Que rei é este, montado em um jumento?

23/03/2024

 

O Domingo de Ramos marca o início da Semana da Paixão, também chamada de Semana Santa. Neste domingo, lembramos a entrada de Jesus em Jerusalém.
 

Em várias igrejas, é comum a distribuição de ramos de palmeiras ou de outras plantas. Em certos lugares, também costumam-se fazer procissões. Estas tradições têm origem nas narrativas bíblicas (Marcos 11.1–11; Mateus 21.1–11; Lucas 19.28–40 e João 12.12–19).

 

O texto do Evangelho de Marcos 11.1-10 diz o seguinte:

Quando se aproximavam de Jerusalém, de Betfagé e Betânia, junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois dos seus discípulos e disse-lhes:
— Vão até a aldeia que está diante de vocês e logo, ao entrar, encontrarão preso um jumentinho, o qual ainda ninguém montou; desprendam o jumentinho e tragam aqui.
Levaram o jumentinho a Jesus, puseram as suas capas sobre o animal, e Jesus montou nele. Muitos estenderam as suas capas no caminho, e outros espalharam ramos que tinham cortado nos campos. Tanto os que iam adiante dele como os que o seguiam clamavam:
“Hosana!
Bendito o que vem em nome do Senhor!
Bendito o Reino que vem,
o reino de Davi, nosso pai!
Hosana nas maiores alturas!”

 

Jesus e um grupo de pessoas caminharam vários dias de uma região chamada Galileia para celebrar a Páscoa em Jerusalém, na região da Judeia. Naquela época, a festa da Páscoa celebrava a libertação do povo de Israel da escravidão do Egito e era o principal evento religioso. Quando estavam chegando em Jerusalém, Jesus foi aclamado com gestos e palavras.

 

As palavras de aclamação são baseadas no Salmo 118.25-26. Originalmente, o termo “hosana” expressava um pedido de socorro a Deus (queira ajudar / ajuda, por favor). Mais tarde, ganhou uma conotação mais alegre e foi incorporado à liturgia de dias festivos. Os gestos de espalhar vestes e ramos eram sinais de honraria a reis ou pessoas muito importantes.

 

A associação de Jesus com a figura de um rei é estabelecida a partir do jumentinho e tem sua fundamentação em Zacarias 9.9:

Alegre-se muito, ó filha de Sião!
Exulte, ó filha de Jerusalém!
Eis que o seu rei vem até você,
justo e salvador,
humilde, montado em jumento,
num jumentinho, cria de jumenta.

 

A escolha do jumento como animal de montaria tem um simbolismo muito importante. Cavalgar um jumento, e não um cavalo, sinaliza o oposto da pompa e ostentação, normalmente associadas ao poder. Com este ato, Jesus demonstra que Deus se revela nas coisas consideradas menos gloriosas. Há uma inversão de valores, que se manifesta desde as condições do nascimento até as circunstâncias da morte de Jesus.

 

O rei humilde é um rei pacificador. Zacarias 9.10 diz que o rei destruirá as armas de guerra! O Domingo de Ramos é dia de aclamar o rei Jesus, que anuncia um reino de paz. O conceito bíblico de paz não significa apenas ausência de confrontos. A paz está ligada com a prática da justiça e com a vida digna.

 

A narrativa da entrada de Jesus em Jerusalém é conhecida como a entrada triunfal, mas nenhum dos evangelistas trata o ato dessa maneira. De triunfal, aparentemente a ação teve pouca coisa. Jesus não entrou com soldados, prisioneiros e despojos, tal como nos cortejos de reis e grandes conquistadores. E é possível que não tenha sido um grupo muito grande que o aclamou e estendeu ramos e vestes pelo caminho.

 

Pode ser um escândalo achar que a entrada de Jesus em Jerusalém não teve a dimensão que normalmente lhe é atribuída. Mas não é a cruz ainda mais escandalosa? Se Deus se revela numa cruz, não poderia também se manifestar num pequeno grupo que reconhece em Jesus o messias?

 

Responsável pelo texto: P. Emilio Voigt  

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