IECLB e Conselho Mundial de Igrejas



ID: 2701

Decisões do Comitê Central do CMI dão o tom para o futuro

07/09/2009

O Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), o órgão decisório máximo no intervalo entre a realização das assembléias gerias, tomou decisões sobre uma série de propostas e documentos relacionados a uma grande variedade de temas, incluindo questões religiosas, políticas e sociais, de importância estratégica para as igrejas membro. Questões de governança e financeiras também foram discutidas.  

O CMI reúne 349 igrejas em mais de 110 países. Entre essas, igrejas Ortodoxas, Anglicanas, Batistas, Luteranas, Metodistas, Reformadas, unidas e independentes. O número total de membros ligados a essa rede representa mais de 560 milhões de cristão.

O pastor Dr. Walter Altmann, presidente da IECLB e moderador do Comitê Central do CMI, disse na conferência de imprensa no final da reunião (realizada entre os dias 26 de agosto a 2 de stembro, quando foi eleito o novo secretário geral do CMI, o teólogo e pastor luterano norueguês Olav Fykse Tveit) que, mesmo com uma agenda tão carregada, ele estava satisfeito com o resultado do encontro. “Houve um fortalecimento do testemunho das igrejas e da sua expressão de irmandade”, disse ele.

O atual secretário geral do CMI, reverendo Dr. Samuel Kobia, concordou com a avaliação de Altmann sobre o encontro: “Foi visível a vivência da irmandade além das tarefas da reunião, nas celebrações, na interação do grupo e na maneira como os membros do Comitê Central apoiaram uns aos outros.”

Eleição do secretário geral
O teólogo e pastor luterano norueguês, Olav Fykse Tveit, 48 anos, é o 7º secretário geral do CMI eleito pelo Comitê Central. Ele sucederá o reverendo Dr. Samuel Kobia, que encerra seu mandato no final de 2009. Tveit é mais jovem eleito para o cargo desde Willem A. Visser't Hooft, que esteve à frente da fundação do organismo ecumênico, há 61 anos.

10ª Assembléia
A cidade de Busan, na Coréia do Sul, foi escolhida como o local para a realização da 10ª assembléia, em 2013. A cidade está ansiosa para acolher o evento. “É uma grande alegria que a Coréia possa convidar a Assembéia do CMI”, disse o reverendo Dr. Park Jong-wha, representante do Conselho Nacional de Igrejas da Coréia do Sul no comitê internacional. Ele expressou a esperança de que a presença do CMI possa contribuir decisivamente para a reconciliação e reunificação pacífica na península dividida.

Programas e finanças
O Comitê Central analisou o trabalho programático do CMI e expressou a sua alegria pelo que foi realizado desde a sua última reunião. Reconhecendo a não-sustentabilidade dos programas na forma que estão atualmente organizados, o Comitê recomendou a sua reestruturação. Ao invés de reduzir atividades, foi reforçada a necessidade de se priorizar e abordar de forma mais modesta e sustentável o trabalho programático. Entre os critérios de prioridades foi recomendado focar na contribuição diferenciada do CMI como uma associação global de igrejas.

Foi adotada uma série de recomendações relacionadas com o orçamento de 2010. “Estamos antecipando nova diminuição nas contribuições no final de 2009”, disse Dean Anders Gadegaard, o moderador para finanças do Comitê Central. Gadegaard acredita que as reduções em 2010 possam chegar a 5-10%. O orçamento de 2010 é de 35,5 milhões de francos suíços. A aprovação final para o orçamento de 2010 acontecerá em reunião do Comitê Executivo em fevereiro de 2010.

Declarações sobre questões públicas
O Comitê Central do CMI divulgou uma série de notas e declarações públicas:

Lei paquistanesa da blasfêmia. O comitê conclamou ao governo do Paquistão para “garantir os direitos de todas as minorias religiosas no país”. Também declarou que a lei paquistanesa da Blasfêmia tornou-se “uma grande arma de vitimização e perseguição” das minorias religiosas que estão vivendo “em um estado de medo e de terror”.

Ocupações Israeli. O comitê conclamou ao governo israelense para retirar os assentamentos nos territórios palestinos ocupados. Ao mesmo tempo, encorajou Israel a assumir o compromisso de negociações pacíficas e não violentas, e reiterou a necessidade de um boicote internacional a produtos e serviços provenientes dos assentamentos.
<br style=font-style: italic=> República Democrática do Congo. O comitê instou para que as igrejas membro do CMI “condenem publicamente a violência contra as mulheres” na República Democrática do Congo. Insistiu para que todos os envolvidos no conflito ponham um fim a todos os atos de violência sexual e conclamou ao governo a “terminar com a impunidade dos estupros e desenvolver estratégias efetivas para combater a violência sexual”.

Discriminação com base em castas. O comitê conclamou para que as igrejas membro “reconheçam que a continuada discriminação e exclusão de milhões de pessoas que têm base na divisão em castas” representam “um grave desafio à credibilidade da sua fé em Deus”. Mais de 260 milhões de pessoas em todo o mundo são consideradas “intocáveis” por suas próprias sociedades, contradizendo a crença cristã de que todas as criaturas são iguais, criadas à imagem de Deus.

Justiça na vida financeira e econômica. O comitê observou que o sistema financeiro global “enriqueceu algumas pessoas e vitimizou muitas outras, criando pobreza, desemprego, fome e morte” e “aumentando a distância entre ricos e pobres”. O comitê chamou às igrejas membro para não “desviar do seu papel profético” e “propôs novos indicadores de progresso” para a economia.

Darfur, Sudão. O comitê condenou “as atrocidades cometidas contra civis inocentes em Darfur”. Instou para que o governo do Sudão “assuma total responsabilidade para a proteção dos cidadãos”, independente da sua origem étnica ou filiação, além de “permitir assistência humanitária ininterrupta que atenda todo o sofrimento das pessoas em Darfur”.

Justiça e débito ecológicos. O comitê declarou que os cristãos têm obrigação moral de promover justiça ecológica. O débito ecológico é principalmente causado pelos países industrializados do Norte ao Sul, considerando-se a extração de recursos naturais, degradação ambiental e a liberação de gases e lixo tóxicos.

Um mundo livre de armas nucleares. O comitê chamou as igrejas para aproveitarem uma séria de oportunidades promissoras no próximo ano para advogar em prol de um mundo sem armas nucleares. O comitê clamou aos países com armas nucleares a avançar na direção da “total eliminação dos seus arsenais” e convidou as igrejas a apoiar os governos na criação de zonas regionais livres de armas nucleares.

Violência contra cristãos. O comitê desafiou as igrejas membro do CMI a atentar para os gritos das “irmãs e irmãos em Cristo que sofrem violência, ameaças e intimidações”, agindo em “plena solidariedade” a todos e instando os governos a proteger a vida de seus cidadãos. Também alertou sobre a diminuição da liberdade religiosa e o aumento da intolerância em muitas partes do mundo.

Oposição consciente contra o serviço militar. O comitê reiterou o apoio do CMI ao direito da oposição consciente e conclamou as igrejas membro a “assegurar o direito de recusar o porte e uso de armas” sempre que possível. Em muitos lugares, igrejas testemunham desafios para o exercício desse direito, que permite às pessoas cuja consciência as proíbe de cumprir o serviço militar a assumir serviços comunitários alternativos.

Diálogo igreja-governo em Fiji. O comitê instou a Igreja Metodista em Fiji e Roturna a engajar-se em um diálogo com o governo interino. A igreja foi parabenizada por sua resposta cuidadosa e comedida às ações contra o governo interino, que tomou o poder através de um golpe militar em Dezembro de 2006 e baniu atividades de algumas igrejas, inclusive prendendo nove ministros metodistas.

Questões de governança
Um substancial documento sobre questões de governança foi discutido pelo Comitê Central do CMI, incluindo o seu próprio papel e o papel do comitê executivo, assim como a relação do secretário geral com esses comitês e com os presidentes e diretores do CMI. O documento declara a necessidade de uma governança eficiente, flexível e focada. Também apontou questões sobre confiabilidade e política de funcionários.  

Despedida de Samuel Kobia
Enquanto Kobia continuará como secretário geral até o final de 2009, o Comitê Central despediu-se dele e de sua esposa Ruth em um serviço religioso no Centro Ecumênico e uma celebração no Instituto Ecumênico de Bossey, perto de Genebra. As duas ocasiões tiveram um toque internacional, com músicas de diferentes culturas e idiomas de aramaico a suahili.

Por Juan Michel. jornalista

Outras informações sobre a reunião do Comitê Central do CMI:
http://www.oikoumene.org


Autor(a): Portal Luteranos - IECLB
Âmbito: IECLB / Organismo: Conselho Mundial de Igrejas - CMI
ID: 3001
Assim diz o Senhor: Buscai-me e vivei.
Amós 5.4
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