IECLB e Igreja Evangélica Luterana do Brasil - IELB



ID: 2724

A missão de Deus e a ação luterana no Brasil

27/06/2005

A Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) e a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) começaram um mapeamento das frentes missionárias, na tentativa de evitar duplicação de esforços e de iniciativas nesse campo.

“A teologia evangélica luterana nos compromete a, perseverantemente, chamar à fé em Cristo e a participar na libertação e na transformação da nossa sociedade”, diz a mensagem às congregações da III Conferência Nacional Interluterana, reunida em São Leopoldo nos dias 24 a 26 de junho, que teve com tema geral A missão de Deus e a ação luterana no Brasil.

A IELB e a IECLB não podem depender de teologias que surgiram em outros contextos para a sua tarefa missionária. “Precisamos de uma teologia autóctone que dialogue com a cultura brasileira”, definiu o pastor Roberto Ervino Zwetsch, professor de Missiologia na Escola Superior de Teologia (EST), de São Leopoldo.

A igreja missionária, disse Zwetsch em palestra que apresentou aos teólogos, pastores e leigos das duas igrejas luteranas, sempre é peregrina. Por isso é preciso retomar o dinamismo da Igreja cristã, que vai junto com o seu povo.

A missão cristã também não pode, segundo o professor da EST, “desconsiderar o ethos religioso do povo brasileiro, marcado por espíritos e magias, presentes na vida das pessoas. Jesus não condenou as crenças populares, mas soube trabalhá-las de forma pastoral”.

O professor Ricardo Willy Rieth, de História Eclesiástica na EST e na Faculdade de Teologia da Universidade Luterana (Ulbra), apresentou, em palestra na III Conferência, sete desafios às igrejas no campo missionário, algumas delas mais dirigidos à IELB, denominação na qual se criou e formou.

Dentre os desafios, Rieth arrolou mergulhar de cabeça no mundo, com imersão no contexto; pensar a missão também como diaconia; ter a coragem teológica de repensar a própria teologia e desenvolver, a partir disso, uma teologia da missão; ter abertura ecumênica e partir para o diálogo inter-religioso e cultural; incluir a mulher no ministério; vivenciar a cidadania do Reino de Deus já agora, embora ele vá se cumprir em plenitude na escatologia.

As origens teológicas da IELB estão fincadas na ortodoxia luterana do século XVII, dos teólogos que vieram depois de Lutero e que estavam mais preocupados com a pureza doutrinária e teológica da igreja do que com a missão. Essa herança fez com que, historicamente, a teologia luterana tivesse pouca contribuição a dar para uma estratégia missionária, apontou Rieth.

A missão, tanto da IELB quanto da IECLB, foi seletiva étnica e culturalmente, voltada aos imigrantes alemães e seus descendentes. Depois da II Guerra Mundial, a IELB desenhou a missão como ocupação geográfica e estabeleceu por meta ter congregações em todas as capitais brasileiras.

A III Conferência recebeu subsídios de 12 Pré-Conferências, que reuniram, ao longo do semestre, mais de 200 pessoas, representando a realidade dos 18 Sínodos da IECLB e dos 54 Distritos da IELB espalhados pelo Brasil. Esses subsídios foram analisados no encontro de São Leopoldo. Muitas das recomendações remetidas pelas Pré-Conferências foram assumidas e encaminhadas pela Conferência à Comissão Interluterana de Diálogo (CID), que, por sua vez, vai sistematizá-las e enviá-las às direções das duas igrejas, como recomendações.

As Pré-Conferências apontaram que as duas igrejas já trabalham juntas em momentos pontuais, como a celebração do Dia da Reforma, no período do Natal, na organização de encontros de políticos luteranos, em publicações. Outros campos de trabalho, apontaram, poderiam ser incluídos, como o atendimento a pessoas hospitalizadas, a educação cristã nas escolas, troca de púlpito, assistência pastoral a membros da outra igreja quando ela não contar com pároco na área.

Pelo menos cinco Pré-Conferências argumentaram que jovens pastores luteranos concluem seus estudos nos respectivos seminários e são enviados ao pastorado sem saber como se dá a formação e o modo de atuação da outra igreja. Foi sugerido que as casas de formação da IELB e da IECLB trabalhem na desconstrução dos preconceitos mútuos do passado.

Além dessa proposta, a CID deverá apreciar outras sugestões que vieram das Pré-Conferências, como o uso comum de templos, a organização de pastorais universitárias, trabalho conjunto com jovens, valorização de uma espiritualidade familiar.

A realização de conferências conjuntas deve-se ao Convênio de Cooperação assinado pela IELB e IECLB em 1994. Dois anos depois, as igrejas decidiram pela criação da CID. Neste ano, pela primeira vez reuniram-se as Pré-Conferências, que aplaudiram a iniciativa e já definiram, inclusive, outros encontros regionais e locais para o segundo semestre de 2005.

Da Conferência em São Leopoldo participaram mais de 40 teólogos, pastores e leigos, metade de cada igreja. Na sexta-feira, 24, à noite, o grupo da Conferência assistiu culto de celebração dos 101 anos de existência da IELB, na congregação local.

Os pastores presidentes Carlos Winterle, da IELB, e Walter Altmann, da IECLB, acompanharam os trabalhos da III Conferência e saudaram o lançamento da edição comemorativa da Confissão de Augsburgo, um dos pilares da Teologia luterana. A Confissão de Augsburgo completou, no sábado, 25 de junho, 475 anos desde a sua divulgação pública.


Fonte: ALC Notícias - Edelberto Behs
 

Ó Senhor Deus, não há ninguém igual a ti. Tu és grande e o teu nome é poderoso.
Jeremias 10.6
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