Os cães de Moscou

01/12/2011

Os cães de Moscou

Anamaria Kovács

Circula pela internet um relato interessante sobre os cães de rua da cidade de Moscou. Eles moram na periferia, onde estão localizados os complexos industriais. Mas, como é mais fácil conseguir alimento no centro da cidade, eles aprenderam a tomar o metrô pela manhã — de preferência os primeiros e os últimos vagões do comboio, que estão mais vazios — e à noite, voltam para dormir em casa.

Estudiosos do comportamento animal teorizam que eles adotaram esse comportamento depois que os complexos industriais foram realocados e saíram do centro da cidade para se instalar nos subúrbios.

A façanha canina não pára por aí. Ao entrar no metrô, eles brincam, pulando para dentro do vagão no último segundo antes da porta fechar; lá dentro, aproveitam a viagem tirando um confortável cochilo sobre os bancos. Aprenderam a calcular o tempo da viagem, de modo que nunca saltam na estação errada. Uma vez no centro da cidade, eles atravessam as ruas somente com o sinal aberto para os pedestres, e começam o trabalho de arranjar comida. Usam táticas diferentes para adultos e crianças. Posicionam-se atrás do cidadão que faz o seu lanche, sem que ele perceba, e dão um latido forte. Com o susto, o homem (ou a mulher) deixa cair a comida... Com as crianças, eles brincam, pulam, sentam e lançam olhares suplicantes, o que sempre faz o efeito desejado.

A convivência com o ser humano, durante milhares de anos, tornou esses baixinhos muito espertos; a vida nas grandes cidades obrigou-os a desenvolver táticas de sobrevivência dignas de admiração. Na verdade, eles parecem ser melhores psicólogos que certas pessoas. Além disso, tornaram-se oportunistas, descobriram como calcular o tempo de uma viagem e têm mais bom-senso que certos humanos na hora de atravessar uma rua.

Segundo o tal relato, que inclui fotos dos cachorros instalados confortavelmente nos bancos do metrô moscovita, eles já têm imitadores em outros países europeus. Na Inglaterra, um cão costuma pegar um ônibus diariamente para chegar ao seu pub favorito, onde lhe dão salsichas; e há dois anos um gato usa o mesmo transporte para chegar a outro pub, onde lhe servem fish and chips (peixe com batata frita).

Do jeito que anda a nossa civilização, começo a acreditar que, depois da extinção da raça humana, cães e gatos herdarão a Terra...

Publicado no JORNAL DE SANTA CATARINA, coluna do dia 07/04/2011.
A autora é jornalista e professora emérita e reside em Blumenau/SC


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Autor(a): Anamaria Kovács
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Anuário Evangélico - 2012 / Editora: Editora Otto Kuhr / Ano: 2011
Natureza do Texto: Artigo
ID: 31873
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