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Pastor Ivário Fries: lembranças de uma vida dedicada à igreja

27/09/2020

Pastor Ivário Fries (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Ivário e Cleise, nos tempos de namoro, no início da década de 1970 (Foto: Arquivo pessoal)
Momento ao lado dos filhos, genros e netos (Foto: Arquivo pessoal)
Pastor Lair e Rosângela Hessel e Pastor Ivário Fries (Foto: Arquivo Folha do Mate)
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Foi a mãe Edith quem lhe ensinou a juntar as mãos e a fazer as primeiras orações. Era ela quem também cantava hinos bonitos e o levava aos cultos no interior de Montenegro, na década de 1950. Essas são as primeiras referências religiosas de Ivário Reinoldo Fries, o Pastor Ivário, como ficou conhecido em Venâncio Aires.

Neste mês, em que completou 68 anos e veio a consequente aposentadoria compulsória, ele relembra fatos de quase meio século – 20 anos só na Capital do Chimarrão – dedicado ao trabalho junto à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECB).

O gêmeo desinibido

“A gente não entendia nada, mas prestava atenção em tudo.” Nos anos 1960, era assim que o então adolescente Ivário se lembra dos cultos celebrados pelo Pastor Jorge Grüber, na igreja Evangélica do distrito de Maratá. O motivo do desentendimento é porque o pastor falava tudo no ‘hochdeutsch’, o chamado alemão clássico, e a família de Ivário ficava no ‘hunsrik’, o dialeto falado aqui também.

Mesmo assim, o interesse de Ivário era grande. “Quando fiz a catequese para a Confirmação, acho que me sobressaí. Nunca fui tímido, gostava de participar de tudo e presidi a Juventude Evangélica da comunidade. O pastor disse que eu tinha talento para liderar e me motivou a seguir.”

Ser desinibido, aliás, sempre foi a principal diferença entre Ivário e o irmão gêmeo, Ilário. “Não somos idênticos fisicamente e na personalidade mais ainda. Ele é tímido e sempre gostou de trabalhar com agricultura. Um é o oposto do outro.”

Foi assim que Ivário, a convite do pastor Jorge, foi a Londrina, interior do Paraná, estudar na antiga Escola Bíblica (hoje Instituto Evangélico Luterano). Era 1970 e, aos 17 anos, muita coisa era novidade. No caminho, incontáveis baldeações de ônibus e algo ‘estranho’ em Curitiba. “Tinha pessoas com rostos diferentes e aquilo me chamou atenção. Foi a primeira vez que vi japoneses.”

Namoro

O tempo em Londrina durou só três anos, mas já resultou em mais de 40 ao lado da jovem que conheceu em 1972. A paulistana Cleise Forkel também estudava lá quando começaram a namorar. Em 1973, uma decisão: para que o namoro não corresse riscos com a distância, ela acompanhou Ivário no retorno para o Rio Grande do Sul.

Mas, enquanto ele ingressou no Instituto Pré-Teológico, em São Leopoldo, ela estudou em Ivoti, em um curso que formava professoras primárias e catequistas. O casamento aconteceu em 1977, quando Ivário já cursava a faculdade de Teologia, também em São Leopoldo. Nisso, já são mais de 40 anos de matrimônio, quatro filhos (Marcos, Raquel, Felipe e Gabriel) e dois netos (Maria Clara e João Pedro).

Andanças

• Assim que terminou a faculdade, em 1981, o pastor Ivário e a esposa foram enviados pela IECB para Rosário do Sul. Lá, atendeu também comunidades de Alegrete, Uruguaiana e Santana do Livramento.

• “Era uma outra realidade do que estávamos acostumados. Tem poucos descendentes de alemães e é uma cultura diferente. Foi lá que aprendi muito sobre as tradições gaúchas.”

• Em 1984, foram para Santa Maria. Mas, talvez a maior mudança para Ivário, foi o período na terra Natal da esposa, para onde se mudaram em 1989.

• “Em quase 11 anos, acho que não conheci 10%. Uma experiencia única. Para onde eu ia, precisava levar um mapa da cidade”, conta. Em São Paulo, além da igreja, realizaram um trabalho em um centro social que atendia crianças carentes.

A vinda para Venâncio Aires

Foi no fim de 1999 que uma ligação determinaria os próximos 20 anos. Na época, Ildo Kayser saiu da comunidade de Venâncio Aires e havia necessidade de se ter mais um pastor no município. Ivário, então, recebeu o convite de um ex-colega de faculdade, para conhecer a cidade e, quem sabe, se candidatar à vaga. A ligação foi feita pelo pastor Lair Hessel.

Mas, se a mudança foi rápida, a adaptação nem tanto. Isso que Venâncio lembra a região na qual cresceu. “Precisei de tempo para me adaptar novamente, porque em São Paulo a realidade é outra. Mas é uma terra boa, de pessoas queridas. Trabalhei em 23 comunidades e fui bem aceito.” O pastor relata que sempre se interessou pela rotina das pessoas, principalmente no interior, e gostava de ver as lavouras se formarem – como o tabaco, que foi uma novidade, em pleno ano 2000.

Orgulho

• Ivário conta que nessas duas décadas em Venâncio houve momentos difíceis e os principais se referem à manutenção das comunidades no interior, hoje mantidas, a maioria, por pessoas mais velhas. “É um desafio pensar em ações para que isso não se perca.”

• Um dos seus orgulhos é ver, quando percorre algumas localidades mais distantes, que muitas famílias conseguiram ‘melhorar de vida’. “Isso me dá muita alegria, porque o que eu podia fazer era sempre dar uma palavra de estímulo. Entendo que o trabalho e a oração precisam andar juntos.”

• Na cidade, Ivário, ao lado da esposa Cleise, foi responsável pelo projeto ‘Casais Reencontristas’, destinado a manter atividades com casais. “É desse grupo que saem líderes, festeiros, pessoas que dão vida à comunidade. Além da Oase [Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas], com todas suas campanhas beneficentes.”

Saudade

O grande parceiro de trabalho e colega de estudos, Lair Hessel, não viu o amigo se aposentar. O pastor, que trabalhou por mais de 30 anos em Venâncio Aires, faleceu em dezembro de 2019, vítima de um câncer. “Nesses quase 20 anos, tivemos uma relação muito boa. O Lair foi um grande colega, com quem aprendi muito. Perdê-lo foi como perder um irmão”, lamenta Ivário.

Na festa dos gremistas, a alegria de um colorado

Tudo começou com uma tosse, lá por 2008. Exames daqui e dali e a constatação de um problema sério e que não tinha nada a ver com o sistema respiratório: uma cirrose medicamentosa que afetava gravemente o fígado.

“Eu era daqueles que tomava remédio por conta e às vezes ia três Paracetamol por dia.” A despreocupação com a automedicação foi apenas o início de algo que só agravou o funcionamento do fígado e anos depois levou Ivário para a fila de transplantes. “Quando o médico me disse que essa seria a alternativa, achei impossível. Já estava aceitando que era a vontade de Deus, mas minha esposa não me deixou ‘entregar’.”

Foram anos de tratamento e meses na fila. No fim de novembro de 2017, ele e a esposa precisaram estar em Porto Alegre às 6h de uma quinta-feira. Com a filha morando em São Leopoldo, viajaram na noite anterior, pois já estariam mais perto da capital.

Naquela noite, o Grêmio estava em campo para enfrentar o Lanús, na primeira partida da final da Libertadores. O colorado Ivário ‘secava’ o Tricolor, quando seu telefone tocou. Quem atendeu foi a esposa e, do outro lado da linha, a informação de que havia um órgão.

Às pressas, foram para o hospital Dom Vicente Scherer e, no caminho, ainda passaram pela barulhenta Arena, onde o Grêmio acabava de fazer 1 a 0 (placar final). Na noite que foi de festa para os gremistas, um colorado em especial também tinha muito a comemorar.

Futuro

Pastor Ivário não tem maiores planos para a aposentadoria. De planejado, por enquanto, quer aumentar o número de livros lidos e andar mais de bicicleta. O resto, ele diz que deixa a cargo do tempo e da vontade de Deus e cita um versículo bíblico: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”

Agradecimento

Ivário passou pelo transplante na manhã do dia 23 de novembro de 2017 e, nestes quase três anos, diz que está bem de saúde. Ele não sabe de quem é o fígado que lhe salvou a vida, apenas de que era morador de Novo Hamburgo. “Não sei se é homem ou mulher, se morreu jovem ou velho. Mas todos os dias, em minhas orações, eu lembro e peço saúde à família que possibilitou a doação.”


Por Débora Kist

Fonte: Folha do Mate


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