IECLB e Conselho Latino-Americano de Igrejas - CLAI


ID: 2705

Modelos de integração econômica não enfatizam dignidade humana

23/08/2004

O Conselho Latino-Americano de Igrejas (Clai) abriu, no dia 18 de agosto, em São Paulo, a Consulta Continental sobre Integração do Mercado e a Dignidade do Ser Humano, promovida pelo Programa Fé, Economia e Sociedade. A Consulta foi até o dia 22 e contou com cerca de 80 participantes de 22 países, representantes de 30 denominações e instituições.

Um ato público foi realizado na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), com painéis ministrados pelo deputado federal Luiz Eduardo Greenhalg, do Brasil, e pelo deputado Axel Par, da Suécia, com o objetivo de responder se a integração econômica do mercado promove dignidade humana. 

O evento, disse o secretário geral do Clai, reverendo Israel Batista, surge como resposta à demanda das igrejas que, com o tema da integração, se vêem diante de algo muito mais complexo do que a dívida externa ou a pobreza, já que ela apresenta pontos positivos e negativos. 

Essa consulta pretende abrir um diálogo com o setor político para, num segundo momento, possibilitar nossas próprias reflexões bíblico-teológicas e assim pautar uma ação pastoral, missionária e litúrgica, explicou Batista. 

O deputado Axel Par destacou a necessidade de desafiar os Estados Unidos não com armas ou com a economia, mas com os nossos valores. Ele afirmou que a integração da União Européia elevou o nível dos direitos humanos e da responsabilidade social, e que houve um aprofundamento da cooperação. 

Par está consciente, porém, que a dignidade humana depende da promoção de um sentimento de união que não se restrinja à questão financeira. Os líderes religiosos podem ter um papel muito importante como exemplos para a humanidade, que está perdendo seu sentido de ser, concluiu.


O deputado Luiz Greenhalg declarou que a integração deve ser construtiva e de reciprocidade, e o governo se propõe a compor uma liderança que compartilhe sonhos na sociedade do Mercosul - que deve ser expandido para a Colômbia, Bolívia, Chile, entre outros, e tirar do isolamento mundial a República de Cuba, rompendo o bloqueio econômico que se impõe, independente do juízo de valor sobre o regime. 

Quanto à dívida externa, Greenhalg exortou as nações ricas a seguirem o exemplo do Brasil e perdoar os devedores, já que recentemente perdoou dívidas de alguns países africanos, de El Salvador, da Nicarágua e de Cuba. 

Para Greenhalg, a integração econômica do mercado não restabelece a dignidade humana - essa é a função dos cristãos e dos crentes em Deus no desenvolvimento de uma 'teologia das brechas e das salivas': aproveitar toda e qualquer circunstância para o diálogo, concluiu o petista, que tem uma trajetória fortemente ligada aos movimentos sociais católicos. 

Acho que o debate promovido no ato público foi uma experiência muito enriquecedora, que conciliou duas experiências: a visão brasileira do Mercosul, ainda um processo recente, e outra sueca, da União Européia, que já dura quase 50 anos, avaliou Anivaldo Padilha, da Igreja Metodista da Lapa e um dos organizadores do evento. 

Segundo Padilha, as exposições deixaram um recado muito claro: o processo de integração econômica, como está se desenvolvendo hoje, não tem conseguido promover a integração entre mercado e a dignidade do homem. 

Devemos buscar e propor alternativas para que todo esse processo esteja a serviço da dignidade humana, declarou o metodista. É justamente isso que passa a ser feito a partir de agora na consulta que o Clai promove. 

A consulta é apenas o início de um processo de reflexão sobre esse modelo globalizante que vem sendo imposto como única alternativa para os povos. Porém, poucos sabem o que está acontecendo, por quê está acontecendo e quais seus impactos na sociedade, alertou o sacerdote anglicano Luiz Caetano Grecco Teixeira, secretário regional do CLAI para o Brasil e coordenador do evento. 

Outro ponto que Caetano levantou é a inserção da igreja evangélica nesse processo. Para ele, é preciso que os crentes se preparem para ouvir, reunir informações e tirar elementos que possam subsidiar um debate mais profundo que demonstre, inclusive, como ficam ministérios fundamentais como os trabalhos sociais e a evangelização no novo contexto. Ou fazemos isso ou poderemos estar apoiando algo que vá diretamente contra o Reino, disse.

Fonte: ALC Notícias
 

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