Pessoas com Deficiência



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A carta da Almerinda...

31/08/2022

20220902-A Carta de Almerinda
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Minha esposa e eu retornamos de Campo Alegre (SC), logo depois do Culto de Gratidão que celebramos no dia 28 de agosto de 2022, por ocasião do 5° aniversário do lançamento da pedra fundamental do Instituto Luterano Campos Verdejantes e, junto, a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência.

Que momento intenso, esse que vivemos. As pessoas que compareceram foram mais de 300. Coisa boa poder se informar e refletir a respeito do tema “pessoas com deficiência”.
Ainda estávamos com a sensibilidade à flor da pele quando, na quarta-feira, dia 31, vimos o carro dos Correios nos trazendo uma carta. Uma carta em tempos de whatsapp? – Pensei.

No espaço destinado ao remetente se lia: Almerinda Schulz. Lemos a mesma e, logo depois, meditamos em silêncio sobre o seu conteúdo. Nunca recebemos um escrito tão denso, tão bonito... Seu conteúdo está logo aí abaixo:

São Bento do Sul, dia 31 de agosto de 2022

Diácona Valmi!
Estimada Diretoria!

Sou mãe de uma criança que carrega um “transtorno espectro autista”. Foi pelo rádio que fiquei sabendo dessa casa que vocês estão construindo. Quero expressar meu obrigado à catequista, às diáconas, aos pastores, ao coral e à comunidade presente pelo culto, do qual tive o privilégio de participar. Louvo a Deus pelo recado dado por aquela menina que circulava diante do altar. Foi impressionante tudo o que vi e ouvi.

A sociedade tenta chegar mais perto das pessoas com deficiência. Ela visa lhes possibilitar uma vida mais normal, com menos isolamento. Na minha cidade, por exemplo, há mais e mais vagas de estacionamento para cadeirantes; rebaixa-se calçadas; constroem-se rampas; elevadores e banheiros equipados para melhorar a vida de quem tem mais dificuldades de se locomover.

Se ontem muita gente se aterrorizava ao ver uma pessoa com deficiência, hoje já se percebe um sentimento de alegria nelas, quando percebem que as pessoas com deficiência aparecem em público e são ativas. Creiam! Isso muito me anima.

Muitas vezes ainda me sinto excluída, quando apareço de mão dada com meu filho, em certos círculos de amizade. A exclusão é um fardo pesado para mim. Nessas horas eu sempre de novo tento reagir com equilíbrio. Mas não é fácil.

Meu Deus! Como foi libertador ouvir o pastor Túlio Jansen falando da sua experiência como pai de crianças com deficiência. Ele disse que precisou “enterrar sonhos”. Enquanto ele falava, uma mãe ao meu lado começou a soluçar. Penso que Jesus sentiu o mesmo quando lhe trouxeram uma pessoa surda e gaga, para que ele lhe impusesse as mãos.

Lembro que doeu muito em mim quando, certo dia, uma tia perguntou: - Querida! O que será que você fez de tão ruim para merecer esse fardo? É incrível um tal pensamento, em pleno século 21.

Saí com a alma leve depois de participar do culto que vocês prepararam. Entendi que Jesus se preocupa; se dedica; chega perto; suspira; tem compaixão; ama; dá atenção às pessoas com deficiência.

Meu marido me ajuda a carregar a preocupação constante com meu filho. Ele sempre de novo repete que há muito mais pessoas com deficiência circulando ao nosso redor do que imaginamos. Há gentes com deficiência visual, auditiva, mental e física. Dá dó perceber que grande parte deste povo não reconhece que tais tipos de “dor” também restringem as pessoas.

Reparo aqui na minha cidade que as pessoas com tais dificuldades, não conseguem aprender algo novo; sofrem em sua formação escolar e profissional; hesitam aproximar-se de pessoas estranhas para iniciar uma conversa.

A oração que foi feita quase no final do culto, também mexeu comigo. Todas, todos temos uma deficiência em comum, ou seja: um coração que não sabe amar adequadamente, nem a Deus e nem tampouco a quem estiver próximo.

Hoje, mais do que nunca, percebo que as palavras que dizemos e as obras que fazemos são deficientes desse amor. Nossos esforços para amar são, muitas vezes, tão desajeitados quanto o balbucio de um surdo-mudo, quando quer dizer alguma coisa.

Eu busco consolo na Palavra de Deus. Mesmo que a deficiência do coração seja minha única deficiência, Jesus se volta para mim, se compadece de mim e me ajuda. Jesus me chama pelo nome; toca em mim; me oferece a ceia e diz: - Estás perdoada! A partir dessa experiência, não tem como não viver numa comunidade cristã.

Claro que eu preciso contar com o fato de que terei que carregar minhas deficiências até o fim da vida, visto que, mesmo depois dessa experiência de libertação, essa minha falta de amor latente, pode rastejar de volta para dentro do meu peito.

É por isso que peço a vocês: - Posso me inserir na Comunidade do Instituto Luterano Campos Verdejantes? Tenho dons e talentos para contribuir nesta obra.

Se Jesus carregou as deficiências de todas as pessoas na cruz, inclusive as do meu filho, do meu marido e as minhas, e, se na Páscoa, ele superou as deficiências de todas as pessoas, então me cabe o contentamento humilde por saber que ele está próximo. Entendi o Campos Verdejantes como um sinal disso.

Para terminar. Carrego uma cesta pesada nas mãos. Nela vão detalhes do meu passado e também presente. O esforço contínuo que faço pode gerar ódio e doença, mas também pode ser minha redenção. Estou fazendo a segunda opção. Por favor! Respondam minha carta!...

Almerinda Schulz
 


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Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas.
1João 3.20
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O maior erro que se pode cometer na cristandade é não zelar corretamente pelas crianças, pois, se queremos que a cristandade tenha um futuro, então, precisamos preocupar-nos com as crianças.
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