Estudo 16 - Deus está presente ( CA XVIII)

Estudos da Confissão de Augsburgo

13/01/1980

ESTUDO 16
DEUS ESTA PRESENTE
(CA XVIII)

Ervino Schmidt

1. Tantas perguntas e... onde está Deus? 

Certo dia alguém me falou visivelmente preocupado: Cantamos com frequência o hino Deus está presente. Mas eu tenho grande dificuldade em notar algo dessa presença de Deus. Meu filho que eu tanto esperei, não chegou a atingir seu primeiro mês de vida. Lutamos muito! Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. Em vão! Onde estava Deus? 

Outro desabafo: Se vejo que, enquanto poucos percebem altíssimos salários, a grande maioria percebe salários não condizentes com a dignidade humana, eu me pergunto: 'Por que, Deus?' Se olho para o mundo, vejo muito pouco do fato de Cristo ter trazido a paz. Por que a paz não se consegue instalar entre nós? 

Você pode citar outros exemplos onde alguém sofre porque não pode notar nada da presença de Deus? 

2. Deus se manifesta 

Parece-me que muitos sofrem com a aparente ausência de Deus. Tantas perguntas! E a presença de Deus? Nós respondemos: apesar de toda experiência em contrário, Deus está presente! Deus se manifesta através do Espírito Santo. Claro, isso poderia parecer uma desculpa. Quem sabe, essa afirmação, por vezes, tenha mesmo sido usada como solução fácil para eliminar preocupações sérias. Tudo parece tão vago! Pelo menos à primeira vista. Mas, vejamos! 

No artigo XVIII da Confissão de Augsburgo as coisas não são vagas. Ao contrário, há ali afirmações bem concretas que podem ser um auxílio para todos guantes sofrem com a ausência de Deus. Esse artigo diz: 

O ser humano não é capaz de se tornar agradável a Deus, de temê-lo verdadeiramente, de crer nele e de expulsar as concupiscências inatas do coração sem a graça, o auxílio e a obra do Espírito Santo. 

Não chegamos a crer e nada são as nossas obras sem a ação do Espírito Santo! Assim, também de nada adiantam as nossas tentativas de querermos, por nossa razão ou força, vencer a ausência de Deus na nossa vida particular ou nas questões mais amplas que atingem a sociedade toda. Estamos aí completamente sem saída.

É o Espírito Santo quem nos ilumina. A Bíblia fala dele como de uma pessoa. Ele é pessoa. Ele fala, ensina, acusa, testemunha e persuade. Acende-se uma luz para nós e uma confiança inabalável toma conta de nós. Nosso coração se abre e se abrem também nossas mãos para o próximo. O que aqui experimentamos não é menos real que a situação de sofrimento da qual falamos acima. Deus torna-se ele mesmo presente, pois o Espírito Santo é o próprio Deus. Deus torna-se próximo, bem próximo de nós. Sim, nada nos pode ser tão próximo, pois o Espírito Santo nos preenche a partir do centro da nossa existência. 

3. O Espírito Criador 

Onde faço essa experiência? O Espírito Santo é doado através da palavra de Deus. Sob palavra de Deus imaginamos, em primeiro lugar, a Bíblia. Mas palavra de Deus engloba também a palavra proclamada de viva voz nos cultos, nos meios de comunicação e no testemunho pessoal. Muitas maneiras! Mesmo assim, o leitor talvez tenha feito a seguinte observação: Às vezes lemos ou ouvimos a palavra de Deus como se nada acontecesse. Mas, de repente, uma palavra ou uma frase se grava e não nos larga mais.

No mesmo nível, ao lado da palavra, estão os sacramentos. Neles — essa foi a firme convicção de Lutero — Cristo está realmente presente. A presença de Deus aqui, porém, tem uma dimensão mais acentuadamente comunitária e corporal do que na pregação. Deus está presente! 

O que nos diz tudo isso quanto ás questões colocadas no início? Estão eliminadas? De modo algum! Mas elas, agora, ocupam outro lugar. O mais importante agora é o Deus presente. Sua presença é mais forte do que tantas perguntas sem respostas. Luta-se para encontrar respostas e soluções, mas não mais sob a amargura do desespero! A presença de Deus não leva ninguém a cruzar os braços. Ao contrário, leva ao engajamento em favor de uma vida mais digna para todos os seres humanos. Precisamos ainda ver um outro aspecto: 

O Espírito Santo age como e quando quer (cf. CA V, estudo 5 desta série); isso o Novo Testamento expressa com as imagens do vento, do fogo e da pomba. O vento, por exemplo, sopra onde e quando quer. Ele não pode ser domesticado. A presença de Deus é prometida a todos. Todos poderão ter sua sede saciada. Receberão para beber, e isso ricamente. Mas há um detalhe: ninguém pode dar de beber a si mesmo. Às vezes se precisa esperar pacientemente. Por isso, a oração pela vinda do Espírito Santo é essencial para cada cristão, para toda a cristandade. Ela é a confissão do apóstolo Paulo: O homem natural nada percebe do Espírito de Deus (2 Co 2.14).

Então o homem natural não pode fazer mesmo nada? Não é isso que se diz na Confissão de Augsburgo. Vamos por isso voltar a uma outra passagem do artigo XVIII. 

4. A vontade do homem, onde fica? 

Quanto ao livre arbítrio ensinamos que o homem por um lado possui a faculdade de levar uma vida exterior honesta e de escolher entre as coisas que a razão compreende. 

Não se nega, portanto, a possibilidade de o homem fazer progressos consideráveis por meio do uso de sua razão. Pode construir a sua vida, do seu grupo, do seu país, e até mesmo do mundo de maneira nacional. A confissão luterana aqui dá mais liberdade ao homem do que se quer admitir. 

Admite-se uma capacidade de conduzir a vida bem ou menos bem. Mas quando se trata do relacionamento do homem com Deus, a Confissão de Augsburgo lhe nega categoricamente qualquer possibilidade fora da graça de Deus. Por isso a única atitude correta é orar: Vem, Espírito Criador! 

5. Sugestões para trabalho em grupo 

a) Estudar e comentar as seguintes passagens bíblicas: 

Rm 7.7-25; Rm 14.23; 1 Co 12.3; ICo 1.18; 2.16; 2.14. 

b) O que significa para o comportamento do cristão individualmente e para a Igreja como um todo a oração:
Vem, Espírito Criador? 

c) Ler e comentar a explicação de M. Lutero para o 3.° Artigo no Catecismo Menor. 

d) Quando temos o Espírito Santo? 

6. Hinos sugeridos 

Nr. 131: Deus está presente.
Nr. 76: Espírito Deus, ó Santo Senhor. 

Veja:

Confessando Nossa Fé – Estudos da Confissão de Augsburgo

A Confissão de Augsburgo (sem notas e comentários)


Autor(a): Ervino Schmidt
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Confessando Nossa Fé - Estudos da Confissão de Augsburgo / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1980
Natureza do Texto: Educação
ID: 19811
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