Mensagem para uma Comunidade desanimada!

15/03/2024

Hebreus 5.5-10

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai – que nos ama e nos cuida com amor de mãe, e a comunhão do Espírito Santo permaneçam no meio de nós. Amém.

Prezada Comunidade!
A carta aos Hebreus vem de uma comunidade, que a cada dia vai perdendo membros. Parece que a Comunidade dos Hebreus estava cansada pela simplicidade da liturgia cristã, já não queriam mais ter com os cultos nas casas, onde o principal era recontar as histórias de Jesus e repartir o pão.
Os primeiros cristãos - em sua maioria - eram judeus convertidos. E os judeus estavam acostumados com as esplêndidas e vistosas celebrações no Templo de Jerusalém, onde estavam presentes dezenas de sacerdotes e levitas, onde havia cantos, música, ritos impactantes, nuvens de incenso e ritos de purificação com água. A religião dos judeus era bem pomposa e fazia grandes peregrinações nacionais, que aconteciam principalmente nas grandes festas e que reuniam gente de todo o país e até do exterior.

As comunidades cristãs – no entanto - tinham eliminado tudo isso.

Os primeiros cristãos foram perseguidos pelos líderes judeus e, por isso, não costumavam frequentar nenhum templo. Jesus mesmo disse a mulher samaritana que Deus não se encontra no templo, mas no coração de cada pessoa (João 4.21-23).

As primeiras comunidades cristãs ensinavam que Jesus pedia deles que vivessem como irmãos, que se ajudassem mutuamente, até a segunda vinda de Cristo. Por isso, as cerimônias do culto cristão nas casas não tinham nada de espetacular. Inclusive a Santa Ceia - que se celebrava cada domingo nas casas de família, não se distinguia muito das refeições familiares do dia-a-dia.

Essa simplicidade dos cultos cristãos causou uma frustração no ânimo das pessoas que estavam acostumadas com a pomposidade dos cultos no templo.
Outro problema que apareceu na Comunidade dos Hebreus foram os rumores que diziam que Jesus não podia ser o verdadeiro Messias, porque ele não era sacerdote.

A tradição religiosa judaica dizia que no fim dos tempos Deus enviaria três grandes personagens para salvar o seu povo: profeta, um rei e um sacerdote. Em Deuteronômio 18.18 diz: Do meio deles escolhei um profeta que será parecido com você. Darei a esse profeta a minha mensagem e ele dirá ao povo tudo o que eu ordenar. A promessa de um futuro rei está em II Samuel 7.12 onde Deus manda dizer ao rei Davi: Quando você morrer e for sepultado ao lado dos seus antepassados, eu colocarei um dos seus filhos como rei e tornarei forte o reino dele. E finalmente a promessa de um futuro sacerdote para os últimos tempos foi feita por Deus ao sacerdote Eli em I Samuel 2.35: Escolherei para mim um sacerdote fiel, e ele fará tudo o que eu quero.
Jesus foi reconhecido como um profeta ((Mc 9.8 e Lc 7.16). Também foi reconhecido como rei que vem em nome do Senhor (Lc 19.38 e João 12.13). Mas nunca ninguém viu em Jesus um sacerdote. Aliás para ser sacerdote era preciso pertencer a tribo de Levi e Jesus pertencia a tribo de Judá. Portanto, Jesus não poderia ser sacerdote, segundo a tradição do Judaísmo.

Foi assim que a comunidade dos hebreus foi encolhendo. Tinham saudade do grande templo, das antigas celebrações grandiosas, dos ritos, dos sacrifícios. Os cultos que se faziam nas casas eram cada vez menos frequentados.

Foi nesse contexto que no ano 90d.C. surgiu a carta aos Hebreus com um ensinamento totalmente novo, que dizia que Jesus sim era um sacerdote. Mas como poderia ser sacerdote se Jesus nem era da tribo de Levi? perguntaram alguns.
Nos capítulos 7 e 8 a carta aos Hebreus explica que Jesus era um tipo diferente de sacerdote, que Jesus não pertencia a tribo de Levi, mas sim a ordem de Melquisedeque, pois assim está escrito no Salmo 110.4: O Senhor Deus fez este juramento e não voltará atrás: Você será sacerdote para sempre, na ordem do sacerdócio de Melquisedeque.

Mas quem era Melquisedeque? Em Gênesis capítulo 14, ali se fala de um sacerdote de Jerusalém que certo dia foi ao encontro de Abraão e o abençoou. Esse Melquisedeque era considerado o verdadeiro sacerdote de Deus e, por isso, nunca morreu. E a única pessoa que reuniu as mesmas características de Melquisedeque e que ressuscitou dos mortos – tornando-se eterno, foi Jesus.

Portanto, Jesus é um sacerdote superior aos sacerdotes de Israel, pois os sacerdotes levitas são passageiros, transitórios, um dia todos eles morrerão, enquanto que Jesus é eterno. Os sacerdotes de Israel, antes de oferecer sacrifício pelos pecados das pessoas, tinham que oferecer um sacrifício pelos seus próprios pecados. Jesus Cristo não precisava oferecer sacrifício pelos seus pecados, porque ele era puro e santo. Os sacerdotes de Israel ofereciam sacrifício de animais – todos os dias. Jesus Cristo realizou um único sacrifício, que foi entregar-se a si mesmo por amor, e por isso, com seu próprio sangue ele pode purificar toda a humanidade e perdoar todos os pecados sem necessidade de novos sacrifícios. Os sacerdotes de Israel oficiavam o culto em um templo terreno, construído por mãos humanas. Jesus Cristo é o sacerdote do templo do céu, o santuário eterno, onde habita o próprio Deus.
Portanto, a mensagem da carta aos hebreus nos diz que Jesus é o sacerdote do templo do céu.

E que nós – um dia - vamos entrar nesse templo no céu para adorar a Deus. Essa é a promessa que Jesus nos fez no dia de nosso Batismo. Lá no céu, lá sim, vamos entrar num templo maravilhoso.

Mas, enquanto esse dia não chega, Jesus nos deu a tarefa de sermos pequenos sacerdotes e sacerdotisas já aqui nesse mundo. Nossa principal tarefa é falar de do amor de Deus, do arrependimento, do perdão dos pecados e da salvação que nos é oferecida por Jesus Cristo, o Filho de Deus. E que ao fazer isso, Deus vai santificando pessoas e os lugares onde estivermos.

Por isso, Jesus nos pede que sejamos sacerdotes/sacerdotisas na nossa casa, na nossa família, no lugar onde trabalhamos e no mundo onde vivemos. Jesus quer que santificar pessoas e lugares com a sua presença nesse mundo. Porque onde Deus está presente, ali as pessoas pensam mais umas nas outras, serão pessoas que buscam semear a paz, a harmonia e que oram e cuidam umas das outras. E a carta aos hebreus nos diz que Deus vai gostar de ouvir as orações das pessoas que dedicaram suas vidas a Ele.

Por isso, é muito importante aquilo que nós levamos conosco depois de cada culto. Aqui no culto somos todos irmãos e irmãs, nos alimentamos da Palavra e dos Sacramentos, mas ao sair da igreja, no dia a dia, nós devemos ser sacerdotes e sacerdotisas de Jesus no templo do mundo, que é a nossa casa, nossa família e os lugares onde estivermos. Que essa mensagem fortaleça a nossa fé e nos lembre sempre que nós somos sacerdotes e sacerdotisas de Jesus, - não para viver na pomposidade dos sacerdotes deste mundo - mas com a missão de anunciar o amor de Deus.

Que assim, a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai – que nos ama e nos cuida com amor de mãe, e a comunhão do Espírito Santo permaneçam no meio de nós. Amém.
 


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Paranapanema / Paróquia: Curitiba - Igreja de Cristo
Testamento: Novo / Livro: Hebreus / Capitulo: 5 / Versículo Inicial: 5 / Versículo Final: 10
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 72489
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Salmo 86.5
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