Nos dias 10 a 13 de abril de 2014 visitei em São Paulo a Feira Internacional de Reabilitação, Inclusão, Acessibilidade, Tecnologias Assistivas e Paradesporto, com o apoio do Programa Diaconia Inclusão da IECLB.
Feira que contribui muito para quem trabalha e convive com pessoas com deficiência. Pois vários trabalhos, palestras, programas, atividades esportivas são apresentados concomitantemente no mesmo local.
Na Feira tive oportunidade de conhecer tecnologias assistivas, pessoas com deficiência apresentando seu trabalho e sua arte, Instituições, ONGS, programas governamentais, possibilidades de comunicação alternativa, publicações periódicas e livros referentes ao trabalho e a vida de pessoas com deficiência.
Muito importante também foi verificar e viver num ambiente com acessibilidade universal, onde todos puderam circular e mais, em todas as palestras sempre havia áudio descrição e interprete de LIBRAS. Parecia que a utopia, diante do mundo que vivo, virou realidade.
Participei de muitas oficinas, palestras, sensibilizações e apresentação de trabalhos, todos acessíveis, inclusive financeiramente, muitas das atividades paralelas eram gratuitas e algumas davam certificado de participação.
Diante da atual definição da Pessoa com deficiência: “Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual e sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”.
Muito ouvi, aprendi, percebi e revi conceitos que em síntese repasso neste texto.
A APAE de São Paulo está trabalhando com um novo conceito de Inclusão no Mercado de Trabalho, como a ONU e OIT recomendam uma metodologia mundial chamada: ¨ Supported Employment¨ no Brasil Emprego Apoiado.
Em estudos reconhece-se que quanto mais institucionalizada a pessoa com deficiência mais dificuldades ela encontra para ser incluída.
Todos têm o direito ao trabalho, todos têm o direito de aprender trabalhando. Quem vai para o trabalho pronto para a atividade que vai executar?
Diante desse novo paradigma abandona-se o pré-conceito de que alguns estão prontos para trabalhar e outros não, indefinidamente. Todos podem ser colocados variando apenas a intensidade do apoio necessário para isso.
A deficiência é vista em interação com as diversas barreiras sejam arquitetônicas, programáticas, metodológicas, instrumentais, comunicacionais e atitudinais.
Não podemos fingir que o preconceito não existe, infelizmente existem empresas que preferem pagar multa a fazer um programa de inclusão, ignoram que existe uma lei maior.
Assim sendo, as pessoas com deficiência e as pessoas que acreditam na inclusão precisam contar com a boa vontade das empresas para fazer um programa de inclusão, contado com a ajuda das Secretarias do Trabalho e Emprego, que forçam as empresas a cumprirem as cotas estabelecidas.
A Constituição Federal Brasileira no seu artigo 5º incorporou a convenção da ONU que rege os direitos das pessoas com deficiência. Diante dessa Lei Maior, barreiras na acessibilidade e a discriminação são crime.
O desenho de acessibilidade deve ser universal, o preconceito deve ser trabalhado com sensibilizações e a convivência para que a diversidade seja aceita e não haja discriminação.
Devemos dar liberdade ao nosso pensamento, pensamentos limitantes, servem para impedir nosso crescimento. Diante de um pensamento caleidoscópico conseguimos olhar os mesmos fatos em diferentes perspectivas da mesma forma quando convivemos com pessoas com deficiência nosso mundo se amplia gerando a aceitação das diferenças e reconhecendo que todos têm os mesmos direitos.
Recomendo a todos que visitem essa feira que ocorre anualmente, pois é no mínimo um exercício de cidadania e lá se constata mais uma vez que a pessoa com deficiência merece e quer ser abordada de uma forma natural respeitando sua deficiência.
Cristina Müller
Coordenadora da inclusão da pessoa com deficiência no trabalho da CEPA
