1 Tessalonicenses 1.1-5a

24/10/1999

Prédica: 1 Tessalonicenses 1.1-5a
Leituras: Isaías 45.1-7 e Mateus 22.15-21
Autor: Cristiane Érica Petry
Data Litúrgica: 22º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 24/10/1999
Proclamar Libertação - Volume: XXIV
Tema:

1. Palavras introdutórias

Assim como é diferente falar aos tessalonicenses (primeiras comunidades) e aos brasileiros hoje, também é diferente refletir sobre a Igreja estando dentro do contexto da mesma ou olhá-la estando dentro de uma máquina pública, que é o meu caso. Ali se diz: O que os membros precisam ouvir, e aqui se diz: Vamos trabalhar a partir do que foi decidido no Orçamento Participativo. Isto é, o que as pessoas querem, necessitam a partir da vivência do dia-a-dia, discutida e disputada na comunidade.

Agora posso compreender melhor a ansiedade das pessoas diante das respostas que temos dado como Igreja. O que as pessoas que vão ao culto querem, sentem a necessidade de trabalhar, às vezes é muito diferente daquilo que no ambiente eclesiástico se avalia como importante. Então fica a pergunta: como ir ao encontro delas, sem perder a essência do evangelho?

É mais uma postura de ouvir do que de falar. Muitas vezes falamos demais e ouvimos muito pouco, sendo esse ouvir um ouvir atento e buscando encaminhamentos. E também acontece que algumas pessoas usam a comunidade para descarregar suas ansiedades e frustrações, mas não avançam em busca de soluções para suas questões, muitas vezes apontadas na comunidade. Isto é idolatria, dentro do mesmo enfoque da reflexão da pastora Margarete Engelbrecht publicada em Proclamar Libertação, vol. 23, p. 32ss.

Trabalho a partir da compreensão de que leite seda aos pequeninos. Os adultos devem saber preparar suas refeições a partir de alimentos mais sólidos. E mais do que isto: os adultos são responsáveis pela alimentação (também espiritual) dos pequeninos. É preciso saber fazê-lo (cf. Hb 5.12-14).

O mundo não dá moleza. Não é dando moleza nos assuntos da fé (relativizando) que vamos ganhar as pessoas. Basta observar o comportamento das igrejas pentecostais para verificar este fato: é novena, é dízimo, não pode isto, não pode aquilo. As pessoas estão procurando alguém de fora para ser responsável pelas suas ações: o/a pastor/a, o/a médico/a, o sindicato, a prefeitura, etc.

Se voltarmos aos fundamentos da confissão luterana, vamos ver que os/as luteranos/as também são muito corretos/as e dsiciplinados/as nos assuntos da fé. Ou então, se não são mais, deveríamos dar uma avaliada.

2. O texto

Encontramos um auxílio homilético em Proclamar Libertação, vol. VII, p. 210-213, onde é tratado o mesmo texto. Procuro não ser repetitiva.

É um momento de ação de graças pelo que vem acontecendo na comunidade. O apóstolo não pode estar lá, então manda a mensagem por escrito. Que método interessante de pastorear: o/a pastor/a não pode estar na comunidade, alguém faz o papel dele! Importante e decisivo é que haja pessoas preparadas para fazê-lo.

Graça e paz a vós outros: é um movimento em direção à comunidade, a partir do apóstolo Paulo. Comunidade que, de alguma forma se reúne para ouvir, experimentar a graça e a paz de Deus (v. 1) através da ação do Espírito Santo (v. 5).

Conceitos importantes são mencionados (graça, paz Espírito Santo), cuja compreensão decide sobre os rumos e a postura da comunidade diante de si mesma e diante do mundo que a cerca, que tem vivências e praticas diferenciadas. (Leitura importante neste sentido encontramos em Estudos Teológicos, v. 23, n. 3, p. 205-230, 1983.)

A consequência do recebimento da graça e da paz de Deus se torna visível na vida das pessoas, na vivência de sua espiritualidade — entendendo espiritualidade como expressão daquilo que o Espírito do Evangelho criou em nós, e não soem nós (Hermann Brandt, Espiritualidade, p.- 78). Em outras palavras: é reflexo, é ação, é movimento; movimento em direção ao próximo. E também, não só em direção ao próximo que está bem, está encaminhado vem à igreja, mas justamente em direção ao próximo que está mal. Este e o alvo da nossa ação! Ação conjunta e organizada para ser eficiente!

A expressão de ação de graças pelo que tem sido experimentado é muito importante, é vital, mas não pode abafar a autocrítica quanto ao resultado das ações desencadeadas. É um movimento de dentro para fora.

3. A pregação

(Preparar varetinhas de dois tamanhos diferentes: de 5 e de 10 cm, p. ex., e barbante para amarrar a menor na maior. Durante o canto antes da pregação, pessoas da comunidade distribuem uma de cada e o pedaço de barbante. À medida que a pregação vai avançando as pessoas vão entendendo o sentido das duas varetinhas. E a cruz de Cristo, para acompanhar nossas caminhadas.)

Os três textos propostos têm uma sequência importante para trabalhar no culto fundamentos importantes/decisivos da fé cristã:

— Graça e paz a vós outros! (salvação por graça e fé);
— Eu sou o Senhor e não há outro! (Dez Mandamentos);
— Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus! (tudo é de Deus!)

Para colocar esses conteúdos proponho trabalhar a simbologia da cruz (esta é a razão das varetinhas e do barbante), pois ajuda a fixar e compreender a palavra.

A cruz tem duas partes: a vertical e.a horizontal (lembra horizonte). Se só tivermos uma parte, ela deixa de ser cruz: ou é um pau fincado, ou é somente um pedaço de madeira jogado num lugar qualquer. Assim também é com a nossa vida. Vejamos:

Primeiro a parte vertical da cruz (a varetinha maior): primeiro temos que ter e conseguir vivenciar, ter isto concreto para nós: Deus nos reconhece em nossa nulidade, por seu Filho, por meio do qual experimentamos a filiação a Deus Nesse ínterim está a ação da Igreja, da palavra de Deus pregada, dos sacramentos administrados. É a concretização da compreensão da salvação por graça e fé.

E a segunda parte, a parte horizontal da cruz: a sua concreticidade nas relações humanas deriva-se da compreensão teologicamente correia da primeira. Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus: TUDO é de Deus! Portanto, o poder de César é humano, é temporal. Necessário, mas dentro da esfera de governo. O poder de Deus é infinitamente maior. Inclusive César está sob o domínio de Deus.

Neste sentido, pensar o poder nos leva a pensar o próximo. Compactuo com a reflexão feita por Uwe Wegner em Estudos Teológicos, v. 30, n. l, p. 59ss., 1990, onde temos a reflexão sobre quem é o próximo nos dias atuais e de que maneiras temos chances de alcançá-lo.

Neste sentido, é necessário que sejamos compreensivos/as, pois estamos todos/as com a cabeça cheia de perguntas e dúvidas. É necessário ir experimentando, avaliando, recomeçando. Deus queira que não esmoreçamos no caminho. (É hora de atar as duas partes e finalizar a cruz de Cristo confeccionada pelos/as participantes do culto.) Amém.

Bibliografia

BRANDT, Hermann. Espiritualidade. São Leopoldo : Sinodal, 1978.
ENGELBRECHT, Margarete. In: Proclamar Libertação, vol. 23, p. 32ss.
GOTTWALD, Bruno. In: Proclamar Libertação, vol VII, p. 210-213.
MEINCKE, Silvio. Justificação por graça e fé : um novo espaço para a vida. Estudos Teológicos, v. 23, n. 3, p. 205-230, 1983.
WEGNER, Uwe. Repensando uma velha pergunta: quem é o meu próximo? : a parábola de Lc l).(25-29)30-37 à luz de problemas e perguntas levantadas pela ecologia. Estudos Teológicos, v. 30, n. 1, p. 59-73, 1990

Proclamar Libertação 24
Editora Sinodal e Escola Superior de Teologia


Autor(a): Cristiane Érica Petry
Âmbito: IECLB
Natureza do Domingo: Pentecostes
Perfil do Domingo: 22º Domingo após Pentecostes
Testamento: Novo / Livro: Tessalonicenses I / Capitulo: 1 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 5
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1998 / Volume: 24
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 7239
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