Culto da Reforma Mt 10.26-33

prédica para Dia da Reforma Mateus 10.26;33 autoria P. Me. Alexander Busch

31/10/2022

Estimada Comunidade,
 Esta história nos é conhecida, assim como para a maioria dos evangélicos de confissão Luterana. Lutero pertencia a uma ordem religiosa e, portanto, morava no mosteiro com outros monges. Naquele tempo a ênfase que ecoava nos púlpitos nas igrejas era do Deus juiz severo, muito exigente e pronto para condenar as pessoas ao inferno quem não cumprisse com rigor seus mandamentos. Por isso, o monge Lutero procurava de todas as formas agradar a Deus, para encontrar paz de espírito. Ele tinha muito medo do diabo e do inferno. Ele também tinha medo de Deus. Desde criança Lutero aprendeu a olhar para Deus como Deus juiz que castigava as pessoas em vida e as condenava após a morte. Assim sendo, Lutero buscava viver de forma mais correta possível. Mas, por mais que ele se esforçasse, sempre tinha a impressão de que ficava devendo a Deus. E isso o atormentava de tal forma como uma dor que não passa. O medo marcou profundamente a vida e a história de Lutero.
De medo também fala a história do evangelho de hoje. Ouvimos as palavras de Jesus. Estas palavras são parte segundo grande discurso que Jesus compartilha com seus discípulos. São palavras de preparação, de incentivo e de motivação para pessoas que assumiriam a tarefa de missão, de anunciar publicamente o evangelho, a boa notícia do Reino de Deus. Pessoas, entre as quais também nós estamos incluídos, nós, que somos seguidores e seguidoras de Jesus.
O que chama a atenção nestas palavras é que diversas vezes Jesus diz, “Não tenham medo!” ... “Não tenham medo!”. Por isto podemos perguntar, qual o motivo para o medo dos discípulos? Que ameaças e perigos eles encontrarão neste caminho do discipulado, do seguir Jesus, de viver e anunciar a sua boa notícia? Será que a missão para a qual eles estão sendo enviados é algo tão perigoso assim?
De certa maneira, sim. Pessoas dispostas a seguir Jesus e anunciar seu evangelho, muitas vezes se deparavam com oposição e resistência. Alguns destes seguidores de Jesus, futuros fundadores e líderes de comunidades cristãs, tiveram de lidar com a perseguição pelas autoridades. Tanto as autoridades do império romano como também as autoridades da cidade faziam oposição crescimento fé em Cristo. Houve resistência, perseguições, prisões, castigos públicos e, no caso de alguns, até mesmo a condenação à morte de pessoas. Naquele tempo, dizer que Jesus morto na cruz era o Cristo, o Messias, que ressuscitou, era considerado ilegal. Por isso, em muitos momentos nesta caminhada com Jesus, a comunidade enfrentava o medo, se sentia insegura quanto ao futuro, diante de reinos humanos que se impõem pela violência e medo.
Considerando este contexto, este ambiente de medo, podemos entender porque Jesus insiste em dizer aos seus discípulos: “Não tenham medo”! O medo silencia. O medo paralisa. Por isso, Jesus insiste para que o medo não seja uma ameaça para o anúncio do evangelho, que não seja um empecilho para se viver a fé em gestos e palavras, que não seja um muro de separação entre as pessoas e Deus.
Além de dizer, “Não tenham medo!”, Jesus também oferece aos seus seguidores e seguidoras palavras de animo, de coragem, de incentivo e motivação. A primeira delas é palavra em que Jesus assegura aos seus discípulos que o Reino de Deus alcançará dimensões que não se pode medir. A sua mensagem dita a aquele pequeno grupo, de forma escondida, terá uma grande força, que nada nem ninguém poderão esconder ou ocultar. O Reino de Deus anunciado por Jesus é maior do que o Império Romano ou qualquer outro governo humano. O reino de Deus é como uma pequena semente ainda, escondida na terra, mas que tem a promessa e a força de brotar, tornar-se visível e transformar muitas vidas. Jesus anima seus discípulos confiando a eles esta palavra. Tornando-os porta vozes, mensageiros dessa boa notícia do Reino de Deus, um reinado de amor, de solidariedade e de cuidado pelas pessoas.
A segunda palavra de ânimo de Jesus é que a vida pertence a Deus. Por isso, a comunidade, ao anunciar o Reino de Deus, pode enfrentar oposição e resistência com humildade e esperança, sabendo que Jesus lhes diz, “Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma”. Jesus assegura aos seus discípulos que nada será capaz de apaga-los da memória de Deus. A comunidade pode caminhar confiante de que mesmo que os mares se agitem e rujam, que os montes tremam violentamente, Deus continua sendo Deus – Deus que preserva a vida e que promove comunhão – que sustenta a cidade e seus habitantes, como nos afirma o salmo 46.
Jesus usa então a imagem dos passarinhos para falar do que Deus que valoriza e cuida das pessoas, de cada pessoa, “Não é verdade que dois passarinhos são vendidos por algumas moedinhas? Porém, nenhum deles cai no chão se o pai de vocês não deixar que isso aconteça.” Nos tempos de Jesus, os passarinhos, os pardais eram usados como oferta das pessoas mais pobres. E de fato eles valiam bem pouco. Era o valor de alguns centavos. Um valor insignificante. Assim, para Jesus, é certo que por mais insignificante que seja, nenhum desses passarinhos passa despercebido aos cuidados de Deus. Se é assim com os passarinhos, muito maior é o cuidado de Deus para com as pessoas que ele ama e envia para a missão.
Por fim, a última palavra de ânimo e de coragem, a última razão pela qual os discípulos não devem ter medo, é a palavra na qual Jesus confessa a sua fidelidade: “Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante do meu Pai.” Aqui, o próprio Jesus é consolo, ânimo e força. E o seu testemunho se fundamenta na promessa de que Jesus estará com eles, sempre, em todos os tempos, aconteça o que acontecer.
Também hoje, essas palavras de Jesus querem nos animar, encorajar e transformar. Quais os nossos medos? O que nos impede o testemunho do evangelho em palavras e ações? Qual o nosso contexto e qual o evangelho que Jesus nos chama a anunciar? O que nos deixa acomodados? Ou apreensivos?
Também hoje, Jesus quer nos animar, quer animar a sua comunidade para a confiança em Deus, confiança de que mesmo em dificuldades, Deus vai ajudar a encontrar saídas para nós. É certo que, assim como outros seguidores e seguidoras de Jesus, nós também temos obstáculos e desafios para encarar e enfrentar. Estamos na missão de anunciar em gesto e palavras o evangelho, num contexto, num mundo, entre reinos e poderes humanos que nem sempre acolhem de bom grado a palavra de Jesus e seu evangelho. Mas Deus em Cristo se faz presente entre nós e na vida de sua igreja. Por isto, mãos às obras! Vamos levar um pouco de luz às trevas deste mundo, vamos animar gente para seguir Jesus e participar de sua missão. Que as palavras de Jesus nos fortaleçam na comunhão e no anunciar o Reino de Deus. Pois diferente dos reinos que usam medo e violência para se impor entre as pessoas, Jesus anuncia o evangelho e nos chama para compartilhar a solidariedade, o cuidado, a paz, a verdade, a paz que somente o Reino de Deus verdadeiramente pode nos dar. Amém.
 


Autor(a): P. Me. Alexander Busch
Âmbito: IECLB / Sinodo: Rio Paraná / Paróquia: Maripá (PR)
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 10 / Versículo Inicial: 26 / Versículo Final: 33
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 70651
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1Reis 8.57
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