O Papa, os jovens e nós

Simplicidade e carisma

01/09/2013

   O Papa Francisco pode ser entendido por todos. Os seus gestos falam mais que os seus discursos. A sua proximidade com os pobres e com os jovens tem sintonia com as grandes manifestações de rua ocorridas no mês de junho, no Brasil, e outras que antecederam a estas, mundo afora, em busca por democracia. Ele esteve em uma comunidade pobre do Rio de Janeiro, onde beijou crianças e visitou pessoas que vivem em casas muito simples, que chamamos de favelas.

   Mesmo portando um peso institucional tradicional, cujo cargo tem quase 2 mil anos, isto não o impediu der ser simples e elegante, se comunicando por meio de gestos com dois segmentos pouco compreendidos: pobres e jovens. O fato de ser dirigente de uma instituição cujos integrantes estejam envolvidos em escândalos fi nanceiros e sexuais não o inibiu de levantar a voz ao lado dos jovens que exigem ética na política e ser misericordioso com homossexuais.

A mensagem foi além do catolicismo

 

   Talvez o discurso do Papa tenha chegado tarde para o catolicismo. As Igrejas pentecostais já buscaram para si grande parte dos pobres do Brasil. Estes, certamente, não voltarão para a mãe Igreja. Mesmo assim, a sua mensagem foi além do catolicismo.

   Estou convencido que os movimentos de jovens e os pobres do nosso mundo não encontram nas nossas instituições guarida para as suas dores, esperanças e alegrias. As instituições políticas, jurídicas, públicas em geral e eclesiásticas não são sensíveis às dores e às alegrias dos jovens e dos pobres. Limitam-se a atender as classes médias e altas, que são minorias. Sem respostas para as suas demandas, os que não têm instituição criam novos espaços de pertença nos templos nas periferias.

   São explorados e manipulados? Pode ser! No entanto, acreditam que é melhor se sentir explorado e desconsiderado em um espaço próprio.

    A simplicidade do Papa Francisco e as demandas dos jovens e dos pobres questionam as nossas instituições elitizadas. Papa Francisco é representante de uma instituição pesada, mas o seu carisma tornou leve a comunicação. Graças a esta proximidade com o povo e com os jovens, terá força para enfrentar outros dilemas da sua instituição.

   Assim como Deus se esvaziou do seu poder em Jesus (Filipenses 2.5-11), tornando-se um de nós, da mesma forma as nossas instituições precisam se esvaziar de si mesmas se quiserem se aproximar dos jovens e do povo simples.

 

P. DR. ONEIDE BOBSIN
Reitor da Faculdades EST

Senhor, tu és bom e compassivo, abundante em benignidade para com todos os que te invocam.
Salmo 86.5
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