IECLB e Conselho Mundial de Igrejas



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Bolivianas defendem teologia indígena de respeito à Terra

17/05/2011

Sofía Chipana Quispe faz parte da primeira geração da sua família que nasceu na cidade. Seus pais migraram para La Paz, na Bolívia, vindos de áreas rurais dos Andes antes dela nascer, em 1952. Sofia Chipana tornou-se uma das principais vozes da teologia que defende valores indígenas relacionados à dignidade e à santidade com a Terra e o respeito por todas as formas de vida.

No segundo dia da Convocatória Internacional pela Paz (CEIP), na quinta-feira, 19, ela partilhou um pouco de sua experiência e sabedoria numa oficina sobre o “paz na comunidade”, tema do dia em Kingston, Jamaica.

Ao lado de outros dois representantes do povo Aymara, Chipana ofereceu uma reflexão sobre a paz com base em valores ancestrais que têm acompanhado suas comunidades através de gerações e os ajuda a buscar relações de paz e harmonia nas suas comunidades.

Qullan qamaña suma, Taika Utasana (Viver com dignidade e santidade na grande casa da Mãe Terra) foi o título escolhido pelo grupo aymara para mostrar como é possível ter dignidade mesmo num mundo marcado pela injustiça.

O grupo defendeu a ideia de que o conceito de ayllu oferece valiosas pistas para uma visão holística da paz. Ayllu é a comunidade onde existe inter-relação e interdependência entre a Mãe Terra, os seres humanos e todas as criaturas. Tudo é parte de tudo, disse Chipana.

Ao longo de toda minha infância, mesmo vivendo na cidade, meus pais sempre me levaram para contato com meus avós que viviam no campo, contou Chipana, descrevendo as influências de sua vida que tiveram reflexo na sua vivência num ambiente urbano.

Qualquer perspectiva de paz gira, para povos andinos, em torno da busca de equilíbrio e harmonia entre todos os seres que partilham o mesmo espaço.

Para Vicenta Bernabé Mamani, outra coordenadora da oficina, a busca pela paz justa acontece em três níveis: os ritos, as festas e a experiência da justiça.

Mamani e Chipana fazem parte da Comunidade das Mulheres Teólogas Indígenas de Abya Yala, um grupo apoiado pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI). Abya Yala é o nome indígena para toda a região da América Latina e Caribe.

Depois de começar a trabalhar como missionária católica, Chipana morou por vários anos entre o povo Quechua, também na região andina. Essa experiência foi decisiva para definir minha espiritualidade, porqu redescobri a relação integral que cada pessoa tem com a criação de Deus, disse ela.

A espiritualidade andina é incondicionalmente ligada à Pacha Mama, a Mãe Terra, mas também é marcada por padrões éticos e da aplicação desses valores dentro da comunidade e de manifestações de solidariedade com os outros.

Em muitas situações de conflito ou necessidade extrema, o apoio vem dos próprios membros da comunidade. Pedir e receber ajuda é uma parte importante na construção de nossas relações de forma mais igualitária, relatou Chipana.

ALC
Marcelo Schneider

 

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