A Igreja de Cristo entre dois adventos - 1 Tessalonicenses 3:9-13

A satisfação dos resultados alcançados.

28/11/2021

1 Tessalonicenses 3:9-13

9 Como podemos ser suficientemente gratos a Deus por vocês, por toda a alegria que temos diante dele por causa de vocês? 10 Noite e dia com perseverança oramos para que possamos vê-los pessoalmente e suprir o que falta à sua fé. 11 Que o próprio Deus, nosso Pai, e nosso Senhor Jesus preparem o nosso caminho até vocês. 12 Que o Senhor faça crescer e transbordar o amor que vocês têm uns para com os outros e para com todos, a exemplo do nosso amor por vocês. 13 Que ele fortaleça os seus corações para serem irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos.

A Igreja de Cristo entre dois adventos

Entramos em uma nova fase da vida. Perceba! Todos nós estamos vivendo mais um começo de Advento. É um tempo bonito, colorido, iluminado, mas não necessariamente menos tenso e preocupante. Em todos os casos, é um tempo de boas notícias.

Estou escrevendo o início desta prédica em um aeroporto. Tenso por causa do receio de contaminação pelo vírus traiçoeiro, mas feliz porque algumas outras tensões — que motivaram minha viagem — começaram a ser solucionadas na esperança de terem sido a melhor decisão.
Introdução

Leio um estudo sobre este texto do 1º Dom. de Advento escrito pelo respeitado Dr. Brakemeier. Ele se pergunta, certamente apoiado em suas observações acadêmicas, como pregar sobre um texto destes? Até entendo a pergunta do prezado professor, a quem admiro. Ele faz uma leitura histórico-crítica do texto onde se conclui que Paulo reage a uma situação muito específica da comunidade da cidade de Tessalônica. Inclusive o professor sugere que a perícope deva começar com o vers. 6 onde se observa uma palavra de gratidão do autor da carta seguindo com o vers. 11 onde lemos uma intercessão de Paulo em favor da igreja em Tessalônica. Paulo era o pastor daquela comunidade e tinha estado preocupado com os descaminhos que estavam acontecendo. Como não pôde ir pessoalmente mais uma vez à cidade, enviou seu discípulo Timóteo. Este lhe traz, finalmente, boas notícias. Para demonstrar toda sua alegria, envia esta carta, e depois mais uma, para expressar toda sua satisfação com a boa condução da fé cristã naquele lugar, não sem reforçar a intercessão de que também no futuro nenhum descaminho aconteça.

A satisfação dos resultados alcançados.
O tempo de Advento de 2021 é tão incerto e tenso quanto o de 2020, no auge da pandemia. Muitos óbitos aconteceram (15% a mais que em um ano normal no Brasil) e muitas famílias ainda choram seus mortos. Mas também muitas novas atitudes foram aprendidas. Olhando para nosso texto, não sabemos ao certo qual era a tensão, a preocupação de Paulo em relação à vida daquela comunidade cristã. Muito provavelmente os ensinos judaizantes também estavam ameaçando a liberdade do Evangelho de Cristo. A carta evidencia o poder da graça! É uma carta que coloca Paulo para cima, “apesar de todas as nossas privações e tribulação” (v.7) Ou seja, Deus age e edifica uma comunidade para sua glória. “Somente a ação criadora de Deus faz surgir e edifica a comunidade de Jesus Cristo. É a ação soberana do Espírito Santo que, através da pregação da palavra e dos sacramentos ‘opera a fé onde e quando agrada a Deus’. E para Paulo está claro: agradou a Deus escolher, eleger a comunidade de Tessalônica para nela revelar sua glória e através dela fazer conhecer sua missão em toda parte.” (P. Bruno Gottwald citado em PL 37, p.11)

A alegria de ver a Igreja crescendo e se mantendo no caminho justo e verdadeiro do Evangelho de Cristo é motivo de esperança. A tal ponto que Paulo ora sem cessar — “dia e noite” — no anseio de revisitar a comunidade. Seria a motivação de Paulo uma vitória a ser creditada à sua ação pessoal? Por que uma Igreja com uma fé e vida saudável é tão importante?

O primeiro Advento
A comunidade cristã surge com o nascimento de Cristo Jesus. Quando falamos de Cristo, estamos caracterizando categoricamente que Jesus é o Messias prometido. Portanto, com o nascimento do menino em Belém, gerado pelo Espírito Santo no ventre da virgem Maria, é o cumprimento da promessa profética e messiânica. E com seu “advento”, com seu nascimento, Deus cria todas as condições para que a fé no Deus único deixe de ser um projeto étnico e tribal para passar a ser universal.

Assim começa e se estabelece a Igreja. Mesmo após a morte na cruz, a ressurreição do Messias traz a promessa de que esta Igreja perdure até… além… na eternidade! Mas a presença da Igreja “ainda é fraca, humilde, passível de ser desprezada, assim como o foi o próprio Jesus histórico. Por ora, Deus se limita a apelar, a convidar, a conclamar para lhe dar ouvidos. Mas virá a hora em que há de impor o seu reino para a salvação de quem nele confiou e para a desgraça de quem dele zombou”.

O segundo Advento
Devido à fraqueza que ainda persiste nas comunidades cristãs, pode se ouvir a boa notícia de que Cristo Jesus voltará. Da mesma forma como mudanças na qualidade de vida das pessoas que creram aconteceram a partir do nascimento de Jesus, com o anúncio de Sua volta acontecem mudanças na vida de quem crê visando os valores eternos. E é no meio destes dois adventos que nos encontramos! A comunidade cristã vive do advento!

O segundo advento estará “encerrando a história e revelando em definitivo o reinado de Deus”. Este é o “advento escatológico” que, conforme já dissemos, foi “precedido por outro, o histórico, que se deu há dois mil anos. Os dois adventos devem ser distinguidos. O primeiro se deu na humildade de uma manjedoura, ou de um jumento na entrada em Jerusalém. O segundo acontecerá na glória de quem tem poder para julgar o mundo.” “O primeiro advento remete ao segundo, e vice-versa. É o enviado de Deus que vem para cobrar os direitos de Deus, em graça e juízo. Em Jesus, Deus mesmo chega e chegará ao mundo”.

Juntos glorificamos a Deus
Paulo estava extasiado com as boas notícias que lhe foram trazidas. Festejou louvando a Deus e convida toda a Igreja a fazer o mesmo. As pessoas que aceitaram a Jesus e o Evangelho de Cristo fizeram a diferença, ainda que tímida. No entanto, o avanço da Igreja lhe trazia toda esta alegria e esperança para que bom caminho daquele que é Caminho, Verdade e Vida seja mantido.

Hoje sentimos falta deste entusiasmo genuíno. Quem ainda expressa alegria por ter encontrado sentido para sua vida a partir de Jesus Cristo? Paulo percebe que algumas pessoas que caminham junto com a Igreja ainda não experimentaram uma transformação em sua vida ou ainda não estavam suficientemente maduras na fé (v.10). Por isso convida que todos caminhem juntos. Uma dessas situações de falta de maturidade de fé acontecia no âmbito da morte (4.13-18) e Paulo escreve orientando para que observassem sinais do segundo advento de Cristo, sua volta gloriosa e escatológica.

É nesta certeza da transformação a partir da fé, na constante vigilância evangélica e na aguardada redenção eterna que as Igreja se move. Se move não no cumprimento de leis e regras, e sim no mandamento do amor. “Que o Senhor faça crescer e transbordar o amor que vocês têm uns para com os outros e para com todos” (v.12).

Concluindo
Prezado professor Dr. Brakemeier, mesmo que lhe pareça estranho ou improvável pregar sobre este texto, do ponto de vista pastoral este trecho da carta aos Tessalonicenses, faz todo sentido. Pregar sobre este texto também nos dias de hoje para toda e qualquer comunidade cristã é uma obrigação. Sei que o prezado professor também concorda comigo. É tempo de olhar para trás, ver os resultados da pregação do Evangelho de Jesus Cristo e observar que temos muitas alegrias para repartir e muita esperança a ser vivida.

Deus quer, e pode, firmar nosso coração, nossa vida, a vida de nossa sociedade, no Seu amor. O amor é a lei! Ela rege a vida da Igreja e das pessoas cristãs entre os dois adventos. Assim estamos livres da culpa e das amarras do pecado. Alcançar esta alegria é graça. É graça estar em estado de graça. E isso é alcançado quando voltamos nossos olhos para cima e aguardamos a vinda do Senhor. Isso alcançamos quando olhamos para a frente e ajudamos irmãos e irmãs caminhar o caminho da fé.

É Advento! Caminhemos o caminho do amor para sermos irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus com todos os seus santos” (v.13).

Amém!
 

( Veja sugestão de prédica do Dr. Brakemeier em https://www.luteranos.com.br/textos/1-tessalonicenses-3-9-13)
 


Autor(a): Pr. Rolf Rieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Rio de Janeiro - Martin Luther (Centro-RJ)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Tessalonicenses I / Capitulo: 3 / Versículo Inicial: 9 / Versículo Final: 13
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 65867
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Não há pecado maior do que não crermos no perdão dos pecados. Este é o pecado contra o Espírito Santo.
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