Relatório do Pastor Sinodal - Assembleia Sinodal - Sínodo Sudeste - IECLB - 2003

17/05/2003

Quando olhamos para o caminho percorrido pelo povo de Deus, reunido nas comunidades da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, percebemos que o seu testemunho procurou ser fiel aos passos de seu Senhor. Este povo sabe-se santo e pecador e, por isso, encara com muito realismo e sobriedade os avanços e os recuos que acontecem ao longo de sua jornada. As comunidades protagonizam o testemunho marcado por palavras e ações. Elas são maiores que o Sínodo. O Sínodo é apenas instância mediadora, articuladora, fomentadora, motivadora e catalisadora. Representa aquela estrutura mínima necessária para ajudar no testemunho do Evangelho.

Na área dos/as obreiros/as mantivemos as conferências semestrais na perspectiva da partilha, do encontro, convivência, estudo e aprofundamento. No segundo semestre de 2002 abordamos o tema “Eneagrama”. Um profissional da área terapêutica e de recursos humanos nos assessorou no auto-conhecimento, permitindo aos/as obreiros/as uma visão de sua personalidade, seus potenciais e seus limites. Esta conferência criou um bom clima de confiança e de proximidade. Neste ano tratamos o tema “Bibliodrama”. Trata-se de um método para abordagem de textos bíblicos que procura envolver o corpo e os seus sentido na busca pela mensagem da palavra de Deus. Também esta conferência permitiu uma grande confiança e cumplicidade por parte de seus participantes.

Agora, um dado a ser mencionado diz respeito à freqüência nas conferências (entre 50 a 60% do total dos/as obreiros/as). A participação é obrigatória, mas convivemos com o fato de que a liberação dos/as obreiros/as nem sempre é possível por razões de trabalho e/ou de família.

Os setores de trabalho (OASE, JE, Culto Infantil) desenvolveram seus trabalhos dentro dos limites possíveis. Na comunicação prosseguimos com a edição do Boletim Sinodal, apoiamos a Rádio Luteranosbrasil e definimos a construção de um portal na Internet. Já o setor de formação não conseguiu avançar conforme planejado. Diante disso o Conselho Sinodal em sua última reunião decidiu trabalhar por área geográfica.

Cabe aqui abrir um parêntese sobre as dificuldades que enfrentamos em matéria de motivação e mobilização para atividades sinodais. Percebemos que as distâncias e os custos inibem a participação das pessoas. As pessoas despertadas e motivadas a colocar os seus dons a serviço o fazem antes de tudo na comunidade local. Carecemos de lideranças e cada pessoa deslocada ou retirada para atividades supra-paroquiais, abre lacunas. Por isso faz-se urgente um maior planejamento e uma maior racionalização de eventos supra-paroquiais. A nucleação ( Uniões Paroquais) já existente poderia ser realçada e receber, assim, um outro status.

Fato é que nos cinco anos de existência do Sínodo Sudeste iniciamos muitas atividades que não tiveram uma continuidade satisfatória. O Levantamento Sinodal de 1998, que se propôs a recolher pontos fortes e carentes das comunidades para construir uma rede de apoio mútuo, teve como resultado positivo o fato de Rio Claro/SP assumir ao longo de todos os anos a coordenação do Culto Infantil no Sínodo.

Na área de planejamento realizamos uma Consulta sobre Missão (2000) que foi muito significativa. Ela constatou que o problema central é a “ baixa capacidade de compreensão e vivência do compromisso luterano”. Definiu a missão do Sínodo Sudeste como a de: “ Fomentar o testemunho do Evangelho de Jesus Cristo, segundo a Confissão Luterana, para possibilitar as pessoas viverem a graça da salvação pela conscientização, capacitação e mobilização das lideranças das comunidades em ações concretas na sociedade.”

A partir disso colocamos como prioridade a formação de lideranças. Investimos no Curso Básico da Fé e definimos quatro eixos de formação ( Bíblia; Convivência/Partilha;Vocação e Dons: como estar atento/ e Aprofundar a Missão de Deus a partir da prática missionária e diaconia).

A participação nestes seminários de planejamento ficou aquém do desejável. Por isso a tomada de consciência sobre o problema central que afeta as comunidades não acontece de forma igual. A sintonia só é possível quando há encontro e partilha. A construção de um consenso se dá quando obreiros/as e presbíteros/as se encontram, fazem um diagnóstico e conversam sobre metas e objetivos. Quanto mais os/as presbíteros/as tiverem visão clara acerca dos objetivos futuros, tanto menos as comunidades sofrerão com as trocas de obreiros/as. O envolvimento e comprometimento dos/as presbíteros/as em torno da focalização das ações comunitárias bem como o aprofundamento das motivações que levam a estas ações torna-se fundamental para a saúde comunitária. Em muitos casos são os/as obreiros/as que tem as visões e os/as presbíteros/as, muitas vezes, apenas retificam, ratificam e assumem estes projetos. Quanto mais os presbíteros/as estiverem imbuídos dos sonhos e projetos, a saída de obreiros/as sofrerá menor descontinuidade.

Desde a última Assembléia aconteceram eventos importantes nas comunidades do Sínodo Sudeste: 100 anos Comunidade de Cosmópolis/SP, 50 anos da Comunidade de Indaiatuba/SP, 15 anos do templo de Sorocaba/SP, 40 anos do Centro Educacional Evangélico Internato Rural em Teófilo Otoni/MG, lançamento da Pedra Fundamental do Templo em São José dos Campos/SP, inauguração de Salão Comunitário em Valinhos/SP e aquisição de terreno em Ribeirão Preto/SP.

Além disso, tivemos e temos a presença de Candidatos aos Ministérios Pastoral e Missionário e de estagiários/as da Escola Superior de Teologia. Aconteceram ordenações e instalações de obreiros/as o que reflete a grande dinamicidade que acontece na área de pessoal no Sínodo Sudeste. No momento temos: 33 pastores, 10 pastoras, 2 pastores residentes, 3 pastoras residentes, 5 diáconas, 1 diácono, 2 diaconisas, 1 catequista, 4 pastores eméritos e 5 viúvas de pastor. Além disso, estão presentes no Sínodo 4 candidatos ao ministério pastoral e 1 candidato ao ministério missionário.

Por fim não pode ser ignorada a diaconia enquanto expressão pública da fé cristã. O comprometimento de dezenas de membros de nossas comunidades com a causa das pessoas mais sofridas de nossa sociedade muito nos alegra. Ela corresponde ao modo pelo qual entendemos e vivenciamos a graça de Deus neste mundo. Em meio à desgraça podemos testemunhar nossa fé na prática do amor. A diaconia em nosso Sínodo assume diversos rostos. Ela acontece na forma de grupos comunitários que desenvolvem alguma ação de apoio para aliviar as dores das pessoas. Ela se dá mediante a organização e apoio a entidades e instituições jurídicas que desenvolvem diversos programas assistenciais, educacionais, culturais e de saúde. Algumas dessas instituições são modelares e tem amplo reconhecimento na sociedade civil devido a sua seriedade na prestação de seus serviços.

Queira Deus nos iluminar e conceder sabedoria e perseverança para seguir no seu caminho.

 
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Quando um mestre foi perguntado, se ele não ficava desanimado, quando apesar de todo o esforço por ele empreendido, ele ver tão poucos frutos, ele contou uma história.

Uma lesma numa manhã de início de inverno, num dia de muito vento resolveu subir no tronco de uma árvore. Os pardais que estavam numa árvore vizinha riam do seu intento.
Um pardal fez um vôo rasante e passou bem perto da lesma e disse: “Ei, sua burra, você não vê que nesta árvore não tem cerejas?”
A lesma não se fez de rogada e respondeu: “ Não faz mal. Até eu chegar lá em cima, já vai ter algumas.”

 


Autor(a): Rolf Schünemann
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Prestação de contas
Perfil do Texto: Relatório
ID: 14754
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Servi ao Senhor com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.
Salmo 100.2
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