Os participantes da Convocatória Ecumênica Internacional pela Paz (CEIP), divulgaram uma mensagem, nesta terça-feira, expressando a experiência que tiveram ao dedicar uma semana juntos refletindo sobre uma paz justa e os caminhos que têm pela frente.

Após ouvirem acerca dos contextos e histórias uns dos outros, os participantes da CEIP expressaram juntos sua convicção de que a guerra deve tornar-se ilegal e que a paz é fundamental em todas as tradições religiosas.

A mensagem afirma: Ao lado de parceiros de outras religiões, temos que reconhecer que a paz é um valor fundamental em todas as religiões, e a promessa de paz se estende a todas as pessoas, independentemente de suas tradições e compromissos. Através da intensificação do diálogo inter-religioso, temos que procurar um terreno comum para todas as religiões do mundo.

Os participantes reconheceram que cada igreja e cada religião traz consigo uma perspectiva diferente sobre como caminhar rumo a uma paz justa. Alguns começam a partir de um ponto de vista de conversão pessoal e moral, outros sublinham a necessidade de foco de apoio mútuo e correções dentro do corpo de Cristo, enquanto outros, ainda, incentivam o compromisso das igrejas com grandes movimentos sociais e do testemunho público da igreja.

Cada abordagem tem um mérito, defende o texto da mensagem, que foi elaborado por uma comissão de sete membros, presidido pelo bispo Ivan Abrahams da Igreja Metodista da África do Sul, que afirmou: eles não são mutuamente exclusivos. Na verdade, são inseparáveis. Mesmo na diversidade, podemos falar numa só voz .

Abrahams disse que confia que os participantes da CEIP vão identificar suas vozes no texto da mensagem final. De muitas maneiras, esta convocatória é um marco na marcha em direção a uma paz justa, disse ele. As palavras 'colher' e 'colheita' estiveram muito presentes na vida deste evento. A mensagem é, para nós mesmos, nossas igrejas e organizações parceiras e para o mundo, que está ferido e que Deus tanto ama.

A mensagem também reconheceu que a igreja, muitas vezes, obstruiu o caminho para a paz justa. Percebemos que, muitas vezes, os cristãos têm sido cúmplices de sistemas da violência, injustiça, militarismo, racismo, casteísmo intolerância e discriminação. Pedimos a Deus que perdoe nossos pecados e nos transforme em agentes de justiça e defensores da paz justa.

A mensagem ainda aborda os quatro temas da convocação: a paz na comunidade, a paz com a terra, a paz no mercado, e da paz entre os povos, dando ênfase específica a cada tema como complemento à abordagem ética e teológica para o exercício de uma paz justa.

A mensagem final da CEIP captura apenas parte deste evento histórico, disse o P. Dr. Walter Altmann, moderador do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), que recebeu a mensagem da CEIP nome do CMI.

Levamos conosco muito mais do que um texto. Levamos conosco uma profunda experiência ecumênica, disse ele. A complexidade das questões que abordamos certamente vai exigir mais trabalho, reflexão e ação.

O fim da Década para a Superação da Violência é também um novo começo, acrescentou. À medida que voltamos para nossos países, cada um de nós torna-se uma carta viva da IECP, disse ele.

Mais de 60 dos 1.000 participantes da CEIP tiveram a oportunidade de externar seus comentários e acréscimos á mensagem final da Convocatória quando a primeira versão foi apresentada à plenária para consideração. A partir das reações dos participantes, a comissão trabalhou na redação da versão final.

O moderador dos comentários foi Metropolita Prof Dr Gennadios de Sassima, do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, vice-moderador do Comitê Central do CMI. Este texto final pertence a todos nós, disse ele, ele vai ser distribuído em todo o mundo após os encerramento deste evento.

Após a leitura da versão final, os participantes colocaram-se de pé e saudaram a mensagem com longos aplausos. O secretário geral do CMI, Rev. Dr. Olav Fykse Tveit, manifestou o seu orgulho aos participantes da CEIP, que desafiaram a si mesmos e uns aos outros a alcançarem novos níveis de entendimento e determinação.

Somos chamados a ser um só em nosso testemunho, disse ele. Vemos, também, que o caminho rumo a uma paz justa nos uniu. Este é um presente para todos nós e vamos usá-lo bem. Esta semana trouxe muitos sinais deste compromisso. Às vezes precisamos lutar. Às vezes precisamos sentir que não é fácil.

A participação de mais de 90 jovens na CEIP foi igualmente reconhecida durante o encerramento do evento. Sanna Eriksson, representando a Igreja da Suécia, falou em nome dos jovens participantes, que envolveram-se em várias atividades e tiveram grande visibilidade.

Regozijamo-nos que os jovens participaram desta reunião de várias formas, disse ela. Agradecemos às igrejas e organizações que enviaram jovens como seus representantes.

A mensagem da CEIP também expressou profundo agradecimento aos anfitriões da Jamaica e em toda a região do Caribe.

O reverendo Gary Harriott, secretário-geral do Conselho de Igrejas da Jamaica, disse que toda a região do Caribe ficou orgulhosa e animada por sediar a CEIP na Jamaica. Foi muito mais do que planejar um evento. Algumas novas formas de relacionamento locais foram criadas e esperamos que permaneçam intactas mesmo após a CEIP, disse ele.

A mensagem final pode estar pronta, mas o trabalho da CEIP apenas começou, disse o professor Dr. Fernando Enns, que foi o moderador do comitê preparatório da CEIP. Estamos apenas começando a compreender as possibilidades que temos quando realmente respeitamos uns aos outros. A Igreja não deve apenas falar com os marginalizados. A Igreja deve ser o lugar onde os marginalizados estão.

Os participantes da CEIP devem celebrar sua experiência, ele disse, mas não devem dar-se por satisfeitos. Nossa jornada deve continuar, disse ele. Você e eu, nós todos juntos. Ou a igreja aceita o chamado para uma paz justa ou não é igreja.

O texto completo da mensagem final pode ser lido, clicando-se aqui...

O acompanhamento completo do evento pode ser feito em www.overcomingviolence.org

Susan Kim e Marcelo Schneider/WCC