Memória da Consulta Nacional de Experiências de Superação da Violência contra Crianças, Adolescentes e Jovens

12/12/2012

Consulta Nacional de Experiências de Superação da Violência
Contra Crianças, Adolescentes e Jovens

Lar Luterano de Retiros – Curitiba/PR, 22 a 24 de agosto de 2012


MEMÓRIA

Participantes:
• Aparecida Pignata Nunes, Centro Social Luterano Cantinho do Girassol (Sínodo Brasil Central);
• Joni Roloff Schneider, Sociedade Evangélica Pella Bethania (Sínodo Vale do Taquari);
• Fernandes Vieira dos Santos, Associação Beneficente Evangélica da Floresta Imperial – Lar Padilha (Sínodo Nordeste Gaúcho);
• Ingeborg Danila Eichwald, SERPAZ – Serviço de Paz (Sínodo Rio dos Sinos);
• Eloí Siegert Peter, CEDEL – Centro Evangélico Luterano Diaconal (Sínodo Rio dos Sinos);
• Rosana Rangel Machado Markus, GAD – Grupo Ação Diaconal (Sínodo Centro-Sul Catarinense);
• Isabel Cristina do Nascimento Carneiro, Programa Comunitário da Reconciliação (Sínodo Sudeste);
• Dirci Bubantz, IBML – Instituição Beneficente Martin Lutero Centro de Integração Martin Lutero (Sínodo Sudeste);
• Luciano Dantas Vale, Associação Beneficente Escola Para Vida (Sínodo da Amazônia);
• Méris Gutjahr, PROJEÇÃO – Jovens em Ação (Sínodo Paranapanema);
• Luiza Virgínia Oliveira Moraes, Comunidade Evangélica de Belém - Associação Mururé (Sínodo Espírito Santo a Belém);
• Davi Haese, PRÓ-LUDUS (Sínodo Espírito Santo a Belém);
• Gisele Puccini, CEI – Centro Educação Infantil – Missão Criança Canela (Sínodo Norte Catarinense);
• Nilson Vanderlei Weirich, Missão Criança Morro do Meio (Sínodo Norte Catarinense);
• Dirceu Fulber, Projeto Missão Vida (Sínodo Mato Grosso);
• Suzana Elisa Friedrich, AMENCAR – Associação de Apoio a Crianças e Adolescentes,
• Marilu Menezes, FLD – Fundação Luterana de Diaconia;
• Mauro Souza, SAC – Secretaria de Ação Comunitária;
• Leila Schwingel, SAC – Secretaria de Ação Comunitária – Coordenadora de Diaconia;
• P. Renatus Porath (Assessor);
• Cat. Marta Nörnberg (Assessora);
• Jeruza da Rosa Rocha (Bolsista da UFPel, Assessora);
• P. Jorge Schieferdecker (Sínodo Paranapanema);
• Rosane Philippsen (Sínodo Paranapanema).

Programa

Dia 22/08 Quarta-feira 23/08 Quinta-feira 24/08 Sexta-feira
Café 7:30 – 8:30 7:30 – 8:30 7:30 – 8:30
Manhã

Chegada 8h30 Meditação

8h45 Conceituação: criança, adolescente e jovem ao longo da história – Cat. Dra. Marta Nörnberg
10h intervalo
10h30 Trabalho em grupos: experiências de superação da violência por fase de vida
8h30 Meditação
8h45 Apresentação da SAC, FLD e AMENCAR
Possibilidades de continuidade: parcerias e trabalho em rede entre as organizações confessionalmente vinculadas
10h intervalo
10h30 Continuação
11h Avaliação e Celebração de enceramento.
Almoço 12:00 12:00 12:00
Tarde 14:00 Acolhida, abertura, celebração
15:30 intervalo
16:00 Contextualização bíblico-teológica da violência – P. Dr. Renatus Porath 13:30 Plenária: Experiências de superação da violência contra crianças, adolescentes e jovens
15:30 intervalo
16:00 Fechamento a partir dos relatos – metodologias de superação de violência

Partida
Janta 18:30 18:30
Noite 19:30 Diferentes tipos de violência contra crianças, adolescentes e jovens – Profa. Ms. Marilu Menezes 19:30 Continuação

Dia 22 de agosto – Tarde 

A abertura da Consulta Nacional de Experiências de Superação da Violência contra Crianças, Adolescentes e Jovens foi realizada pelo P. Dr. Mauro Souza, Secretário da Ação Comunitária. As pessoas participantes se apresentaram e na sequencia foram saudadas pelo P. Sinodal Jorge Schieferdecker, do Sínodo Paranapanema. Com o hino 333 (HPD2), “Estamos aqui Senhor” e a seguir, em forma de responsório o Salmo 122.1-9 deu-se início a celebração inicial. A Diác. Leila Schwingel conduziu o momento seguinte que consistiu na leitura, uma a uma, das frases nos lugares dos e das participantes. Estas frases curtas traziam situações de violência publicados na mídia, e, à medida que eram lidas, eram trazidas ao altar. A seguir, a Diác. Leila apresenta o documento “Motivações e Diretrizes para o Trabalho com Crianças e Adolescentes Empobrecidos na IECLB”, de 1993, documento fruto da Consulta Nacional do trabalho com Crianças e Adolescentes, leitura que foi feita em voz alta pelas pessoas participantes. A seguir foi cantado o Kyrie, “Pelas dores deste mundo”.

No momento seguinte as pessoas foram convidadas a participar da criação da arte do cartaz da Consulta. A partir das questões: Como acontece a superação da violência? Como ela acontece a partir de mim e do contexto onde estou? O grupo foi dividido em seis subgrupos para com estas perguntas orientadoras e materiais fornecidos, elaborar uma arte para o cartaz.

Partilha dos grupos:

Grupo 1 – Cartaz com as mãos e o caminho
O grupo destaca que, ao se falar de superação, a violência já aconteceu. Através do papel amassado dos bonecos, pretendem expressar que a violência aconteceu e deixou marcas. O protagonismo das crianças, adolescentes e jovens é o caminho, mas também é preciso amparo. A inversão de cores nas representações humanas é para lembrar também das questões de gênero.

Grupo 2 – Cartaz com o coração em volta do texto
O grupo conversou e expôs as ideias. Usaram o coração para simbolizar o amor, que condiz com a instituição cristã. O amor como agente de superação, na diversidade de homens, mulheres, crianças e natureza. Usaram também a borboleta por remeter à ideia de superação depois de ficar presa no casulo enquanto lagarta. Ao atingir a maturidade, ela reúne suas forças e consegue se transformar, num paralelo com o ser humano, que também é capaz de superar desafios e percalços. Embora na sociedade atual as situações de superação sejam pequenas e pontuais, é necessário buscar a justiça social e ambiental.

Grupo 3 – Cartaz desenho com as crianças brincando
Uma das formas que ajudam a superar a violência é com brincadeiras e proteção, que resultem em alegria.

Grupo 4 – Cartaz com representação humana e Bíblia bidimensional
No relato de uma das participantes do grupo, o Estatuto da Criança e do Adolescente no início era um livro de capa branca, estabeleceu-se então relação entre as crianças, o Estatuto e a Bíblia.

Grupo 5 – Cartaz com ramos e fitas
Na troca de experiências o grupo constatou que ficaram marcas profundas e cicatrizes. Violências vividas pelas crianças que nem sempre as identificam como tal.

Grupo 6 – Cartaz com mão, ouvido e olho
O grupo se sentiu provocado e passou por um processo. A constatação de que o tempo urge e não é possível só planejar ações sem colocá-las em prática. A superação deve ser vista como processo, de olhar e ver, ouvir e escutar e acolher hoje, não amanhã. Todos os sentidos com a atenção necessária para o outro, a outra.

Com a finalização das apresentações, P. Mauro pede a proteção e orientação de Deus para estes assuntos que tocam profundamente e o primeiro momento da tarde se encerra com a oração do Pai Nosso.

Na sequencia, P. Dr. Renatus Porath ao introduzir o tema: “Contextualização bíblico-teológica da violência”, afirmou sua convicção de que a Bíblia surgiu de uma profunda necessidade de sobrevivência. Suas palavras e escritos têm origem em situações de alto risco e violência. Tendo como pano de fundo o Antigo Testamento, mas sempre dialogando com a atualidade, mediado por autores como Hannah Arendt e Emmanuel Levinas, as pessoas participantes foram convidados a refletir sobre a banalidade do mal e o egoísmo como fonte de toda violência até chegar ao movimento de Jesus. O grande diferencial deste movimento para os demais é a proposta de paz num ambiente hostil e de dominação.

Dia 22 de agosto – Noite
Os “Diferentes tipos de violência contra crianças, adolescentes e jovens” foi a temática trazida pela Profª. Ms. Marilu Menezes, Assessora de Projetos da Fundação Luterana de Diaconia. Marilú desafiou o grupo à construção de uma resposta para a superação da violência, presente em todos os âmbitos e níveis sociais. Diante desse desafio e baseada em atuais reflexões nas organizações ecumênicas de apoio ao desenvolvimento e emergências, Prof. Marilu propôs um modelo de trabalho que leve em conta o bem estar integral do ser humano nos aspectos: social, biológico, mental, emocional, cultural, espiritual e material. Segurança, participação e desenvolvimento são as ideias para pensar metodologias, que possibilitem práticas de promoção do bem estar, numa abordagem integrada de direitos. 

Ao final dos trabalhos, participantes compartilharam suas impressões do dia, encerrando com uma oração conduzida pela Diác. Leila.

Dia 23 de agosto – Manhã
A meditação da manhã foi conduzida pela Cat. Joni Roloff Schneider, diretora da Sociedade Evangélica Pella Bethania. A partir do hino 323 (HPD2), “O Profeta”, o grupo vivenciou de forma dinâmica este canto, encenando-o. O tema da IECLB para este ano traz a comunidade jovem e a igreja viva, pessoas jovens de espírito porque são renovadas pelo chamado de Deus. Esta é a novidade e o chamado de Deus para Jeremias e todas as pessoas que respondem ao seu chamado: remover a ordem existente e instalar uma nova ordem. Este é o compromisso e todos e todas.

Após este momento de meditação, a Cat. Profª. Drª Marta Nörnberg trouxe uma conceituação sobre a criança, adolescente e jovem ao longo da história. Partindo do pressuposto que a infância foi inventada, a Cat. Marta refletiu sobre as imagens construídas que se têm sobre crianças, muitas vezes vistas como atemporais, ingênuas e dependentes. Atemporais, na idealização de crianças iguais em qualquer tempo e lugar; ingênuas no sentido de que não sabem e não têm condições de compreender fatos da vida, como a morte, por exemplo, e dependentes numa relação de total necessidade do adulto que medicaliza e higieniza as crianças ao extremo. Estes discursos generalizam e impedem o pensar sobre as muitas infâncias nos muitos “Brasis” dentro do país. Marta insta para que se fique atento para outras lógicas, outros pensares com crianças e adolescentes.

Após o intervalo, a Profª Marta analisou a produção da historicidade e das práticas e verdades utilizadas para o disciplinamento das crianças e produção da concepção do sujeito aprendiz, com vistas às várias formas de governar as crianças e as populações, por exemplo, a criança deixa de ser criança e passa a ser a órfã, o carente, a empobrecida, a vítima, etc. Esta é uma forma de historicidade que, construída ao longo do tempo, dificulta a compreensão do outro, da outra. O desafio é o contato, a relação, o ouvir. Perguntar e não somente sair interpretando. Daí a importância da pedagogia de Jesus, que coloca o outro, a outra como sujeitos ativos. Jesus pergunta antes: “O que você quer que eu faça?” É fundamental romper com a lógica estabelecida onde a criança não é sujeito; é dialogar com eles e elas, como protagonistas de suas vidas. A própria consulta poderia ser repensada em sua chamada como: “consulta nacional de experiências de garantia dos direitos das crianças, adolescentes e jovens”, dessa forma se teria o protagonismo esperado.

Dia 23 de agosto – Tarde
Dando continuidade, Cat. Marta relacionou, a partir de uma abordagem historiográfica da infância no Brasil, uma série de instituições e políticas públicas que atuaram sobre a infância e juventude. As crianças estiveram nas mãos, desde os jesuítas, passando pelos senhores de engenho, santas casas de misericórdia, orfanatos, tribunais, patrões, famílias, Estado, forças armadas, juízes de menores à sociedade civil. Com a abertura democrática, crianças e adolescentes passam da situação irregular a uma situação de proteção e direitos.
Apontou também os grandes problemas e tendências a serem explorados para reverter o quadro atual da infância e adolescência brasileira:
• 1º - a persistência do estereótipo do “pobre” simplificando os problemas sociais. Compreender esta clivagem dará condições de enfrentar o problema da violência, possibilitando criar alternativas e garantias dos direitos das crianças e adolescentes.
• 2º - a medicalização e a judicialização do discurso sobre infância pobre.
• 3º - a persistência da cultura administrativa correcional e caridosa. 

A seguir foi proposta a divisão em grupos que refletiram sobre as seguintes perguntas motivadoras:

1. Quais são as alegrias e dificuldades no trabalho que realizamos? Apontar para resultados e desafios em termos de praticas de superação da violência: na escola, na família, na comunidade, nos setores públicos, etc.

G1 Alegrias:
São muito maiores com os residentes do que com os cuidadores, funcionários e famílias;
Pessoas que adentraram crianças e hoje são profissionais na instituição; Possibilidade de transformação, com as crianças, adolescentes e famílias – houve mudanças nos últimos anos.
O trabalho com a participação dos adolescentes está trazendo bom resultado. Pequenas iniciativas que demonstram sentimento de pertença.

Dificuldades:
Como lidar com as drogas e a violência sócio familiar: O que fazer? Que subsídios têm? Como enfrentar?
Fazer a família participar da instituição?
Financeiramente deficitárias para criar projetos que auxiliam no protagonismo da criança, adolescente e jovem.

G2 Alegria de ser um espaço de acolhida e referência. De escuta e de dar voz.
Dificuldade em situações de impotência quando da agressão contra a criança; a violência dentro de casa.

G3 Alegrias:
O depoimento das famílias, o abraço dado pelas crianças.
Crianças com melhor desempenho na escola.
Melhor relacionamento familiar.
Crianças que tinham dificuldades no contato físico passam a buscar e dar carinho.
Por meio de temas transversais, as crianças conseguem ser alertadas e/ou tomas atitudes que evitam assedio/violência sexual.

Dificuldades:
Quando há profissionais qualificados, esses não conseguem perceber a realidade do público alvo. Falta compromisso.
Limitação de recursos financeiros impede a contratação de profissionais mais capacitados ou descontinua trabalho iniciado.
A expectativa da família é diferente do que se oferece.

G4 Alegrias:
Saber que se não realizássemos o nosso papel, muitos perderíamos nesta caminhada.
Saber que no momento em que estão sendo atendidos estão isentos de práticas de violência.
Maior escolarização dos educandos.
Ser ator e promotor de Direitos Humanos.

Dificuldades:
O Estado assumir seu papel de protagonista nas ações (sic).
Desrespeito à vida em geral no que tange os Direitos Humanos.
Sociedade não vê como importante.

G5 Alegrias:
Perceber as capacidades integrais que existem em cada indivíduo.
A juventude procura “jogos da paz”.
Ver os sorrisos (e é ilimitado emocionalmente).
Ver a alegria e a abertura afetiva, a aproximação da família.
Ver o espaço em que atuo tornar-se um lugar seguro.
Quando há o reconhecimento de outros espaços e instituições.
Desafio: estar ao alcance da relação.

2. Quais são os instrumentos de registro das histórias e das reflexões que as pessoas envolvidas (crianças, adolescentes, jovens, familiares, educadores, educadoras) fazem?

G2 Registro de atividades: escrito e fotográfico feito por educadores e coordenadores.
Fazer a escrita das crianças e da família.

G3 Planejamento dos oficineiros é feito com coordenadores pedagógicos e no final da oficina fazem um relatório das atividades e dos avanços no processo.
Relatório avaliativo. Crianças, adolescentes e mães também avaliam.
Reuniões mensais (ou trimestrais) com relatos para a Diretoria, onde as ações são avaliadas, repensadas, mas não existem instrumentos de registro das ações.

G4 Registro das histórias de vida em caderno a partir do relato da criança e do adolescente, assim como o relato de observações importantes doa acolhidos.
Escrita em caderno para registro de acontecimentos de rotina e informações gerais. Muitos dos assuntos são debatidos em reunião coletiva.

G5 Diferentes equipes fazem um cadastro único – de família.
As diversas pessoas da instituição exercem outros espaços.
As diversas queixas são transformadas em demandas.
Fotos, registros de atividades, livro.

G1 Relatórios, caderno de acompanhamento diário, pasta da documentação.
Falta uma sistematização das historias, experiências.
Questionário com a família, ficha de saúde, exames médicos.

3. Identificar práticas que fomentem o protagonismo do público na gestão de conflitos na própria instituição. Existem mecanismos de queixas? De denúncia? De discussão?

G3 O planejamento de algumas oficinas é feito com a participação dos adolescentes, levando em conta desafios detectados.

G4 No Grupo Escoteiro > corte de honra: reunião da patrulha onde discutem problemas diversos do mesmo, de comportamento, etc., e os jovens mesmos propõem as soluções.

Grupo de Protagonismo: uma vez por semana os adolescentes se reúnem com o facilitador (educador) para debater assuntos da juventude. Estes jovens já articulavam ações práticas na sociedade. Ex.: Caminhada para chamar a atenção da violência sexual; e ações voltadas ao meio ambiente com cartazes e visitas nas casas, camisetas.

G5 A escuta qualificada.
Buscar o envolvimento.
Buscar um espaço para propiciar a própria resolução do conflito.
Em caso de destruição de espaço físico: “arrumar sozinhos ou buscar ajuda da família?”

G1 São feitos encaminhamentos, denúncias aos órgãos competentes.
Ouvir, acompanhar, colocar-se à disposição para ajudar.
Entrar em contato com a família.

G2 Direção encaminha para assistência social.
Educador media a situação quando a criança faz queixa ou os pais procuram coordenação do projeto.

4. Quais são os tempos e espaços contínuos de formação na instituição?

G4 Toda semana existe uma reunião pedagógica para debater assuntos inerentes ao trabalho, participação na gestão da instituição. Nesse espaço por vezes participam técnicos convidados para auxiliar na formação de determinados temas.

G5 ---
G1 Parada técnica uma vez por mês, com várias temáticas.
Levar para cursos de capacitação no município/estado/igreja.
Semana pedagógica, palestras.
Motivação para realização de cursos universitários.

G2 Formação oferecida com entidades parceiras.
Encontros preparatórios para oficinas.
Paradas pedagógicas (mensais ou bimestrais).
Formação continuada oferecida pela Secretaria de Estado da Educação.
Modificação PPD.

G3 Em alguns casos, mensais, em outros semanais, com planejamento feito em conjunto com educadores. Participação nos cursos oferecidos pelas Prefeituras.

5. E as Igrejas? E a teologia luterana? Que imagens de criança e jovem têm auxiliado na produção de processos de disciplinarização, de normalização, de exclusão? Que imagens têm auxiliado na garantia dos direitos das crianças e adolescentes?

G5 É necessário aproximação maior da comunidade com a instituição, falta uma participação maior.
Sentimos uma “não-legitimidade”, que as nossas demandas não são atendidas com o mesmo valor do que na paróquia. Se algo diferente é construído é visto como gasto. As entidades não participam das instâncias decisivas.

G1 Na IECLB, quem tem lugar são os filhos dos membros, mas os da instituição não participam nos espaços da igreja. “Cada um no seu quadrado”.
Há grande falta da igreja em nossas instituições.
Usar a imagem de Jesus Cristo como pedagogo que vem ao encontro das crianças e as coloca em seu colo.
Usar a teologia de Lutero que deu valor à educação formal da criança e a educação da fé na família. Deu ênfase na educação de meninas e meninos.

G2 As crianças e jovens dão testemunhos, compartilhando o que receberam.
Plantar a semente nas crianças, ensinar princípios cristãos.

G3 Trabalha-se dentro da pluralidade trazida pelo público a respeito das crenças. Nos momentos de reflexão e celebração não se apresenta a confessionalidade.

G4 Ao mesmo tempo em que a igreja precisa demonstrar que as ações desenvolvidas têm origens luteranas, temos, por outro lado, a necessidade de não focar unicamente nesta publicização (sic) da logomarca da IECLB.
Deve-se trabalhar os valores de maneira ecumênica, pois nosso publico é diverso.
A IECLB não deve infantilizar o seu público, deve-se ter a liberdade de pensamento, e a liberdade como conteúdo principal do Evangelho.

Após os relatos dos grupos em plenária, mais alguns comentários relacionados ao trabalho em grupo:

 Vemos uma luz no final do túnel, há OASE’s que estão visitando as creches e estão conversando com as crianças e ouvindo suas necessidades.
 Nos nossos trabalhos temos muito mais pessoas de outras denominações do que luteranos. Mas também uma diaconia muito mais interna do que externa.
 A importância dos voluntários: o projeto funciona apesar da igreja.
 Apesar dos estereótipos, espaços tradicionais da igreja como OASE também são importantes, também podem ser libertadores.
 Se pensarmos no próprio conceito de diaconia, ela também tem esse papel dentro da igreja. Mas também temos um papel de profetas na comunidade, vila, etc. Espaços como este momento de encontro possibilita trazer estas questões, estas nossas angústias para que possamos em conjunto transformar. A pergunta é: quais ações que podemos propor? Que compromisso assumimos como grupo reunido?
 Olhando para as perguntas: Qual a forma de acesso que as crianças têm aos registros, como elas contariam as suas experiências? Pensar, não como forma de controle, mas como forma de crescimento. Exercitar a memória, sistematizar e ressignificar.
 Ao lidar com situações entre educadores e família, buscar colocar-se no lugar do outro, tratar com seriedade.
 Quanto aos espaços de formação. Que espaços de formação? Porque as crianças gostam dos escoteiros, da capoeira, da música? São pequenas ações que podemos fomentar, como as mulheres indígenas e OASE que se encontram. O maior desafio é o contato com o outro, a relação.
 Também dentro da igreja temos um olhar, uma motivação inicial de olhar o outro como vítima, empobrecido... a burocratização também fragilizou a relação entre os membros das comunidades e as instituições.
 Precisamos exercer a compaixão, não basta somente ser caridoso; é preciso se compadecer, se deixar tocar, para então pensar na responsabilidade, que de alguma forma também somos produtores de desigualdade, de violência e nem somos sensíveis para ouvir. Triste é quando não mexe com as pessoas. Que bom que incomoda, podemos então dar o passo seguinte.
 A equipe também fica fragilizada com a demanda, por isso é importante o momento de cuidado, de atendimento, de cuidar de quem cuida.

Dia 23 de agosto – Noite
Fechamento a partir dos relatos – metodologias de superação de violência
Considerações da Cat. Drª Marta Nörnberg sobre os dezoito questionários respondidos para a Secretaria de Ação Comunitária: (as considerações serão enviadas posteriormente para serem anexas à memória).
 Os programas que queiram garantir direitos das crianças têm que investir nas famílias dos envolvidos.
 Para educação há vários programas governamentais e deveria ser papel da escola garantir a aprendizagem. É um ponto importante a se pensar: será que continua sendo nosso papel atuar na educação?
 Espaços de ações diferenciadas da escola para que a criança e adolescente tenha outras vivências e outras oportunidades para construção da cidadania.
 A forma como você olha a educação é o fio vermelho condutor.
 A missão deve deixar claro para a sociedade qual é o meu foco, deve ser mais pragmático. Precisamos nos reconhecer objetivamente na missão.
 A instituição precisa falar sobre o que está na rua, falar sobre as drogas, não basta só retirar das ruas.
 Reforço escolar e políticas afirmativas: começar a ir bem na escola é uma chave de transformação na vida da criança.
 Estamos longe da permanência com aprendizagem na escola, e precisamos sim, fazer incidência na educação.
 Se estamos entendendo que queremos ações educativas com as crianças, alguns verbos não se aplicam mais, por exemplo, proporcionar, etc.
 A importância do planejamento. É um investimento que se faz necessário, por causa da fragilidade da obtenção de recursos externos, mas também para o fortalecimento das ações internas.
 Nossos espaços ainda são muito hostis para as crianças, numa lógica de que qualquer coisa serve para a instituição.
 Somos muito suscetíveis ao ambiente que nos constrói e permite construir algo diferente.
 Ampliar a rede de proteção para dentro da igreja, e a rede entre as instituições para garantia dos direitos das crianças, adolescentes e famílias.
 Como diríamos hoje, com em vez de para e sobre...

Dia 24 de agosto – Manhã
Possibilidades de continuidade: parcerias e trabalho em rede entre as organizações confessionalmente vinculadas.
No primeiro momento da manhã foram apresentadas as instituições parceiras na promoção desta consulta: A Fundação Luterana de Diaconia foi apresentada pela Profª. Ms Marilu Menezes, assessora de projetos da instituição. A AMENCAR, apresentada pela Secretária Executiva, Srª Suzana Elisa Friedrich. A Secretaria de Ação Comunitária foi apresentada pelo seu titular, P. Dr. Mauro Souza, juntamente com a Coordenadora de Diaconia da IECLB, Diácona Leila Schwingel.

Observações/sugestões
 Precisamos saber quem está nos conselhos de diaconia, e que estas pessoas têm a responsabilidade de fazer chegar informações aos interessados.
 As informações ficam travadas, retidas nos Sínodos.
 Tem demandas que estão muito centradas na SAC, mas poderiam estar mais ligadas, articuladas com a Secretaria de Formação.
 Formação e Diaconia precisam se aproximar.
 Temos que tentar nos conhecer, ter algo em comum com as pessoas, falta nos conselhos de diaconia caminhar junto.
 É um desafio muito grande onde estamos com as demandas e as estruturas arcaicas.
 Temos que pensar na formação/avaliação de ministros e ministras quanto ao trabalho diaconal.
 Constituir uma rede, uma lista, para que as informações cheguem diretamente às instituições. Não ficar dependendo dos representantes nos conselhos unicamente.
 Uma rede de diaconia que passa pela comunicação, na perspectiva que seja para toda a sociedade civil, não só para luteranos e luteranas.
 Esta rede teria que ter um espaço físico, não só virtual. Espaço de formação. Como princípio a sustentabilidade partilhada, onde uns vão dando suporte e segurança aos outros. Se todas as instituições ficarem abrigadas sob um mesmo “guarda chuva” ficam mais fortes.
 Precisamos sair daqui com uma ligação maior.
 Falta uma política clara dentro da IECLB. Dividir isto com as outras setenta instituições num próximo encontro, para se reunirem, se encontrarem – construir uma política.
 O grande problema são as instituições que estão afastadas por diversos motivos. É preciso chamá-las e pensar a gestão destes trabalhos diaconais.
 De certa forma a AMENCAR tem sido instigada pela IECLB para ser um espaço de buscar recursos de forma articulada.
 Buscar fortalecer o tripé instituição, IECLB e parcerias.
Após estas considerações, as pessoas participantes responderam a uma avaliação da consulta que consistiu das seguintes perguntas motivadoras:
• O que me fez pensar.
• Como eu me senti.
• Que ferramentas/aprendizado levo comigo.
• Com que me comprometo na continuidade na caminhada pela paz.

Por último, foi realizada uma celebração a partir dos subsídios da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência, que marcou o encerramento da Consulta Nacional de Experiências de Superação de Violência contra Crianças, Jovens e Adolescentes. Após a bênção e o envio, participantes seguiram para o almoço de despedida.

Anotações e sistematização: Teol. Rosane Philippsen

Revisão final: Diác. Leila Schwingel e P. Mauro Souza

Porto Alegre, RS, 12 de dezembro de 2012.
 

REDE DE RECURSOS
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Louvem o Senhor pelas coisas maravilhosas que tem feito. Louvem a sua imensa grandeza.
Salmo 150.2
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