O ecumenismo entre flores e espinhos

Artigo

01/04/2003

Apesar das manifestações contrárias à intervenção armada no Iraque, o governo norte americano tem revelado surdez e indiferença com conseqüências trágicas. Os apelos em favor da paz contra a miséria da guerra foram organizadas por largos segmentos da sociedade: estudantes, movimentos pacifistas, igrejas e comunidades cristãs e não cristãs, entre outros.

Na cidade de Joinville, o assunto tem preocupado igualmente as lideranças eclesiásticas de todas as cores confessionais. À semelhança dos protestos repudiando a guerra e o confronto armado, existiram no passado outras ações conjuntas motivadas pela situação de injustiça e desigualdade, de fome e de desumanidade na América Latina, em geral, e no Brasil de modo especial.

Muitas vezes, reuniram-se representantes das Igrejas, sobretudo das igrejas históricas: católica romana, luterana, metodista, presbiteriana visando à práticas comuns. São muitas as tentativas de caminharmos em conjunto na perspectiva da promessa do Reino de Deus. O Evangelho de Jesus Cristo, a promessa de vida nova, as ações práticas do amor, a oferta da reconciliação e da justiça, assim como o anseio por liberdade e dignidade humanas são fundamentos sólidos à coexistência. Foram muitas as ações inspiradas no testemunho da Bíblia e no exemplo de Jesus Cristo que serviram de bússola ao ecumenismo brasileiro. Os diálogos focalizando os grandes temas doutrinais, por exemplo, a reflexão sobre a eficácia dos sacramentos, o conceito sobre igreja e ministérios, as questões relativas à tradição, à salvação e às boas obras aconteceram sob a responsabilidade dos teólogos e líderes das igrejas interessadas.

Com certeza, não dá para descuidar o que a tradição das doutrinas tem representado para as diferentes igrejas. As ações práticas em favor de um mundo mais fraterno, mais humano, onde a paz e a justiça se beijam (Salmo 85.10) permanecem subordinadas aos conteúdos doutrinários que orientam a caminhada das igrejas. Nenhuma igreja tem condições de existir sem valorizar a tradição confessional.(Brakemeier). Sem deixarmos de considerar as nossas tradições confessionais, é preciso fortalecer os esforços conjuntos entre as igrejas para se engajarem em favor da justiça, da integridade da criação e da paz.

Um mínimo de consenso necessário nas questões doutrinárias revela maturidade e, por causa da fé, tem possibilitado ações conjuntas entre as diversas comunidades cristãs, assim também entre a Diocese Católica Romana e o Sínodo Norte Catarinense, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Em busca de credibilidade, em meio à sociedade humana tão questionadora em relação às estruturas da Igreja e, apesar das experiências de flores e de espinhos, em questão de assuntos da fé, é responsável e, sobretudo evangélico, construir caminhos em conjunto. Para a realização desses propósitos, nos inspiramos na oração sacerdotal de Jesus Cristo: para que todos sejam um (João 17. 21).

Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Diocese Informa - 04/2003


Autor(a): Manfredo Siegle
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense
Área: Ecumene
Natureza do Texto: Artigo
ID: 8656
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