Hoje, se cumpriu a Escritura

29/01/2008

 

“Hoje, se cumpriu a Escritura...” (Lc 4.16-21)

Estamos em pleno período de Carnaval. Podemos ouvir, ao longe, os ensaios das baterias. È toda uma movimentação. Cada cidade se diverte a seu modo, de acordo com seus costumes. O que mais chama atenção são os desfiles e as fantasias. É uma época de alegria desenfreada, uma espécie de “adeus à carne”, Carnaval. Em seguida vem o período da Quaresma.

Pensei que para esse momento de passagem seria importante meditar sobre a afirmação programática de Jesus que orientará toda sua vida e obra. Refiro-me a Lucas 4, 16-21.

À primeira vista parece que aqui não temos nada de extraordinário. Deparamo-nos com o costume dos judeus de, no sábado, ir à sinagoga. Também não há nada de excepcional que Jesus se dispõe a ler e interpretar um texto da Escritura. Qualquer homem judeu podia fazer isso. “Então, lhe deram o livro do profeta Isaías”. Ele abre o livro numa passagem muito expressiva. E ele passa a ler: “O Espírito do Senhor está sobre mim (...) e enviou-me (...) para apregoar o ano aceitável do Senhor”.

E o extraordinário começa a aparecer. Jesus fala com autoridade última, fala no poder do Espírito. Aliás, o Evangelho segundo Lucas acentua de maneira especial o agir do Espírito Santo.

Nos primeiros capítulos Ele é o agente principal. Senão, vejamos: É o Espírito Santo que faz Maria tornar-se a mãe do Salvador. Esse mesmo Espírito desce sobre Jesus por ocasião do seu batismo. Assim ele é também guiado pelo Espírito no deserto.
E aqui o Espírito toma conta daquele que Deus escolheu para instaurar o tempo messiânico. É revestido de poder que Jesus diz:”Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir”.

As irmãs e os irmãos que agora lêem essas palavras “hoje se cumpriu”, sabem que já vivem no tempo salvífico inaugurado por Jesus. Percebem que aqui não se trata de um simples fato do passado. É um acontecimento que perdura no presente. Por isso, quando hoje, ouvimos ou lemos o Evangelho, se faz presente a libertação proclamada pelo profeta e concretizada na vida e ação do filho de Deus.

Como ungido e cheio do Espírito, Jesus se identifica: “Hoje se cumpriu a Escritura”.
Identifica-se como enviado do Pai. Isso significa concretamente:

1. Jesus  é enviado para “evangelizar os pobres”.Os pobres são os que estão de mãos vazias, os que sofrem privação e necessidade, os que sentem n o  próprio corpo que lhes falta o que é essencial para viver, os que têm fome e sede de justiça, os que foram
deixados à margem da estrada. Jesus veio para eles. Veio para lhes trazer o Evangelho,
a boa nova  que a sua pobreza acabou,  que eles são filhos e filhas do reino de Deus, que têm um Pai amoroso e que são irmãs e irmãos de Jesus para cuja mesa são convidados.

2. Jesus é enviado “para proclamar libertação aos cativos”. Cativos são as pessoas que
 vivem  sem liberdade. Não somente os que se encontram num cárcere. São antes, aqueles e aquelas  cuja liberdade foi destruída por poderes e poderosos que escravizam, mas também por vícios, doenças e desgraças e por sua própria natureza.
E tem mais... Nós mesmos somos nossos piores torturadores! A prisão que n s construímos com as grades do nosso egoísmo é a pior de todas as cadeias

3. Jesus veio  para “restaurar a vista aos cegos”. Cegos são os que não querem ver.
São incapazes de reconhecer a realidade. São as pessoas que tateando no escuro, fiando-se em sua luz própria, em sua inteligência, sua vã filosofia, se perdem em caminhos enganosos. Cego é quem perdeu o contato com a realidade de Deus

4. Jesus veio para “por em liberdade os oprimidos”. Mais uma vez: liberdade! Trazida por Jesus aos  que têm um  enorme peso para carregar, que se arrastam pela vida, que não conseguem andar leves, felizes e alegres. Ai dos poderosos que oprimem. Terão que se ver com Jesus! Mas, por outro lado, benditas as pessoas oprimidas e deprimidas que encontram o verdadeiro Libertador! Este não somente anuncia a liberdade. Ele põe em liberdade!

Aproveitemos bem esses dias da Quaresma para acompanhar os passos daquele que foi
obediente ao Pai, obediente até à cruz, a fim de “evangelizar os pobres, de “proclamar libertação aos cativos”,restaurar a vista aos cegos” e “por em liberdade os oprimidos”.
 
P. em. Ervino Schmidt
Porto Alegre/RS


Autor(a): P. Ervino Schmidt
Âmbito: IECLB
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7516
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