João 6.51-58

Prédica

15/08/2015

João 6.51-58

Prezada Comunidade:

As leituras bíblicas para este domingo nos querem orientar em nossa vida e fortalecer a nossa fé.

A Carta aos Efésios 5.15-20 nos alerta: Os tempos atuais são maus. Por isso não se pode perder as oportunidades que aparecem. Mas é preciso entender o que Deus quer que você faça. Qual a decisão acertada.

Para isso, essa parte da Bíblia recomenda três coisas:

1. Prestar bem atenção nas coisas, analisar a situação. Não ir no impulso, mas refletir os pros e os contras daquilo que está diante de nós.

2. Não se embriagar – bebida misturada com problemas geralmente leva a desgraça. Além disso, a bebida não te deixa pensar.

3. Animar-se uns aos outros – isso é ser agradecido pelas dificuldades que sempre são oportunidades de superação de crescimento. Deus quer ajudar a melhorar a tua situação, mas para isso ele precisa que você se abra e confie mais nele.

O Evangelho de Joao nos traz um problema – na sua comunidade - sobre a compreensão da Santa Ceia. Algumas pessoas da comunidade não conseguem entender porque celebramos a morte de Jesus? Nossos amigos equatorianos nos diziam: Como é possível que vocês brasileiros celebrem revoluções que vocês perderam? (Inconfidência, Farroupilha,...) Do ponto de vista militar, essas revoluções foram um fracasso.

Da mesma maneira, algumas pessoas da Comunidade de João diziam que celebrar a morte (o sacrifício) de Jesus na Santa Ceia é lembrar que a missão de Jesus foi um fracasso.

Se agora usamos a recomendação da Carta aos Efésios, de prestar atenção nas coisas, de analisar cada situação, então vamos ver que tanto a Santa Ceia, como as revoluções não foram um fracasso. Nas revoluções, o que celebramos são as ideias revolucionárias de liberdade e de justiça, que levaram muitas pessoas à morte na nossa história, mas essas ideias nunca morreram e nunca morrerão. Na Santa Ceia, Jesus lembramos que Jesus foi crucificado, mas também lembramos que Ele rompeu as barreiras e limitações da morte com a sua ressurreição. E Jesus não fugiu do mundo, não abandonou as pessoas com os seus problemas. Na Santa Ceia, revelamos onde está Jesus hoje (seu corpo e seu sangue) e onde ele quer ficar hoje (dentro de nós).

Por isso, a Santa Ceia não é um prêmio para aqueles que vivem bem. Isso é algo importante dizer. A Santa Ceia não é um prêmio. O pastor convidou uma senhora cheia de problemas familiares para ir ao culto e tomar a Santa Ceia. Ela respondeu que não iria, porque tinha muitos problemas, além disso havia pessoas na comunidade que ela também não gostava. Por isso, não podia tomar a Santa Ceia. Essa senhora pensa que a gente só pode ir ao culto quando tudo está bem. É um engano. Martin Lutero ensinava que a Santa Ceia não é para corações satisfeitos, mas para corações famintos.

Jesus não pergunta pelos nossos méritos para poder participar da Santa Ceia. O que Jesus nos pergunta é: - João(Maria), como vai a tua vida? E o João(Maria) responde: Vai mal, Senhor. Então Jesus pergunta: Para que melhore você vai ter que mudar algumas coisas em você mesmo, nas suas atitudes, no seu modo de ser. Voce precisa ser mais tolerante, mais prudente, menos ansioso, não querer tudo de uma vez, dar o tempo a cada coisa. Voce precisa pensar mais nos outros, ser mais solidário, mais justo, mostrar mais amor para as outras pessoas. Entao a tua vida vai melhorar. Voce quer isso, Joao? E J João(Maria) responde: Sim, Senhor, eu quero. Entao Jesus diz: Entao você esta preparado para a Santa Ceia, porque Deus quer estar junto de você e ajudar-te a melhorar a tua vida.

Santa Ceia não é um prêmio, uma conquista moral, mas é um princípio de vida. Jesus quer saber que você vai fazer daqui para frente. O passado ele te perdoa. O que importa para Deus é o teu futuro.

Jesus pediu a seus discípulos que comessem do pão e bebessem do vinho em sua memória. Ao comer do pão e beber do cálice, Cristo vem até nós. Ao nos alimentar do pão e do vinho na Santa Ceia, Jesus se torna parte de nosso corpo. Ele passa a participar intimamente de todos os aspectos de nossa vida. Quando tomamos a Santa Ceia, Jesus nos oferece novas forças para enfrentar a luta do dia a dia. Carne e sangue de Jesus nos querem alimentar espiritualmente para a vida aqui na terra e ao mesmo tempo carne e sangue de Jesus nos abrem as portas da vida eterna. Isso quer dizer que Jesus não tem somente palavras de consolo – mas ele se dá a si mesmo como força para a nossa vida aqui na terra e nos olhar para além desta vida. Na Santa Ceia, Jesus fica como que enxertado na nossa vida.

Na Santa Ceia, Cristo vem a nós. Isso nunca muda. O que muda é a nossa maneira de receber esse Cristo. Martin Lutero nos ensina que o sacramento (o sagrado) só acontece se nós recebemos dignamente a esse Cristo. Podemos ter o pão e o vinho, podemos lembrar as palavras da instituição da Santa Ceia, podemos estar reunidos na igreja, mas Jesus não vai invadir a nossa vida. Ele pede que eu o receba com fé. Se eu não tenho fé – então tudo isso não passa de pão e de vinho somente. Nada mais de especial acontece.

O que é receber a Santa ceia com fé?

Ao receber a Santa Ceia, como corpo e sangue de Cristo, isso significa que estarei disposto a produzir mudanças em minha vida. Na Santa Ceia, Deus faz uma aliança conosco e nós devemos também fazer uma aliança com Deus. Jesus quer a nossa confiança. Ele não deseja que cruzemos os braços e esperemos tudo dele. Confiança é saber que devo continuar lutando pela vida, mas que já não faço isso sozinho, mas com a presença de Cristo dentro de mim que me dará forças para enfrentar essa luta. Portanto, já não é fora de nós que vamos encontrar a Cristo. Quando eu volto para casa, depois do culto com Santa Ceia, Jesus vai comigo, porque agora ele está dentro de nós. E a partir da Santa Ceia Jesus está pensando no nosso futuro e devemos nós também fazer isso. A vida vai ser melhor daqui para frente. Ele quer melhorar a minha vida. Mas eu terei de fazer a minha parte, mudar algumas coisas difíceis dentro de mim mesmo. Se eu não mudar, tudo vai continuar igual.

Um descrente presenciou uma celebração da Santa Ceia e, quando viu a devoção e a seriedade dos comungantes, perguntou pelo significado daquele ato sagrado. Como resposta ouviu que o Deus dos cristãos purifica, dessa forma, os crentes de todos os pecados e toma morada ele próprio em seus corações. Quando, dias depois, aquele homem viu os mesmos cristãos novamente brigando uns com os outros, sentindo inveja uns dos outros, envolvendo-se em falcatruas e negociatas e deixando transparecer toda a sua ambição por riqueza e poder, disse com indignação: Vossa religião e vossa devoção são boas, mas vossa hospitalidade é nada, pois vocês somente ofereceram dois dias de hospedagem ao vosso Deus. (publicada em PL XIX por Osmar L. Witt).

Um dia desses abri uma das portas da prateleira na cozinha e dei de cara com um pão mofado. Era daqueles pães de sanduíche e eu tinha apenas comido quatro ou cinco fatias. Mais de 80 por cento do pão jogado fora, pensei. Logo me veio uma sensação ruim. A consciência me acusava ao lembrar que a poucos metros de mim havia gente passando fome. Quantas vezes pensei: Podia dar isso a alguém, mas o tempo se encarregou do estrago.

Talvez já tenha acontecido algo parecido com você... Sei que a fome é mais um problema político. Sei que os estudos de geografia econômica revelam que bastaria uma organização melhor e o mundo teria condições de alimentar uma população cinco vezes maior. Sei que o dinheiro gasto com pesquisas espaciais poderia resolver grande parte da miséria no mundo. Sei que muitos tratam um animal com melhores condições do que uma família inteira. Mas e eu? Quantas vezes descasco uma fruta exagerando no corte e coloco fora muitas vitaminas? Quantas vezes esqueço de agradecer a Deus pelo pão de cada dia, pensando que fiz para merecer?

Quando eu era pequeno e orava o Pai Nosso, sempre que a petição: O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DÁS HOJE... era proferida, me vinha a mente todos os tipos e formas de pães: milho, trigo, centeio, sanduíche, etc. Um dia meu pastor me explicou que pão de cada dia significava tudo o que precisávamos para o nosso sustento diário: comida, água, bom tempo (Sol, chuva, frio e calor), família, amigos, calçados, moradia, educação, TRABALHO, etc.

Já vi gente chorando de barriga cheia, reclamando de tudo. E eu, volta e meia, me incluo nesta lista. Já vi e ouvi pessoas dizendo: QUERIA DAR UMA SURRA EM QUEM INVENTOU O TRABALHO. Pois bem, tente marcar uma briga com Deus, pois foi ele quem inventou o trabalho. Nós deveríamos querer dar uma surra em quem inventou a fome, MAS NÃO SERIA FÁCIL BRIGARMOS CONOSCO MESMO. Ao invés de brigar, quem sabe a melhor atitude nossa seja desabafar e confessar: Perdão, ó Pai, quando vi tua mão me alimentando diariamente e não agradeci! Perdão, ó SENHOR, quando tive condições de ajudar e não fiz nada! Perdão, ó Deus, pela indiferença e pelo coração fechado! Perdão, ó Pai, quando deixei de agradecer pelo meu TRABALHO, pois graças a ele tenho o PÃO DE CADA DIA, que tu me dás para compartilhar . Amém.

(P. Nilton Giese)
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 6 / Versículo Inicial: 51 / Versículo Final: 58
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 34470
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Mateus 28.20b
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