Prédicas e Meditações



ID: 2931

A surpreendente história de Estêvão (parte 2) - 12/09/2021

Sua importância na compreensão da missão da Igreja de Cristo Jesus

12/09/2021

Atos 6.6

E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.

Atos 8-1

1 E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos.

A surpreendente história de Estêvão (parte 2)

- sua importância na compreensão da missão da Igreja de Cristo Jesus

Na semana passada encerrei a pregação dizendo que “Saulo aprovou a morte de Estêvão” (8.1). Disse que o sangue dos mártires é a semente da Igreja. O sangue de Jesus fundamenta a Igreja. A nossa disposição em defender o Evangelho de Cristo instruído pela ação do Espírito Santo fará a diferença entre a mentira e a verdade em nossos tempos.

“Por isso o meu coração está feliz e alegre,
e eu, um ser mortal, me sinto bem seguro,
porque tu, ó Deus, me proteges do poder da morte.
Eu tenho te servido fielmente,
e por isso não deixarás que eu desça ao mundo dos mortos.
Tu me mostras o caminho que leva à vida.
A tua presença me enche de alegria
e me traz felicidade para sempre”. (Salmo 16.9-11)
 

Tu me mostras o caminho que leva à vida.

A tua presença me enche de alegria e me traz felicidade para sempre”. (Salmo 16.9-11)

A mentira normalmente está à serviço de quem quer tomar o poder ou quer justificar sua arrogância, sua falta de lizura para com a verdade ou justiça. Vejam como isso acaba acontecendo com Estêvão. Não foi João, nem Pedro, nem Tiago ou outra pessoa próxima a Jesus que foi apedrejada até a morte por blasfêmia. Foi justamente alguém que nem conheceu Jesus mas que o chamava de “Cristo” ou Messias. Ele foi o alvo perfeito: alguém de fora, desconhecido, novo convertido e não acostumado ao jogo das palavras dos poderosos. Provavelmente Estêvão não tivesse ouvido falar de Jesus antes de ele ter sido crucificado. Não era de Jersulém, mas foi para lá em peregrinação junto com outros milhares de judeus que vinham de longe. Foi provavelmente no Pátio dos Gentios que ouviu galileus agricultores e pescadores falar de um nazareno a quem chamavam de Messias. Foi ali que Estêvão provavelmente também viu pessoas pobres que haviam vendido o pouco que tinham que esperavam cumprir-se a esperança que o Messias morto e ressuscitado viesse em breve para resgatar todas as pessoas que nele creram. Creram porque era o Filho de Deus prometido para a redenção de todo povo. Deve ter ouvido desta gente simples seguidora de Jesus que, ao ressuscitar dos mortos, confirmava sua posição de Messias. Vale a pena crer e aguardar a salvação que está próxima.

A acusação dos “donos da verdade” parece ser a mesma da acusação feita contra Jesus: o temor do templo ser destruído. Afinal, o majestoso templo construído por Salomão foi totalmente reformado por Herodes, o Grande. O Templo, e a lei de Moisés que lá estava, era administrados por um romano pagão. O Templo ameaçado?

O fim da história desse revolucionário messiânico, simplesmente chamado de Jesus, nome comum à sua época, não chega ao fim com sua morte. Acusado de corrupto e revolucionário, que com açoites e azorragues estaria lançando uma rebelião contra o templo, sua história perdura. Crucificação e morte, e por fim um túmulo vazio, não deram sossego aos incomodados. Estêvão era, agora, a pessoa perfeita para dar um basta em tudo. Acabar com Estêvão acabaria com a ilusão de uma liderança divina em meio ao Estado laico. Afinal, Estêvão dizia que este Jesus é Deus. Como assim? Um agitador morto na mais terrível forma de excução dos romanos, a cruz, agora guindado ao posto de criador dos céus e da terra?

O grito de dor e a oração de Estêvão alçada aos céus fala mais alto que o amontoado de pedras e escombros lançados sobre este servidor da Igreja de Cristo. Debaixo dos escombros estavam as últimas imagens de um Messias Jesus derrotado na cruz. Embora tudo acontecesse novamente do lado de fora dos muros de Jerusalém — tal qual a crucificação de Jesus — este que agora é morto tem a chance de apontar para o céu aberto e resgatar a imagem do Cristo vivo à direita de Deus. “…cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita”, interpreta, retroativamente, o evangelista Lucas. Audível foi a voz do mártir: “Senhor, não condenes esta gente por causa deste pecado!” (v.60)

Iniciou-se, assim, grande perseguição à esta gente que passou a crer no NOVO, naquilo que representa a continuidade da história de Deus para com seu povo, agora expandido para todas as nações.

Em torno de quinze anos após este acontecimento, aquele moço que tomava posse das vestes que não seriam mais usadas pelo mártir cristão que acabara de ser lapidado, dá continuidade a este surpreendente história de Estêvão. Ao que tudo indica, a grande narrativa da ação de Deus com Seu povo deixa de ter como personagem central a heróica história do Rei Davi e passa a ter no martírio de Estêvão sua expressão de resistência e fervor. Pelo menos essa é a impressão que fica no feitos da Igreja Primitiva que iniciava seus sofridos passos na história.

Fariseu fanático e fervoroso que era, Saulo é convertido para Cristo. Como auto-denominado discípulo fora do tempo, sem nunca ter visto Jesus em sua presença terrena, Saulo vê Jesus com um coração prostrado e cheio de fé como seu Messias e Deus. Sim, isto confundiu os judeus! Ao ponto de fazerem uma campana, dia e noite, diante das portas da muralha, para o matarem. No entanto, os discípulos baixaram Saulo — mais tarde teve o nome trocado por Paulo — dentro de um cesto amarrado a uma corda pelo muro. Assim pode seguir seu caminho dando crescimento à Igreja (Atos 9).

Recordamos tudo isso para chegarmos ao ponto surpreendente: a morte do Salvador Jesus Cristo aparentemente reverberou quase que exclusivamente dentro dos muros da cidade. As discussões e dissensões aconteciam no Templo e ao redor dele. A morte do primeiro mártir tornou o tema do Povo de Deus restaurado pela ação messiânica de Cristo um tema que ecoou para fora dos muros e ganhou o mundo. Ao ponto de um Saulo, agora Paulo, escrever em uma de suas cartas palavras inspiradas no profeta Isaías que agora, segundo sua percepção, assumem novo significado:

Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos.

E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte — morte de cruz.

Por isso Deus deu a Jesus a mais alta honra e pôs nele o nome que é o mais importante de todos os nomes, para que, em homenagem ao nome de Jesus,
todas as criaturas no céu, na terra e no mundo dos mortos, caiam de joelhos e declarem abertamente que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus, o Pai” (Filipenses 2.6-11).

Acredito que este tenha se tornado um hino cristológico muitas vezes cantado nas sinagogas e na comunhão cristã mundo afora.

Todas as demais testemunhas da vida e obra de Cristo, as testemunhas oculares ou os que saudaram dizendo “Hosana, bem vindo o Rei!” em sua entrada triunfal em Jerusalém para depois gritarem “Crucifica-o!”, tiveram menos influência na propagação do Evangelho que estas testemunhas do martírio de Estêvão, décadas depois. É surpreendente verificar que a conformação do cristianismo hoje se deveu ao resgate da história de Estêvão para que o mundo viesse a crer que Jesus, o Cristo, Filho de Deus, é o Senhor e Salvador do mundo diante do qual todos os joelhos deverão se curvar.

Como disse na pregação passada, “o sangue dos mártires é a semente da Igreja. O sangue de Jesus fundamenta a Igreja. A nossa disposição em defender o Evangelho de Cristo instruído pela ação do Espírito Santo fará a diferença entre a mentira e a verdade em nossos tempos”.

Assim fica claro e evidente que o Deus que atuou na história do povo de Israel, deste Abraão, passando por Isaque, Jacó, chegando a Moisés, à lei e ao Templo itinerante, é agora concretizada em Cristo Jesus e na história da Igreja em nossos tempos.

Quem é Jesus Cristo para a Igreja em nossos dias?
Quem é Jesus Cristo para as pessoas batizadas?
Quem é Jesus Cristo para você, pessoalmente?
Você se exporia como Estêvão fez em defesa do seu testemunho?

Oremos:
Senhor bondoso, coloca a tua verdade diante dos nossos olhos. Dá-nos coragem e determinação em testemunhar esta verdade aos quatro cantos. Permita que, com clareza, se desfaçam todas as formas de mentiras e traições, também dentro da tua Igreja e que façamos o que a Tua vontade nos tem revelado.
Amém!  

Endereço da pregaçào:  

 

 

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Autor(a): Pr. Rolf Rieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Martin Luther (Centro-RJ)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Atos / Capitulo: 6 / Versículo Inicial: 6 / Versículo Final: 6
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 64959

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