O planejamento da missão da IECLB em todos os seus níveis ganha um novo impulso a partir deste mês de maio com a divulgação do livro Missão de Deus – Nossa Paixão, texto-base do Plano de Ação Missionária da IECLB (PAMI) 2008-2012. O livro traz a fundamentação bíblico-teológica e eclesiológica para a ação missionária da igreja, oferecendo as linhas mestras para o desenvolvimento de planos de ação no âmbito das comunidades, das paróquias, dos sínodos e das instâncias nacionais da IECLB. A proposta da nova etapa do PAMI é que o Plano Missionário seja construído num esforço comum de pensamento e de ação de toda a igreja, já a partir deste ano. O texto-base estabelece quatro objetivos principais comuns a toda as instâncias para a elaboração do planejamento, quais sejam, evangelizar, promover a comunhão, celebrar e servir. De acordo com o Grupo de Trabalho do PAMI, nomeado pelo Conselho da Igreja, a primeira tarefa do PAMI 2008-2012 foi concluída com a elaboração do texto fundamental, um documento teológico, que reúne contribuições de vários setores e de diversos documentos e reflexões sobre o imperativo missionário da igreja hoje. Partindo do consenso de que a missão é de Deus e que ele confia à igreja a participação na sua missão, o texto-base afirma que a missão de Deus é a paixão da sua igreja, ou seja, se expressa num engajamento existencial e contextual e num comprometimento de todos também no sentido de assumir as conseqüências desse compromisso. O texto-base parte da descrição sumária dos contextos mais amplos de nossa ação, passando pela fundamentação bíblico-teológica e seus desdobramentos em quatro grandes eixos – evangelização, comunhão, diaconia e liturgia – e finaliza com reflexões sobre temas transversais à missão – educação cristã, sustentabilidade e comunicação –, procurando dar indicativos do lugar, dos fundamentos e das implicações gerais de nossa ação missionária, visando ao planejamento de ações. “O contexto no qual a igreja realiza a sua missão hoje mudou, e essa mudança cobra de nós novas posturas, novos modos de presença no mundo, um jeito de fazer as coisas que articule a espontaneidade de nossas iniciativas missionárias com o planejamento estratégico”, diz o documento. Em última instância, visa a cumprir o artigo terceiro da Constituição da IECLB: “Em obediência ao mandamento do Senhor, a IECLB, através de suas comunidades, tem por fim e missão: I - propagar o evangelho de Jesus Cristo; II - estimular a vivência evangélica pessoal, familiar e comunitária; III - promover a paz, a justiça e o amor na sociedade; IV - participar do testemunho do evangelho no País e no mundo. Ao texto-base divulgado no mês de maio se seguirão outros materiais e subsídios práticos, relatos de experiências e modelos de planejamento que servirão para inspirar e orientar as comunidades e suas lideranças na definição de seus planos estratégicos. A proposta de uma matriz de planejamento será apresentada e votada no Concílio de Igreja a ser realizado em outubro, no Sínodo Vale do Taquari.
Quatro dimensões da ação missionária
O texto-base do PAMI 2008-2012, Missão de Deus – Nossa Paixão, apresenta a missão como o gesto apaixonado de Deus pela humanidade, desde a Criação do mundo, passando por todas as iniciativas divinas de mostrar seu amor às pessoas, culminando com a morte e ressurreição de seu Filho Jesus Cristo e a manifestação do Espírito Santo que ainda hoje chama, capacita e envia para testemunhar o amor de Deus como comunidades missionárias.
Nesse sentido, a missão da igreja tem principalmente quatro dimensões: uma dimensão evangelizadora, uma dimensão de comunhão, uma dimensão diaconal e uma dimensão litúrgica.
A dimensão evangelizadora tem no anúncio do evangelho, que se dá através do testemunho missionário da fé, a evangelização, o seu foco. Parte do agir do próprio Deus Triúno. A “evangelização”, embora não exclua outras dimensões da missão, concentra-se na exposição explícita e intencional do evangelho, visando a uma resposta pessoal de fé e o ingresso no discipulado cristão vivido em comunidade.
A comunhão cristã, que é a segunda dimensão da missão alude ao fato de que Deus é, antes de tudo, comunhão viva e relação dinâmica movida pelo infinito amor divino. A igreja que brota da ação missionária e redentora de Deus tem a comunhão na sua essência. “A edificação de comunidades missionárias em nosso meio passa pela conscientização de que a clareza do testemunho verbal do evangelho deve encontrar correspondência na qualidade da comunhão comunitária”, diz o texto-base.
A uma dimensão comunitária corresponde a dimensão diaconal da missão. “É Deus que, em sua missão, vêm ao mundo, em Jesus Cristo, e nos serve. A missão de Jesus é a vivência do amor na forma do serviço humilde, amoroso, acolhedor e inclusivo.” O fundamento da diaconia é está em que “Deus nos serve, por isso servimos. O nosso servir e todas as nossas ações são frutos do amor de Deus em nós”.
Finalmente, a missão também tem uma dimensão litúrgica. Refere-se ao culto comunitário, mas também a todas as formas de celebrar o amor de Deus no mundo, sendo a liturgia o serviço a Deus.
Educação, sustentabilidade e comunicação são temas transversais à missão
A educação cristã, a sustentabilidade e a comunicação são temas que perpassam toda e qualquer ação missionária e levam não só a criar novas comunidades como a recriá-las na perspectiva de que sejam missionárias e atrativas.
A ação educativa faz parte da história de Deus com seu povo. A experiência vivida pelo povo de Deus tem como característica aprender e ensinar. Deus educa o povo, de forma contínua. O povo aprende através da vivência e da reflexão, dos acertos e dos erros. O povo também ensina. Os pais ensinam aos filhos para que se mantenham firmes e confiantes no Deus libertador. A educação cristã inicia no batismo e segue por toda a vida. A educação faz parte de quaisquer das dimensões da missão.
Assim também a sustentabilidade da igreja integra as dimensões da missão. O tema “Fé, Gratidão e Compromisso” aponta para a urgente necessidade de discutir e refletir sobre novos modelos de captação de recursos, que correspondam, ao mesmo tempo, às exigências da fé e às necessidades da igreja. Não se trata apenas de estabilizar orçamentos ordinários e garantir a sobrevivência institucional. Trata-se, antes de tudo, de dotar toda a IECLB com os recursos necessários para a realização efetiva de sua missão. Trata-se da sustentabilidade, ou seja da capacidade de criar as condições favoráveis para a sobrevivência e para o desenvolvimento da igreja no presente e no futuro, evitando o esgotamento ou a sobrecarga dos recursos que a mantêm.
Toda a ação missionária da igreja tem uma dimensão comunicacional. Comunicar é da própria natureza da igreja. Não se cria comunidade sem comunicação nem se mantém comunidades sem comunicação. A igreja nasce de processos de comunicação: um processo de comunicação divina, de Deus conosco, e um processo de comunicação entre nós, de uns para com os outros.
O problema, diz o texto-base, está quando nossa comunicação tem que passar pelos meios de comunicação. Eles mudam o modo de interagirmos com outras pessoas, no tempo e no espaço. Eles mudam o nosso modo de fazer missão. Por isso, toda a ação missionária deve levar em conta os processos de comunicação que fazem a sociedade atual.
Por fim, o PAMI quer reforçar o compromisso com a missão de Deus que prevê, além da renovação das comunidades existentes, também a criação de novas comunidades. Isso implica em que o planejamento das ações pelas várias instâncias da igreja deve incluir estratégias de plantação de igrejas nos mais variados contextos.
