus traz uma criança assim ao mundo, a perfeição que ele busca está no modo como as pessoas reagem a essa criança.

Então o pai contou a seguinte história sobre o seu filho Shaya:

— Uma tarde Shaya e eu (seu pai) caminhávamos por um parque onde alguns meninos que Shaya conhecia estavam jogando beisebol. Shaya perguntou: — Você acha que eles me deixarão jogar?

O pai de Shaya sabia que o filho dele não era muito atlético e que a maioria dos meninos não o queria no time deles. Mas o pai de Shaya entendeu que, se o seu filho tivesse a chance de jogar, isto lhe daria uma confortável sensação de participação.

O pai de Shaya aproximou-se de um dos meninos no campo e perguntou se Shaya poderia jogar. O menino deu uma olhada ao redor procurando por aprovação dos seus companheiros de time. Não conseguindo nenhuma aprovação, ele assumiu a responsabilidade em suas próprias mãos e disse: — Nós estamos perdendo por seis rodadas e o jogo está na oitava rodada. Eu acho que ele pode entrar no nosso time e nós tentaremos colocá-lo para bater até a nona rodada.
O pai de Shaya ficou alegre e feliz quando Shaya abriu um grande sorriso.

Pediram a Shaya para vestir uma luva e ir ao campo para jogar No final da oitava rodada, o time de Shaya marcou alguns pontos, mas ainda estava perdendo por três. No final da nona rodada, o time de Shaya marcou novamente e agora com dois fora e as bases com potencial para a rodada decisiva, Shaya foi escalado para continuar.

O time deixaria Shaya de fato bater nesta circunstância e jogar fora a chance de ganhar o jogo?
Surpreendentemente, foi dado o bastão a Shaya.

Todo mundo sabia que era quase impossível porque Shaya nem mesmo sabia segurar direito o bastão. Porém, quando Shaya tomou posição, o lançador se moveu alguns passos para arremessar a bola suavemente de maneira que Shaya pudesse ao menos rebater.

Foi feito o primeiro arremesso e Shaya rebateu desajeitadamente... e errou. Um dos companheiros do time de Shaya foi até ele e juntos seguraram o bastão e encararam o lançador à espera pelo próximo lance.

O lançador deu alguns passos para lançar a bola... suavemente para Shaya. Quando veio o lance, Shaya e o seu companheiro de time balançaram o bastão e juntos eles rebateram a lenta bola do lançador.

O lançador apanhou a suave bola e poderia tê-la lançado facilmente ao primeiro homem de base. Shaya estaria fora e o jogo terminado. Ao invés, o lançador pegou a bola e lançou-a em uma curva longa e alta para o campo, distante do alcance do primeiro homem de base. Todo mundo começou a gritar: — Shaya, corra para a primeira. Corra para a primeira!

Nunca na vida de Shaya ele havia corrido para a primeira base. Shaya saiu em disparada com os olhos arregalados e reluzentes. Enquanto Shaya corria, o lançador de posse da bola fez o mesmo gesto que havia acontecido antes. Lançou a bola alta e distante, acima da cabeça do terceiro homem de base. Todo mundo gritou: — Corra para a segunda, corra para a segunda.

Shaya correu para a segunda base, en-quanto os jogadores à frente dele circulavam deliberadamente para a base principal. Quando Shaya alcançou a segunda base, a curta para adversária, colocou-a na direção da terceira base e todos gritaram: — Corra para a- terceira.

Quando Shaya contornou a terceira base, os meninos de ambos os times correram atrás dele gritando: — Shaya, corra para a base principal! Shaya correu para a base principal, pisou nela e todos os 18 meninos o ergueram nos ombros fazendo dele o herói, como se ele tivesse vencido um grand slam e ganho o jogo para o time dele.

Aquele dia, disse o pai docemente com lágrimas caindo sobre sua face, esses 18 meninos alcançaram o nível da perfeição de Deus. Naquele instante, Shaya e eu, seu pai, experimentamos vida em abundância.

No fundo, todos nós somos como Shaya, deficientes. Pela graça e misericórdia de Deus podemos ser instrumentos úteis. Podemos ajudar a promover a vida abundante que Cristo veio trazer para os seus seguidores.


O autor é Pastor segundo vice-presidente da IECLB, e reside em Florianópolis, SC


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Autor(a): Edson Saes Ferreira
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Anuário Evangélico - 2001
Natureza do Texto: Artigo
ID: 32979
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Servi ao Senhor com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.
Salmo 100.2
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