Pistas e perspectivas para o avanço do diálogo ecumênico

1º. Encontro de Bispos Católico-Romanos e Pastores Sinodais da IECLB - 6-8/05/2002

08/05/2002

1. O ecumenismo, nas suas expressões avançadas, vive hoje uma nova fase. Se o primeiro período até a fundação do Conselho Mundial de Igrejas foi o tempo dos pioneiros e da organização, de 1948 até hoje a aproximação e o diálogo caracterizaram a caminhada ecumênica de muitas Igrejas, incluindo também a Igreja Católica Romana, que esteve ausente na primeira fase. Poderíamos descrever a nova fase que começamos a viver como o tempo da co-responsabilidade, da redifinição das relações eclesiais e da criação de formas e estruturas novas de comunhão.

2. Isso implica um maior envolvimento de “Responsáveis das Igrejas” em vista de encaminhamentos pastorais. Neste sentido, este encontro é um evento histórico por ser o primeiro encontro deste tipo entre Bispos católicos-romanos e Pastores Sinodais da IECLB.

3. Todos os documentos de diálogo teológico requerem por parte das Igrejas, comunidades e respectivas autoridades, um apaixonado esforço de recepção. A Declaração Conjunta sobre a doutrina da justificação assumiu a figura de documento maior na caminhada rumo à plena comunhão entre as duas confissões quer pela sua oficialidade quer pela temática e o método teológico. A DCJ já está se tornando objeto de uma mais ampla afirmação entre as Igrejas cristãs.(Columbus (Ohi,USA), 26 de Nov. – 1 de Dec.,2001)

4. Conscientes de que o processo de elaboração dos documentos de consenso teológico é diferente do processo de recepção. Existe, de fato, um descompasso entre as mais recentes reflexões teológicas e as práticas eclesiais, geralmente configuradas por posições teológicas mais antigas. É tarefa fundamental dos Pastores das Igrejas promover o preenchimento do descompasso que existe entre o que a reflexão teológica de nossas confissões desenvolveu e o que a nossa catequese cotidiana ensina e a prática eclesial confirma.

5. Finalidade deste encontro é dar início a uma nova fase do ecumenismo no Brasil, onde seja proporcionada ao povo cristão a alegria se ser juntos o que a nosso grau atual de koinonia permitir e de fazer juntos tudo o que a consciência não impedir. Queremos ter clara consciência das exigências do processo de recepção, mas queremos também sentir juntos até que ponto o consenso sobre a Doutrina da Justificação e a retirada das excomunhões recíprocas deve nos levar..

6. Nós anunciamos juntos o evangelho da justificação na nossa koinonia e a nossa koinonia é com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Nossa tarefa é tornar visível a nossa comunhão na fé e na graça batismal, pois não há volta na nossa caminhada para a plena comunhão eclesial.

7. A comunhão eclesial se estabelece entre pessoas e não entre textos teológicos. Não é possível alcançar uma renovada e plena comunhão sem conversão e sem uma contínua reforma eclesial. O compromisso ecumênicos exige isso dos Pastores das Igrejas e das comunidades.


TORNANDO VISÍVEL NOSSA COMUNHÃO EXISTENTE

“SER CRISTÃOS JUNTOS”


• O BATISMO, reciprocamente reconhecido, estabelece o laço sacramental da unidade existente entre todos nós que renascemos da água e do Espírito.

• O BATISMO nos orienta para a profissão da fé,
                                       para a plena integração na economia da salvação,
                                       para a comunhão eucarística.

 

PARTILHA DE ATIVIDADES E RECURSOS ESPIRITUAIS

I. Oração em comum

- Católicos e Luteranos devem ser encorajados a se reunirem para orarem em conjunto.
- Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.
- Retiro espiritual em conjunto entre Diocese e Sínodo, especialmente entre pastores.
- Encontros de reflexão; grupos de estudo e partilha das tradições de espiritualidade, para o aprofundamento de uma vida espiritual comum.
- Diálogo sobre o significado e celebração do Batismo.
- Celebração comum da memória do Batismo.
- Celebração comum do aniversário da Declaração Conjunta.
                                                (listar as circunstâncias, fazer um calendário)

II. Partilha da liturgia não sacramental

- Convidar e participar
- Atuar, especialmente na proclamação da Palavra e na pregação.
- O rito dos funerais.
- Orações públicas por outros cristãos, vivos ou mortos, e pelas necessidades e intenções da outra comunidade.

III. Partilha da vida sacramental, especialmente da Eucaristia (a partir da disciplina católico-romana):

• O Batismo se realiza numa comunidade eclesial concreta, deve, portanto ser celebrado por um só ministro, o da comunidade, mas ministro da outra comunidade pode participar da celebração atuando na proclamação da Palavra, por exemplo.
• Instaurar o costume da testemunha da outra comunidade, junto com o padrinho católico.
• A hospitalidade eucarística deve ser favorecida em circunstâncias a serem estabelecidas pelos ordinários do lugar: por exemplo, celebração de matrimônios mistos, primeira eucaristia de filhos de casais de casamento misto ou em outros momentos em que o casal de casamento misto esteja envolvido ou a família esteja envolvida.
• Proclamação da Palavra na Liturgia eucarística.
• Testemunhas em uma celebração de casamento em uma ou outra comunidade.

IV. Partilha de outros recursos para a vida e a atividade espiritual

• O diálogo teológico deve continuar em todos os níveis da Igreja.
• Pastores sinodais e bispos católicos podem encontrar formas de cooperar e desenvolver relações de responsabilidade mútua em seu exercício ministerial.
• Encontro regular de Bispos e Pastores em nível nacional, regional e local.
• Sempre que possível, Bispos e Pastores poderiam aproveitar a oportunidade de ensinar e agir juntos em aspectos da fé e princípios de conduta.
• Testemunhar juntos na esfera pública em assuntos que afetam o bem comum.
• Concordar o uso de templo e facultar o uso dos objetos necessários para o serviço litúrgico.
• Posse e uso comuns de lugares de culto.
• Escolas, hospitais, casas para pessoas idosas e instituições semelhantes, são lugares de pastoral ecumênica de conjunto.
• Casamentos mistos: sinais e fermento de comunhão não somente pessoal mas também eclesial.

 

COOPERAÇÃO ECUMÊNICA, DIÁLOGO E TESTEMUNHO COMUM

Firmados na comunhão de vida e de dons espirituais, há muitas outras formas ecumênicas que exprimem o testemunho do poder salvífico do Evangelho que os cristãos dão ao mundo.

Princípio

Estabelecer uma agenda comum para evitar a repetição e a multiplicação inútil de estruturas e iniciativas

Possibilidades de cooperação

1. Programas já estabelecidos por um dos membros.
2. Coordenação de ações independentes.
3. Iniciativas e programas elaborados em conjunto (exemplo Campanha da Fraternidade 2000 ecumênica}.

Conselhos de Igrejas e Conselhos Cristãos

1. Conselho Nacional de Igrejas Cristãs
2. Representações Regionais, Estaduais ou locais
(Núcleos (referenciais) Regionais – Núcleos Locais)

Comissão Nacional de Diálogo bilateral

1. Comissão Regional de Diálogo e Cooperação
2. Núcleo Local bilateral de Dialogo e Cooperação

Campos de cooperação

• Diálogo
• Estudo comum da Bíblia
• Textos litúrgicos comuns com a finalidade da cooperação, por exemplo, em presidir ou celebrar ofícios da esperança cristã em famílias enlutadas ou em cemitérios.
• Cooperação ecumênica no domínio da catequese.
• Cooperação nos Institutos de Ensino Superior.
• Cooperação ecumênica no diálogo com outras religiões.
• Cooperação na vida social e cultural: Justiça, paz, integridade da criação, mídia, medicina...

As propostas do CONIC

O CONIC vai celebrar sua IX Assembléia Geral em novembro próximo, assembléia comemorativa dos 20 anos de sua existência e assembléia eletiva. Sua preparação prevê a elaboração de uma nova cartilha para a formação ecumênica dos cristãos e a proposta de uma nova Campanha da Fraternidade ecumênica.

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Compete a Pastores Sinodais e Bispos avaliar quais iniciativas são viáveis, tendo presente a realidade dos diferentes Sínodos e Dioceses e priorizar algumas das propostas apresentadas ou sugerir outras a fim de que nosso caminhar juntos para a plena comunhão envolva todas as comunidades luteranas e católico-romanas.

Pe. Gabriele Cipriani - Secretário Adjunto do CONIC


 


Autor(a): Gabrieli Cipriani
Âmbito: IECLB
Natureza do Texto: Apresentação
Perfil do Texto: Palestra - Debate
ID: 13899
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