Os líderes das Igrejas Luteranas da América Latina e do Caribe têm lidado com o desafio de pregar o Evangelho em diversas culturas e em meio a população oprimida. Elas pedem uma nova linguagem teológica, um engajamento missionário integral e apoio para os jovens membros de suas igrejas.
A conferência de lideranças das Igrejas da região da América Latina e do Caribe teve lugar de 15 a 19 Abril em Manágua (Nicarágua) e foi organizada Igreja Luterana Fé e Esperança, com o lema Igrejas Luteranas, Igrejas do mundo.
A conferência foi organizada pelo Secretariado na América Latina e Caribe do Departamento de Missão e Desenvolvimento (DMD) da Federação Luterana Mundial (FLM) e em colaboração com a Igreja nicaragüense. Cerca de 50 líderes de igrejas da região participaram do evento anual, que serve como uma plataforma para a tomada de decisão, elaboração de relatórios, colaboração e oportunidades de networking.
Os líderes das igrejas falaram sobre os desafios e também sobre as oportunidades que trazem consigo tendências, como a crescente secularização e indiferença para com a fé e a religião. Também foi salientada a necessidade de rever a linguagem teológica que é usada para proclamar a Palavra de Deus nas diferentes realidades culturais em países predominantemente católico-romanos.
Muitos dos líderes das Igrejas expressaram sua preocupação com o fato de ser difícil pregar a Palavra de Deus num contexto em que a pobreza, a violência crescente e as mudanças climáticas determinam a vida das pessoas.
Rev. Gustavo Gómez, presidente da Igreja Evangélica Luterana Unida na Argentina (IELU), falou sobre a dificuldade de ser uma igreja inclusiva em uma sociedade complexa, na qual mudou a percepção da diversidade.
Reconhecer a identidade luterana em um mundo em mudança é uma tarefa muito difícil.Quando pensamos na identidade luterana, pensamos em grandes igrejas, com bancos de madeira e um órgão de tubos, que é visitado por pessoas de pele clara que falam alemão ou inglês.
Se permanecer este nosso ponto de vista, nunca seremos 100 por cento luteranos. A comunidade luterana está mudando, ela se torna algo novo, com novos rostos e formas de expressão, disse Gomez.
Rev. Emilio Aslla, Presidente da Igreja Evangélica Luterana Boliviana (IELB), falou sobre a diversidade em sua igreja. Nós falamos de diversidade, porque nossa igreja é multicultural e multilingue. Falamos espanhol e também aymara, quéchua e guarani, e cada comunidade tem sua própria história e suas tradições.
Quando os missionários cristãos chegaram à Bolívia, a população indígena foi convidadoa a desistir de sua cultura, disse Aslla. Este foi um processo doloroso, mas agora queremos viver com a nossa diversidade. A pergunta difícil é: Como podemos continuar a ser luteranos, sem esquecer a nossa história?
O líder da igreja boliviana falou da falta de material teológico que estaria disponível para atender a população indígena na região. Na Bolívia não chegamos a muitas pessoas sem as ferramentas adequadas, disse ele. E isso é um problema fundamental com a qual temos de nos ocupar.
Os jovens são o futuro da Igreja
Durante a conferência foi aproveitado e usado pelos delegados para painéis de discussão e apresentações o programa Creatitude, que foi desenvolvido pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) para envolver os jovens de uma forma criativa.
Dom Eduardo Martínez da Igreja Evangélica Luterana da Colômbia (IELCO) relatou o que significa ser uma jovem igreja em que 42 por cento dos membros têm menos de 25 anos de idade, e disse que isso era um motivo de comemoração.
Estamos convencidos de que a nossa igreja tem um futuro promissor pela frente. Nos dá esperança o fato de que nos próximos anos inúmeros novos líderes de igreja e novas líderes de igreja e pessoas de fé luterana estarão trabalhando na Igreja e na sociedade, acrescentou o bispo Martinez.
No entanto, a IELCO está confrontada com o desafio de encontrar novas formas de apoiar os jovens na fé. Queremos ajudar os jovens a crescer como pessoas em sua espiritualidade. Nossos cultos têm de responder melhor a elas para que se sintam parte da igreja.
Luterana educação e formação como base
A educação e a formação teológica foi outro tema chave da conferência. As igrejas analisaram seu engajamento para ajustar os serviços pastorais para um melhor atendimento em meio às sociedades em transformação em que estão atuando.
Eles afirmaram que a educação e a formação teológica precisa se basear no contexto social e deve responder a populações vulneráveis. Bispo Melvin Jimenez da Igreja Luterana em Costa Rica (ILCO) disse: Os pastores precisam ser capazes de pregar, oferecer cuidado pastoral e simultaneamente trabalhar pelos direitos humanos e na defesa de direitos.
O sistema de educação teológica precisa se concentrar sobre a teologia prática, a fim de fortalecer toda a diaconia e participação em todos os níveis da sociedade e da Igreja, reafirmaram os líderes da igreja. As igrejas-membro concordaram em apoiar iniciativas locais em educação teológica através de programas de treinamento on-line. Além disso, o conflito de gerações precisa ser superado pelo apoio dos/as jovens líderes da igreja como mentores para que a geração mais idosa possa se apropriar de novas habilidades.
As contribuições desta conferência de lideranças das igrejas em vista 2014 levaram a um debate rico em conteúdo sobre a herança luterana que é trazida para dentro de um contexto e nos chama para reformar os processos de nossa educação e formação teológica, disse o Rev. Dra. Patricia Cuyatti, Secretária da FLM para a América Latina e Caribe.
Os líderes das igrejas estabeleceram as prioridades para Conferência de Liderança da Igreja 2014. Ela deverá tratar sobre teologia prática, a hermenêutica a partir da perspectiva da América Latina e do Caribe, os programas de educação on-line, o papel da teologia no mundo ecumênico e inter-religioso e da educação e formação teológica, tendo em conta a economia global.
Em todos os assuntos da perspectiva de gênero é levado em conta.
Veja também: Capacitação de jovens promovida pela Federação Luterana Mundial - FLM, na Nicarágua
