Ecumenismo da Paz

Artigo

01/08/2004

A romaria ecumênica tem paisagens que animam e confortam as romeiras e os romeiros. Uma das mais belas paisagens é a da educação para a paz. Neste cenário, as pessoas das mais diversas religiões se cruzam num encontro de beleza, tolerância e visão.

De acordo com o padre Marcelo Rezende Guimarães, existem cinco pressupostos básicos para a prática da educação para a paz:

a) Paz se aprende. A paz, possui um enquadramento cultural, portanto, está ligada ao ato de aprender, transmitir e educar.

b) A paz não é um estado, mas uma construção. A paz não é um estado dado, mas algo a ser instaurado e construído por nós, da qual não somos clientes ou beneficiários, mas os sujeitos e co-criadores.

c) A paz se constrói empoderando pessoas. A possibilidade da paz funda-se na habilidade humana, não apenas para agir, mas para agir em concerto, em conjunto, resultando num fortalecimento mútuo. O poder resultante será usado para resolver os conflitos sem o uso da violência, da coerção, da dominação, mas da negociação, da mediação e da prática do perdão.

d) A paz se constrói a partir da não-violência. Faz-se necessário criar pólos positivos de não-violência: A humanidade somente acabará com a violência através da não-violência, reiterava Gandhi. A não-violência, por um lado, significa a recusa do ódio e do que destrói o outro; por outro, implica a substituição por uma outra força, a força da verdade e do amor.

e) A paz se constrói num processo dialógico-conflitivo. Os conflitos são compreendidos como integrantes dos processos humanos. Determinantes são as formas como os conflitos são enfrentados e resolvidos: de forma violenta ou não-violenta. Neste contexto, a paz se apresenta como um conceito dinâmico que nos leva a provocar, enfrentar e resolver conflitos de uma forma não-violenta e cujo fim é conseguir a evolução das pessoas em suas relações consigo mesmas, com as outras pessoas e com a natureza.

Resulta daí que a não-violência ativa como forma de resolução de conflitos, não abre mão da luta, da agressividade; ou seja, não pode ser confundida com passividade, resignação diante dos poderes injustos. Mas, decididamente abre mão de usar as armas do inimigo, as armas da violência, pois este as domina melhor e sempre sairá vencedor. Aceitar a agressividade significa ver nela uma força vital que cada pessoa tem e que é necessária para superar os obstáculos e limitações próprios do cotidiano.

Nesta caminhada encontram-se inúmeras pessoas, das mais diversas classes sociais e tradições religiosas. Para as religiões cristãs, trata-se do encontro de shalom a paz social do testamento judeu, com eirene a paz pessoal do segundo testamento. Trata-se, sobretudo, de um encontro no perdão, sem legalismos, sem condenações prévias, mas baseado em ponderação, em auto-estima e alimentado na oração.

Carlos Musskopf
pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Diosece Informa - 08/2004


Autor(a): Carlos Musskopf
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense
Área: Ecumene
Natureza do Texto: Artigo
ID: 8675
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