Salmo 142.1-2,5a

Alocução Sepultamento

04/11/1995

1. O Caso

Falecimento de um menino de 13 anos, adolescente, que frequentava o 1° ano do Ensino Confirmatório. Ele foi vítima de uma leucemia fulminante. Esteve apenas um mês enfermo, desde que se manifestou a doença. A família é muito participativa na vida da Igreja.

2. Alocução

Prezado pai .......... e mãe .......... enlutados!

Prezado irmãozinho ..........!

Prezada família enlutada! Prezada comunidade enlutada!

Vivemos hoje um dia em que tudo é tristeza. Parecem estar longe as horas de alegria de outros dias. Nossas lágrimas rolam pelo rosto e as palavras ficam presas na garganta. Os sentimentos são de tristeza, luto, dor, angústia, insegurança, lágrimas e tantas perguntas sobre por que este sofrimento, esta dor se abateu sobre nós. A palavra da Bíblia nos convida a neste momento erguer a voz, clamar, suplicar diante de Deus e derramar, colocar diante dele toda a queixa, todo o sofrimento e dor. Assim nos diz o salmo 142.1-2,5a: Ao Senhor ergo a minha voz e clamo, com a minha voz suplico ao Senhor. Derramo perante ele a minha queixa, à sua presença exponho a minha tribulação. A ti clamo, Senhor; e digo: tu és o meu refúgio...

Quando nasceu o ........... o seu primeiro filho, vocês não pensaram em ficar com ele apenas alguns anos. Vocês tinham outros pensamentos e desejos para com ele. Queriam vê-lo crescer e ficar adulto. Desejavam que ele pudesse se desenvolver, crescer, se tornar alguém na vida, com uma profissão, que fosse feliz. E este desejo vocês manifestaram na prática, dando condições ao ..........para estudar em Maravilha. Agora ele já havia completado a l- série. Também já havia terminado o 1a ano do Ensino Confirmatório. O filho de vocês estava crescendo... com 13 anos, 11 meses e 10 dias, com muitos planos e esperanças ... desabrochando para a vida. O seu filho era um jovem muito alegre, cheio de vida, muito disposto, gostava de ajudar, de participar da vida da Igreja. Era uma flor em botão, muito bonita. Ele contagiava os outros jovens com sua alegria e força de viver... Um sinal visível disso é a presença de tantos jovens, amigos e colegas aqui, neste momento.

Prezados pais! Prezada comunidade reunida!

De repente esta flor bonita, esta rosa em botão, que é o filho de vocês, cheio de esperança e alegria, é chamado do nosso meio. Todos os planos, esperanças, desejos de vocês foram cortados de maneira muito dolorosa. Vocês, prezados pais, irmãozinho, família... precisam entregar a Deus o que mais amam — um filho querido. O que mais queriam que ficasse com vocês lhes é tirado. A sua dor, sofrimento e lágrimas se juntam à dor de outras famílias que recentemente perderam filhos/as. Nós nos colocamos do lado de vocês, prezada família enlutada, e sentimos a dor com vocês, não com muitas palavras. Palavras não conseguem expressar o que o nosso coração sente num momento desses. Trazemos um caloroso aperto de mão, um abraço, um buque de flores, um sincero olhar nosso para dentro dos olhos de vocês cheios de lágrimas, a nossa presença... Esses gestos querem ser um pequeno sinal de solidariedade, do estar junto com vocês nesta hora tão dolorosa.

Podemos imaginar como os últimos dias e noites, horas, minutos e segundos foram difíceis. Desde o momento em que se manifestou a doença, vocês travaram uma batalha pela vida. Apenas há três semanas atrás .......... apresentou sintomas de que estava doente. No dia 23 de dezembro vocês procuraram o médico. E no dia 26 de dezembro constatou-se, através dos exames realizados, que seu filho tinha leucemia. E então começou-se a travar uma luta, uma guerra grande entre a vida e a morte. Mas o menino não resistiu, chegando a falecer no dia de ontem, 23 de janeiro, no hospital regional em Chapecó.

Um momento como este é sempre de dúvida, de angústia, de dor, de aflição, de sensação de abandono, de sofrimento. Principalmente quando tudo acontece tão depressa, de maneira inesperada, quando a morte coloca, de repente, fim a uma vida tão jovem.

O que dizer diante de tal realidade? Prezada comunidade reunida! Prezada família enlutada! Onde encontrar resposta às dúvidas e interrogações que nos dominam nesta hora? Como desabafar a nossa dor e sofrimento?

Neste caso nós, as pessoas humanas, não temos resposta; nossas simples palavras e boa vontade não são suficientes para ajudar e confortar. Num momento assim só conseguimos encontrar ajuda real e concreta junto àquele que venceu a própria morte, que lhe tirou todo o poder! A única ajuda e auxílio, prezada família enlutada, nesta hora é saber que podemos derramar a nossa queixa, nossa dor perante Deus, que também é Pai e Mãe, que também entregou seu Filho Jesus Cristo em nosso favor e o ressuscitou para a nossa esperança. ( nos podemos fazer isto com fé. Deus ouvirá as nossas queixas e secará as nossas lágrimas. A nossa ajuda e auxílio nesta hora são a confiança e a fé em Deus, que através de Jesus Cristo, seu Filho amado, venceu a morte. Podemos clamar c suplicar, como fez o salmista: Ao Senhor ergo a minha voz e clamo, com a minha voz suplico ao Senhor. Derramo perante ele a minha queixa... A ti clamo, Senhor; e digo: tu és o meu refugio...

Deus é o nosso refúgio. Nele encontramos forças e ajuda para carregar as cargas mais difíceis de nossa vida. Também para vocês, prezados pai e mãe, irmãozinho, família enlutada, Deus quer ser o refúgio, aquele que ajudará a carregar a dor e o sofrimento desta perda. Deus quer segurar as mãos de vocês e guiá-los em sua caminhada. Deus lhes diz: Eu amo vocês e estou junto com vocês.

Não há nenhuma dor, isolamento, sofrimento que Deus em Cristo não conheça. O Filho de Deus, Jesus Cristo, passou por tudo isso e venceu a morte. Jesus Cristo como Senhor ressurreto quer estar do lado de vocês, com a força do seu consolo e conforto. Jesus Cristo diz: No mundo passais por aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

Esta palavra de consolo quer ser para vocês, prezada família enlutada, um pequeno arco-íris em meio ao temporal. Quer ser um sinal de esperança para a vida que continua. Quer dar forças para carregar esta carga, este fardo, esta cruz... a dor do luto pela perda do seu filho querido.

Que neste momento de muita dor e tristeza possamos clamar e derramar toda a nossa queixa diante de Deus. Também queremos guardar em nossa lembrança a alegria, a jovialidade, a força de viver, a disposição de ajudar e participar... o perfume deste botão de rosa. Na vida de .......... houve muitos sinais de amor e de vida... recebimento e doação de amor — sede de amor —, pequeno sinal daquele grande amor do qual vivemos e recebemos alento: Jesus Cristo! Todos os sinais de amor que foram semeados são um tesouro que nada e ninguém poderão apagar!

Deus há de ouvir a nossa oração e também conceder a toda a família enlutada, principalmente ao pai e mãe, irmãozinho, avós, o consolo e a força necessária para superar a dor e a tristeza dessa separação. Ficam as saudades e a esperança na ressurreição e vida eterna.
Deus é o nosso refúgio. Amém.


 


Autor(a): Claudete Beise Ulrich
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1995 / Volume: 21
Natureza do Texto: Liturgia
Perfil do Texto: Alocução
ID: 14203
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Meu filho, escute o que o seu pai ensina e preste atenção no que a sua mãe diz. Os ensinamentos deles vão aperfeiçoar o seu caráter.
Provérbios 1.8-9
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